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Homenagem a Severo: Alexandre, o grande companheiro

A editora Patricia Zaidan homenageia o fotógrafo Alexandre Severo, seu parceiro de reportagens de CLAUDIA. Colaborador frequente da revista, o pernambucano morreu no mesmo acidente aéreo que o ex-governador Eduardo Campos.

Por Patrícia Zaidan Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 28 out 2016, 03h33 - Publicado em 12 ago 2014, 22h00

“Sensibilidade, aliás, foi seu forte, sua assinatura posta em imagens e retratos para a revista”
Foto: Divulgação

O fotógrafo Alexandre Severo, 36 anos, morto no trágico acidente de avião que levou o ex-governador Eduardo Campos, foi meu parceiro algumas vezes. A reportagem exige muita cumplicidade entre o profissional de texto e o de imagem. Se os dois não pulsam no mesmo ritmo, o trabalho desanda. Como dois dançarinos na pista, a dupla precisa se entender para deixar fluir a coreografia. Eu tinha isso com Severo.

Passamos quatro dias juntos em Abadiânia, Goiás, numa missão que transcendia à rotina comum de jornalistas. Estávamos ali para viver a pequena cidade, que recebe milhares de desesperançados em busca de algum alento junto ao médium João de Deus, e precisávamos compreender isso sem julgar. Acordávamos cedo, bem antes das 6 horas, e só saíamos da Casa de Dom Inácio no fim da tarde. À noite, atravessávamos a rodovia para tomar uma cervejinha, já que nas imediações do centro espírita não se vende álcool. Depois do bar, conversávamos olhando as estrelas sobre os mistérios que não entendíamos muito bem. Ficamos, os dois, impressionados com a força meditativa dos auxiliares de João, com a crença dos doentes à espera de cura e dos aflitos ansiosos por um pouco de paz. No terceiro dia, ainda não tínhamos a foto do espírita para abrir a reportagem. E isso só seria possível se as “instâncias superiores”, “as do além”, como justificavam os assessores do médium, nos aprovassem.

Quase no final dessa temporada, João, no seu ritual de incorporação – como explicam ali – chamou Severo. Eu fiquei de fora. Meu amigo saiu do encontro pensativo. João havia alertado que se cuidasse, protegesse a saúde e olhasse a família. Embora os profissionais de imprensa reservem sempre uma dose de ceticismo em relação a tudo, Severo guardou um certo silêncio sobre outras coisas que o médium lhe dissera, até sairmos de Abadiânia. É inevitável, os profissionais levam um tanto da experiência da reportagem para a vida pessoal.

Em todos os nossos encontros, depois dessa empreitada, voltávamos ao assunto. E eu brincava, dizia que a foto de João de Deus só havia sido autorizada porque Severo era meio monge e fora chancelado pelos céus. Já eu… me vi mantida à distância de alguns metros da cadeira de espaldar alto onde sentava João. Falávamos também de música, de amores que tinham ido embora, do seu Recife querido, do pré-Carnaval de Olinda – que conferi por influência dele.

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Severo e eu nos embrenhamos também pelo estado do Tocantins para um perfil da senadora Kátia Abreu. No avião em que ela nos levou de Palmas até a sua fazenda Aliança, ele fotografou a parlamentar assustada com a turbulência que chacoalhava a aeronave. Meu amigo chegou a comentar que aviões rendem ótimas fotos, porque sempre há alguém com medo de alturas e, sob temor, a pose estudada vai embora.

Severo foi pautado ainda para registrar a rotina da herdeira de Irmã Dulce, Maria Rita Pontes, em Salvador. A sobrinha da freira candidata a santa comentou sobre a sensibilidade de Severo, a maneira como se envolveu com os pacientes do enorme complexo hospitalar iniciado por Irmã Dulce na Cidade Baixa. Sensibilidade, aliás, foi seu forte, sua assinatura posta em imagens e retratos para a revista – como o de Daniela Mercury e de finalistas do Prêmio CLAUDIA.

A melhor homenagem que a redação presta hoje a esse bom companheiro é revisitar um pouco de sua arte publicada em nossas páginas.

Veja aqui as fotografias tiradas por Severo para as reportagens de CLAUDIA.

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