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5 perguntas para Augusto Cury

O psiquiatra e escritor best-seller fala sobre como criar filhos, ter uma relação amorosa de qualidade e alcançar mais bem-estar mental

Por Liliane Prata
Atualizado em 27 out 2016, 20h17 - Publicado em 21 nov 2015, 07h00

Os diagnósticos de depressão só aumentam. A que você deve isso?
Existem várias causas para a depressão. Uma envolve as questões genéticas: alterações de neurotransmissores, alterações metabólicas. Outra tem a ver com a formação da personalidade: sensibilidade às frustrações, aos traumas, perdas, privações, abandonos. Uma terceira é a dificuldade do eu como gestor da emoção, o que conduz as pessoas a não trabalharem bem os estímulos estressantes. A genética não é a causa determinante da depressão. Todos podem se ver livres dessa doença. O eu tem capacidade de desenvolver proteção emocional. A síndrome do pensamento acelerado deixa a mente agitada, ansiosa e saturada de altos e baixos, dificultando a capacidade de um ser humano ter resiliência, e é preciso aprender a gerenciar as emoções e os pensamentos.

Qual é o maior desafio de ter filhos hoje?
Educar uma criança para ter uma emoção saudável é mais complexo do que dirigir uma empresa com milhares de funcionários. É vital que os pais trabalhem algumas ferramentas universais. Uma é transferir para os filhos o capital das experiências. Transferir dinheiro qualquer família que tem dinheiro transfere. Mas transferir experiências, falar das nossas lágrimas para nossos filhos aprenderem…  São raros os pais no mundo que fazem isso. Em todos os países, existe um déficit enorme nessa área. Os pais deveriam falar dos seus fracassos para os filhos. Outra medida fundamental: não dar excesso de presentes, porque isso leva à formação de mendigos emocionais – pessoas que precisam de cada vez mais para sentir cada vez menos prazer. Isso é muito sério. Há mendigos emocionais vivendo em casas confortáveis.  Os pais precisam dar aos filhos o que o dinheiro não compra. Outra atitude importante: ao corrigir o filho, os pais devem primeiro elogiá-los. Devem exaltar quem são, para depois tocar no erro, na falha. Essa técnica é poderosa. Diga: “Tenho orgulho de ser seu pai ou sua mãe e aposto que você vai brilhar. Agora vamos refletir sobre seu erro.”

Você comenta que os pais só podem ensinar seus filhos a gerenciarem suas emoções se eles mesmos gerenciam as suas. Como fazer isso?
É preciso aprender a se criticar menos e se abraçar mais. Dar risadas e não se autopunir constantemente. Contemplar o belo, fazer das pequenas coisas espetáculos aos olhos. Não fazer da sua memória um armazém de informações…

Como não se contaminar com tantas notícias ruins na mídia? Como lidar com o excesso de informação?
O pessimismo que ronda o mundo é uma sobrecarga altamente esgotante para o cérebro. Um grande jornal hoje tem mais informação do que um ser humano médio adquiria ao longo da vida inteira antigamente. Se não selecionamos as informações, saturamos o cérebro e esgotamos nossas emoções. Quando vamos a um bufê, ninguém come tudo que está exposto em quantidades absurdas. Mas nós fazemos isso na mente humana. Há uma necessidade ansiosa de se informar sobre tudo. De entrar nas redes sociais a todo momento e responder todas as mensagens. Isso esgota os recursos cerebrais, é um crime contra o planeta cérebro. Sem nos darmos conta, aquele conteúdo todo sobre tragédias fica registrado na nossa memória e nos faz mal. Assim, uma pessoa que lê tragédias o tempo todo vai transformar sua emoção em uma tragédia. É importante se informar para ter consciência crítica, mas não se pode fazer da memória uma lata de lixo.

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Você é casado há 31 anos e tem três filhas. Qual é o segredo para a longevidade das relações amorosas?
A vida toda, apliquei no meu casamento as ferramentas do programa de gestão de emoção que estão meu livro mais recente – Gestão da Emoção (Benvirá). É importante ter em mente que ninguém muda ninguém. A pessoa só muda se ela quiser. O que podemos é contribuir com o parceiro em seu processo de mudança ou, pelo contrário, atrapalhar. Um modo frequente de atrapalhar é com críticas excessivas. Os casais não devem se criticar tanto. É preciso usar técnicas de gestão da emoção. Ser simpático, bem humorado, brincar mais, relaxar mais, inspirar mais um ao outro. Há pessoas que usam perfumes caros, mas que, quando abrem a boca, são pessimistas, críticas e intolerantes. Deve-se elogiar e promover o parceiro ou parceira todos os dias! Elogiar cada gesto positivo, exaltar cada atitude inteligente são atitudes que ativam as janelas light ou saudáveis, que são as que constroem pontes estáveis que renovam os sentimentos. Erros estratégicos: elevar o tom de voz, passar “sermões”, comparar o parceiro ou parceira com outro. São erros que destroem um romance. A frase “Que seja infinito enquanto dure”, de Vinicius de Moraes, é belíssima, mas ingênua. Que o amor seja eterno enquanto se cultive. E os dois precisam cultivá-lo: se for só um, não adianta. Uma dica para quem está me lendo: primeiro, devemos ter um romance com nossa saúde emocional. Depois, sim, teremos um romance com o parceiro ou parceira que escolhemos.   

 

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