A mulher que venceu a depressão escrevendo cartas
A americana Hannah Brencher venceu a depressão escrevendo cartas com palavras de incentivo para gente desconhecida e criou o blog The World Needs More Love Letters (O Mundo Precisa de Mais Cartas de Amor)
Em tempos de e-mail e redes sociais, escrever cartas pode parecer algo antiquado. Não para a americana Hannah Brencher, 24 anos. Foi de posse de caneta e papel que ela conseguiu superar tempos difíceis e ainda ajudar outras pessoas. A inusitada ideia surgiu em 2010, em uma noite fria de outono em que Hannah voltava de metrô para casa, em um subúrbio de Nova York, para onde se mudara havia pouco tempo. No trem, avistou uma senhora cabisbaixa, com olhar muito triste, e decidiu rascunhar palavras de estímulo para ela. Não entregou a mensagem à estranha, mas teve ali um decisivo estalo. “Na época, estava me sentindo sozinha e deprimida. Resolvi que, daquela maneira, poderia melhorar minha vida e a de gente que estivesse em situação similar”, diz. Isso porque, segundo conta, sentiu uma enorme felicidade enquanto traçava aquelas linhas.
A ação foi repetida 400 vezes nos dez meses seguintes. Hannah, que trabalhava em um shopping no centro, deixou envelopes sem remetente e destinatário em parques, hotéis, cafeterias e outros cantos para quem quisesse abrir e ler. Dentro, havia mensagens de amor, incentivo ou amparo, como: “Esta, querido, é uma promessa de que vai aprender a contar consigo mesmo quando decidir que você vale a pena”. Para fazer suas cartas anônimas chegarem aos corações mais necessitados, anunciou em seu blog a iniciativa. No outro dia, uma centena de pessoas tinha enviado e-mail implorando por suas palavras. Era todo tipo de história, da mãe que perdera o filho ao garoto diagnosticado com câncer. No ano seguinte, Hannah quis converter o hobby em trabalho sério e fundou o site colaborativo The World Needs More Love Letters (O mundo precisa de mais cartas de amor). Hoje, lidera uma rede de 10 mil missivistas voluntários em países dos seis continentes – o Brasil entre eles – para responder aos 8 mil pedidos de socorro que recebe por mês. Ainda vive dando palestras.
Apesar do tempo curto, Hannah gosta de responder de próprio punho às solicitações de apoio de universitários que estão morando longe da família. “Sei como é difícil, até me considero uma expert no assunto”, brinca. No total, já escreveu mil cartas. Ela descobriu o poder das letras, em parte, por causa de uma imposição familiar. Quando Hannah saiu de casa, a mãe, deixada em outro estado, decretou que, em vez de notícias pelo Facebook, queria manter uma correspondência tradicional. “Ela me deu motivos para esperar ao lado da caixa do correio.”