A primeira mulher a pilotar na corrida aérea Red Bull Air Race
A inglesa Mélanie Astles faz questão de mostrar que não existem territórios exclusivamente masculinos
Quase 30 anos depois, a lembrança ainda é viva para a inglesa Mélanie Astles: durante um festival de shows aéreos, o pai a colocou sentada na cabine de um avião antigo estacionado. “Eu tinha 6 anos, mas soube imediatamente que aquele era meu lugar”, conta ela em entrevista a CLAUDIA. Em 2016, Astles tornou-se a primeira mulher a competir no Red Bull Air Race, campeonato mundial de corrida aérea criado há dez anos.
A trajetória dela é bastante incomum. Depois de terminar o ensino médio, trabalhou em postos de gasolina na França, onde mora desde os 2 anos, e juntou dinheiro para pagar os estudos para se tornar piloto. “Precisei do diploma em matemática e ciências e tomei aulas particulares de aviação desde os 21 anos. Quando consegui minha licença profissional, passei para as acrobacias.” Hoje, aos 35, coleciona cinco títulos franceses de acrobacia aérea e ocupa um lugar entre os dez melhores pilotos do mundo na modalidade.
Se a habilidade e os títulos não são garantia de respeito em ambientes majoritariamente masculinos, a atitude de Astles afasta qualquer tentativa de preconceito. “Não fico de ombros encolhidos. Levanto a cabeça e faço aquilo a que me propus.” Ao observar a torcida e perceber que há muitas mulheres de olho nela, sente que tem uma missão: “Preciso ser um modelo, mostrar que paixão e determinação são a chave para realizar sonhos”.
Sem dúvida há muito trabalho a ser feito: segundo a Sociedade Internacional de Mulheres Pilotos Aéreas, elas são pouco mais de 3% dos 120 mil profissionais da área. No Brasil, esse número cai para 1,4%, de acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).