39% dos patrões não remuneram domésticas dispensadas na pandemia
Pesquisa do Instituto Locomotiva revela situação difícil de diaristas e mensalistas em meio à crise da Covid-19
Em razão da quarentena pelo novo coronavírus, cerca de 39% empregadores de domésticas diaristas dispensaram as funcionárias, mas sem manter o pagamento. A pesquisa que aponta este número é do Instituto Locomotiva. O percentual chega a 45% nas classes A e B.
O estudo ainda indica que 23% dos patrões de diaristas e 39% de mensalistas mantiveram sua funcionárias atuando normalmente, mesmo em período de isolamento social recomendado pelo Ministério da Saúde.
“Isso acontece por diferentes razões. Sabemos que existe uma parcela menor da população que tem minimizado os riscos associados ao coronavírus e não segue as orientações de isolamento social. Outros até estão tomando cuidados preventivos consigo e com sua família, mas exigem que suas empregadas domésticas sigam em serviço. Neste caso, é como se a saúde dessas trabalhadoras valesse menos”, explica João Paulo Cunha de Resende, gerente de pesquisa do Instituto Locomotiva
Segundo ele, os perfis de comportamento originam dois cenários preocupantes. Existem aquelas trabalhadoras que estão em casa sem renda para atender as necessidades básicas de suas famílias e aquelas que seguem trabalhando, se locomovendo por grandes distâncias, com risco elevado de contaminação.
“Sabemos que muitas famílias que contratam empregadas domésticas também foram economicamente impactadas, o que pode motivar a dispensa sem pagamento. Entretanto, aqueles que mantêm a remuneração contribuem para reduzir a gravidade da situação dessas famílias de menor renda”, argumenta João Paulo.
O relatório ainda dá conta daquelas que tiveram dispensa remunerada. Ela aconteceu em maior número entre os grupos de classe C, onde a renda familiar é de R$ 536 a R$1. 526, batendo os 40%. A taxa entre os grupos de classe A e B é de 36%.