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Conheça a primeira brasileira a arbitrar lutas de boxe nas Olimpíadas

Dos mais de trinta árbitros selecionados para a competição, apenas quatro são mulheres – entre elas, a brasileira Marcela Paula Souza

Por Letícia Paiva
Atualizado em 22 out 2016, 19h02 - Publicado em 2 ago 2016, 13h58
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Quando sobe no ringue, Marcela Paula Souza não ouve mais nada. O foco é a luta. Gritos da torcida viram ruídos; críticas e insultos passam despercebidos. Desde 2000, a santista é árbitra pela Confederação Brasileira de Boxe e em agosto se tornará a primeira brasileira a comandar uma luta nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Formada em educação física, Marcela, de 44 anos, fez balé clássico durante toda a vida e sempre manteve o esporte como destaque em seu cotidiano. Foi o aeroboxe – prática que combina movimentos de dança e aeróbica com a luta – o responsável por conectá-la com arbitragem.

Fora do ringue, a rotina de preparação é intensa: treinos físicos combinados ao estudo das regras. “Árbitro não tem expressão, sentimento ou gênero. Só devemos seguir o que está no manual”, afirma ela. Apesar da declaração, ela admite ter sido minoria quase a vida toda. Nas aulas de arbirtagem, os homens eram maioria, tendência que se repete na quase totalidade das competições das quais participa pelo mundo desde 2008. “Às vezes, sou a única mulher”, conta. Ela não reclama da situação e garante que nunca foi discriminada por seu gênero, mas lembra-se de situações em que foi esquecida. Em muitas competições, por exemplo, não havia banheiros ou vestiários femininos. 

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Reconhecimento internacional

Desde 2008, Marcela tem habilitação para arbitrar lutas fora do Brasil. Para ela, esse foi um dos reconhecimentos mais importantes da comunidade de boxe internacional. Outro fato que traz orgulho é ter carregado a tocha olímpica na passagem por sua cidade, no final de julho. Nos Jogos do Rio, há apenas mais um árbitro brasileiro habilitado, Jones Kennedy, que estreou em Londres, em 2012. Dos mais de trinta árbitros, apenas quatro são mulheres. 

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Marcela vai arbitar lutas masculinas e femininas e não vê diferença entre as categorias. “Aprendi que não preciso usar força, apenas ser assertiva nas regras”, afirma. De acordo com ela, a reputação positiva que adquiriu se deve à postura e à segurança que apresenta dentro do ringue. Ser pioneira em seu ramo também ajudou: “Como era a única, as pessoas aprenderam a me respeitar. Cheguei em um patamar que sou vista apenas como Marcela árbitra, sem ressalvas”.

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