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Cursinho pré-vestibular oferece creche para mães adolescentes

A ideia surgiu em 2017 quando a rede percebeu que muitas alunas abandonavam as aulas por não terem com que deixar as crianças

Por Da Redação
Atualizado em 17 fev 2020, 13h34 - Publicado em 12 set 2019, 11h09
 (Cursinho Popular Carolina Maria de Jesus/Facebook)
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O cursinho popular Carolina Maria de Jesus, em São Paulo, existe há 10 anos e oferece creche para as mães adolescentes deixarem suas crianças durante as aulas. A ideia é diminuir a taxa de abandono, já que muitas alunas não compareciam porque não tinham com quem deixar os pequenos. Gratuito, o cursinho é realizado por voluntários e não recebe qualquer auxílio financeiro público ou privado.

Em reportagem exclusiva para o Universa, Alexandra Barreto, estudante de pedagogia e voluntária do projeto, contou como perceberam a necessidade de se criar uma creche dentro do curso. “Vimos que o problema não era apenas o cuidado com filhos. É aquela história: meninas de 11 anos na periferia podem ser ‘mães’ dos próprios pais ou irmãos”, contou. Com duas unidades no extremo Sul da cidade e outra na região do Capão Redondo, a rede atende hoje cerca de 600 pessoas.

“Fiquei grávida aos 16 anos, meu pai me expulsou de casa, vivi um relacionamento abusivo e parecia impossível fazer faculdade”, conta Nayara Gomes, 28 anos, que realizou o sonho de estudar medicina veterinária com 50% de bolsa conquistada através do Enem. Ela fez um ano e meio de cursinho no “Carol”, como é carinhosamente chamado o cursinho. Com duas crianças em casa, ela precisava contar com a disponibilidade da mãe ou da vizinha para serem babás. Mesmo assim, ficava só meio período nas alas. “Com a creche, passei a levar meus filhos. Ficava menos preocupada. Facilitou muito”, falou a jovem.

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Por enquanto, as creches aceitam apenas crianças desfraldadas e a alimentação deve ser levada pelo responsável.

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O curso abriu novas perspectivas para Márcia Lima Marques, de 17 anos, e a creche a ajudou a pegar firme nos estudos. Ela leva junto com ela sua sobrinha, enquanto a mãe da menina trabalha. Márcia também cuida desde os 14 anos de sua irmã com paralisia cerebral, pois a mãe delas trabalha e não tem com quem deixá-la. “O Carol me fez ver além do que eu tinha pensado pro meu futuro, me fez ter a cabeça mais aberta para cada situação”, conta a jovem, que prestará vestibular para engenharia civil. 

Na região onde o curso acontece, concentram-se os maiores índices de mães adolescentes na cidade, segundo o boletim CEInfo Análise. A maioria das jovens são negras e pardas.

As aulas do curso acontecem aos sábados, das 8h às 18h, e a taxa de aproveitamento é de 50 aprovações anuais em universidades públicas e privadas com bolsas de até 100%.

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