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A tosca atuação de Alexandre Frota

Para o ator, alardear o crime de estupro na TV é só uma piadinha. Ele tentou explicar isso ao promotor de Justiça

Por Patrícia Zaidan Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 28 out 2016, 20h52 - Publicado em 15 ago 2015, 12h02
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Alexandre Frota, humorista e ator, não saiu do fórum como réu. Mas ele pode se tonar um, pois o promotor do caso ainda não decidiu poupá-lo de denúncia. Frota havia sido convocado pelo Ministério Público para explicar, na quinta (13/08), em São Paulo, sua participação no programa “Agora é Tarde”, da Band, exibido em 2014. O que o levou a ser chamado no correr de um procedimento de inquérito que pode gerar uma ação judicial foi a suspeita de apologia ao crime de estupro e violência de gênero. Sua performance (vejam no YouTube, que tosca!) legitimou, diante de milhares de telespectadores brasileiros, a agressão a uma mulher desacordada que não consentiu com a relação sexual. Quando a casa caiu para ele – que tomou lambadas nas redes sociais e cavou a presente acusação – Frota se defendeu dizendo que era tudo brincadeirinha, uma piada e não um fato real. No ar, entretanto, posou com garganta típica do macho vaidoso do próprio desempenho animalesco.

O episódio: com o encorajamento e a ‘brodagem’ do apresentador Rafinha Bastos, ele narrou como “comeu” uma mãe de santo. Não economizou gestos. Nem palavras. “Botei a mãe de santo de quatro, levantei a saia dela e agarrei a nuca. Coloquei o boneco pra fora e comecei a sapecar a mãe de santo.” Lá no relato do pimpão, a perversidade seguiu com a mulher desmaiada, ele gozando e, depois, dando o grito: “Levanta, filha da p.”

 Ao promotor, Frota fez um chorinho, declarou que se sente injustiçado, que no Brasil, agora, é difícil trabalhar com humor; há uma perseguição à comédia etc. Tratou o episódio como algo xexelento, apenas. Seu advogado até carregou nas tintas: o ator está perdendo shows, trabalho… Enfim, Frota se vê vitimado pelas feministas que não largam o seu pé desde a desastrosa aparição no programa que, registre-se, foi varrido do ar pela baixa audiência.

Ora, como quer sair dessa sem carregar seu quinhão? No Brasil, a cada 12 segundos um macho faz uma vítima sob vários tipos de tortura, incluindo o abuso sexual. São 50 mil estupros por ano registrados nas delegacias, sem contar os que a agredida não encontra coragem para denunciar. Há cálculos apontando para o total de 525 mil estupros/ano. Ir para a TV e colaborar com a cultura do estupro não é nada? Fica tudo certo para quem reforça a prepotência do macho-dono-da-mulher? Ok para o bufão a tocar trombeta para o ogro que transa à força com aquela que não o quer? Está pensando o quê? E se a Justiça entender como crime, a TV que pôs no ar a apologia ao estupro não vai pegar nada, não?

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