Isolados: suspense promete abrir as portas do cinema brasileiro para o gênero
Thriller protagonizado por Regiane Alves e Bruno Gagliasso é inspirado em produções estrangeiras como 'O Iluminado' e 'Anticristo' e estreia no dia 18 deste mês
“É uma personagem muito triste, uma história pesada. Eu até ia fazer outro filme depois mas acabei desistindo, preferi viajar para espairecer”, diz Regiane Alves.
Foto: Luis Paulo Mendes
Com estreia prevista para 14 de setembro, o filme Isolados, do diretor Tomás Portella (que também dirigiu Qualquer Gato Vira-Lata em 2011), traz a história do casal Lauro e Renata, indivíduos problemáticos que se equilibram quando juntos. Lauro, um meticuloso psiquiatra, está sempre atento e fazendo de tudo para proteger Renata, uma mulher sensível e visivelmente tensa, com um passado traumatizante e uma doença psicológica rara.
Os dois se conhecem na clínica de Lauro, quando Renata o procura para se tratar da desconhecida síndrome de Cotard, quando a pessoa se desespera em certos momentos por achar que está morta. O roteiro do filme é de Mariana Velmond, filha do ator José Wilker, morto em abril de 2014 e que também participa do longa no papel do médico mentor de Lauro. “É uma história que traz a possibilidade de trabalharmos várias questões humanas profundas através da relação de um casal”, diz ela. Sobre o pai: “o meu sentimento é que ele acompanha a gente e continua vivo na tela”.
Isolados revela o potencial do cinema brasileiro ao se arriscar em um gênero pouco explorado por aqui. Apesar de ser lançado agora, foi gravado em 2012, antecedendo duas produções do gênero também lançadas neste ano: Quando Eu Era Vivo e O Lobo Atrás da Porta. Os filmes de suspense competiram com a grande quantidade de comédias exibidas — foram mais de três lançamentos só no primeiro semestre deste ano. Assim, enquanto as atuais produções brasileiras são voltadas ao gênero humorístico, o diretor apostou no suspense.
“Há alguns anos só existia o tipo ‘drama’ com as questões regionais e sociais do Brasil, aí depois a comédia veio e abriu mais um gênero a se explorar. Depois, com Tropa de Elite, a ‘ação’ na produção nacional ganhou credibilidade. Então eu, que sempre gostei de cinema como um todo, pensei no suspense. Acho que Isolados vai abrir um caminho para o mercado cinematográfico, que precisava de um precedente”, diz Portella.
José Wilker fez sua última participação no cinema como o mentor de Lauro, interpretado por Bruno Gagliasso.
Foto: Luis Paulo Mendes
Bruno Gagliasso interpreta o metódico e problemático psiquiatra Lauro.
Foto: Luis Paulo Mendes
Com referências a filmes de Stanley Kubrick e Lars Von Trier, o longa tem atuações certeiras, iluminação envolvente, câmera condizente com o gênero e direção experiente. Apresentado pelo primeira vez na 42ª edição Festival de Gramado, Isolados foi escolhido como hors-concours (fora da mostra competitiva) para dar início à maratona de filmes. Foi o último e inédito trabalho de José Wilker no cinema. Isolados revela o potencial do cinema brasileiro ao se arriscar em um gênero ainda pouco explorado por aqui. O final, inesperado e reflexivo, explica a trama de mais de uma hora em poucos minutos. O que parecia até então ter sentido ganha um novo significado levando o público a repensar a história. Talvez essa seja o ingrediente de um bom suspense.
Confira o trailer:
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