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A inocência deste menino me levou a um balanço de Natal

Eu não queria pensar em nada, mas se tornou inevitável contabilizar os ganhos, entender as perdas e questionar as pendências de 2015

Por Patrícia Zaidan Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 28 out 2016, 16h53 - Publicado em 21 dez 2015, 17h37

Quando dei por mim, 2015 tinha terminado. Voou. O pior é que disse a mesma coisa no fim do ano passado, já engatando o momento seguinte no piloto automático. Hoje de manhã, ao ver a foto de Miguel Castardelli Esselin, 4 anos, amassando o Papai Noel deste jeito, tão crédulo e afetivo, pensei: “O que estamos ensinando às crianças? Por que elas confiam tanto nos adultos, num homem que nunca viram? O que esperam que façamos por elas?” O pequeno Mig me fez desligar o automático, parar e sentir um pouco. Mais do que o raciocínio, o que transforma a realidade é o sentimento. Com a vida bruta, como ela anda, sentir fica sempre pra depois. De tal forma que entendemos com o intelecto e concluímos que isso basta.  No outro extremo, há uma enormidade de pessoas que – chegando o Natal – se isolam, se amarguram e não fazem uma reparação. Sucumbem-se ao banzo, à solidão, ao vazio.

Não é bem o jogo Depressão X Comportamento-mecânico-excitado, mas um tempo para contabilizar vitórias, enxergar perdas e pendências. Até o mais desatento às próprias emoções, na parada compulsória do fim do ano, pode obter benefícios. Às vezes ajuda chorar, lembrar a infância, os amores que se foram, uma música específica, um prazer, um período bom demais, que se mantém na memória como único.

A reflexão é providencial. Produz um embalo que pode nos lançar pra frente e tirar do suspense que o vai-não-vai nos meteu, este ano. Cunha cai? O processo de impeachment vinga? Zika vírus vira epidemia nacional? Os dejetos em Mariana atingem outros lugares para além do Rio Doce e do mar? Os dilemas são nacionais, a repercussão, no entanto, é interna. O que não se concluiu em 2016 vem para dentro, vira parte nossa e se junta às questões pessoais não resolvidas no trabalho, nos afetos, na rotina. Fica a sensação de que, não tendo fechado algo importante, torna-se impossível começar outra coisa, dar o passo seguinte. Malditas pendências.

Felizmente, “todo lado tem seu lado”, o Natal não é só silêncio, é também preguiça, descanso, dança na vizinhança, festa, peru, bacalhau, cunhado bebum e crianças alegres. Eu gosto.

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O pacto, a gente escolhe. Com quem fechar, como e quando. Fecho com a esperança, à maneira das crianças que perguntam o necessário, acreditam e seguem em frente. Como Miguel. O quando, para mim, é JÁ! A aposta está feita.

        Como não tem avanço sem empenho, levanto a bandeira branca primeiro, não espero que me perdoem. O que não conquistei tem uma segunda chance. O perdido, é melhor tentar compreender antes de arriscar a reconstrução. Aquilo que ainda não veio, virá. Outras coisas, porém, se projetam para muito além da minha estatura – contra elas, nada posso. Aí, como diz o pai do Miguel, o fotógrafo Fernando Esselin, parceiro de muitas reportagens, o negócio é sossegar: “Não procure a resposta, só emane. Deixe vibrar as melhores intenções”.

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