Conheça Aaron Wheelz, o esportista que abriu a cerimonia paralímpica
Terceiro de seis irmãos adotados, o norte-americano nasceu com uma rara doença congênita que o impede de andar.
A cerimonia de abertura dos Jogos Paralímpicos desta quarta (7) emocionou muita gente não só pela grandiosidade da sua beleza ou por ter contado com o maestro João Carlos Martins executando o hino nacional brasileiro.
Logo no início, o atleta Aaron “Wheelz” Fotheringham, de apenas 23 anos, surpreendeu a plateia por descer, em sua cadeira-de-rodas, uma Mega Rampa, numa ultrapassagem incrível do painel que marcava o último segundo para a abertura da Rio 2016, no Estádio do Maracanã.
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Mas aqueles que viram somente este trecho do evento nem sequer imaginam a história de persistência e superação por trás deste americano, nascido na cidade de Las Vegas, Nevada.
Aaron nasceu com uma condição raríssima: espinha bífida, que implica deficiência congênita localizada na medula espinhal, inviabilizando os movimentos de suas pernas. Ele é o terceiro de seis filhos, todos adotados — mas nem a falta de oportunidades ou as limitações foram capazes de desmotivá-lo.
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Sempre foi conhecido por ser muito sapeca: desde pequeno conseguia fazer tudo que qualquer criança da sua idade fosse capaz. Obviamente, que com muito mais esforço próprio: precisava rolar, sentar e até rastejar para se locomover.
Familiares relatam que ele vestia sua capa de Super Homem e deslizava pelo corredor de bruços, acreditando, como a maioria dos garotinhos de 4 anos, que poderia voar.
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Sua crença tornou-se realidade quando Aaron foi reconhecido como o único cadeirante de todo o mundo a descer a Mega Rampa e executar duas das mais difíceis manobras da categoria WCMX, o Black Flip e o Front Flip — eternizando, assim, seu nome no Livro dos Recordes.
O primeiro contato do atleta com as pistas poderia ter acabado de forma trágica: aos 8 anos, seu pai o levou para acompanhar o irmão mais velho, Brian, andar de skate. Foi então que ele tentou descer a rampa e caiu, machucando-se bastante, mas nem por isso Aaron se acanhou.
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Vencedor de inúmeras competições da modalidade, o atleta não se basta somente à carreira esportiva. Também dá palestras motivacionais e vai a acampamentos de verão especiais para crianças com deficiência e as ensina a manejar e controlar melhor suas cadeiras para que também possam fazer manobras fantásticas como ele.
Não precisamos ser deficientes físicos para nos inspirarmos com a história de vida do americano, que nesta noite, levou ao pé da roda o lema das Paralimpíadas: “O coração não conhece limites, e todo mundo tem um coração.”
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