5 destinos para encontrar a paz
Sugestões de lugares "mágicos" com o poder de relaxar o corpo, arejar a mente e, principalmente, alimentar o espírito. Descubra quais ingredientes estimulam os sentidos e levam o viajante a se conectar com sua essência.
. Atacama, Chile: sob céu do deserto
As paisagens áridas dos desertos e o céu estrelado ajudam quem busca respostas para questões existenciais ou mudanças no estilo de vida. Foi o caso do ex-consultor financeiro Marcos Flávio Azzi, 42 anos, que visitou o Deserto do Atacama, no Chile, em 2009. Nos 12 dias de estada, em vez de se engajar em excursões coletivas, pediu a um motorista de seu hotel que o deixasse a cada manhã em um local diferente e fosse buscá-lo no final da tarde. “Durante esses períodos, eu meditava, caminhava, chorava, ria e contemplava a natureza”, conta o mineiro, que, após a experiência, idealizou o Instituto Azzi, voltado a ações filantrópicas. “Esvaziei a `mala¿ e descobri o que queria carregar dali para a frente”, diz ele, referindo-se às mudanças de valores e de vida ocorridas depois da viagem. Entre os lugares inspiradores, sugere o Valle de la Luna, o Valle da Morte e a Lagoa Miñiques.
Dica preciosa: Dedique-se a observar as estrelas, a olho nu mesmo ou em um dos observatórios dotados de telescópios de última geração disponíveis na região.
Fome de quê? Aproveite os pratos chilenos típicos, como costelinhas e empanadas.
Na mala: Leve remédios para enjoo e dor de cabeça, que podem ser causados pela altitude, além de: tênis confortáveis para caminhar na terra, protetores solar e labial, óculos escuros, chapéu e roupas para todo tipo de temperatura, pois, em um único dia, ela pode variar de 4oC a 30oC.
GPS: A cidade San Pedro de Atacama fica no norte do Chile, a 2,4 mil metros de altitude e a 100 quilômetros de Calama, onde chega o avião que parte da capital, Santiago. Há mais de 100 opções de hospedagem, com preços de 60 a 600 doláres. Prefira ir de março a maio, em setembro ou outubro.
E depois? Passe alguns dias em Santiago, já que não há voo direto de Calama para o Brasil. Se você aprecia vinho, vale uma visita às vinícolas ao redor da capital chilena.
No Japão, uma peregrinação passa por 88 templos
Foto: Michael Runkel / Getty Images
2. Shikoku, Japão: em busca da iluminação
O Caminho dos 88 Templos de Shikoku, uma das quatro principais ilhas do Japão, conta com cerca de 1,2 mil quilômetros, atravessando montanhas, praias, campos, vilarejos e cidades. O percurso pode ser cumprido a pé, de bicicleta, carro ou trem. Autênticos peregrinos encaram o desafio com as próprias pernas, pois acreditam que, no fim da trilha, alcançarão a iluminação. Para a ambientalista Suely Marlene Barbosa, 58 anos, que fez a rota neste ano com duas amigas, foi uma experiência inesquecível: “Visitamos 37 dos templos budistas e, em 30 dias de caminhada, meditamos e nos sentimos muito em paz”. Ela destaca os moradores da ilha, sempre prontos a ajudar e a presentear.
Dica preciosa: É indispensável que o peregrino esteja acompanhado de uma pessoa que fale japonês.
Fome de quê? O café da manhã nos templos é farto: bolinho de arroz, sushi, sashimi, ovo, peixe, legumes e chá. Nos restaurantes pelo caminho, vale provar o chanko nabe, cozido de frango, peixe, tofu, carne de boi e de porco, frutos do mar e legumes – prato típico dos lutadores de sumô!
Na mala: Produtos de higiene pessoal, primeiros socorros e remédios são obrigatórios. Outra dica: não deixe de comprar, logo no primeiro templo do trajeto, o hakui, espécie de jaleco branco, “muito útil para que os peregrinos sejam reconhecidos e ajudados no caminho”, segundo Suely.
GPS: Chega-se a Shikoku de barco ou de avião a partir de Osaka. Há vários tipos de hospedagem, o que inclui templos e casas de moradores (que não cobram por uma noite). Vá na primavera, para apreciar as cerejeiras em flor, ou no outono.
E depois? Pode seguir para Kyoto, antiga capital do Japão por mais de mil anos. Rica em história, a cidade é o centro religioso do país e conserva templos e palácios imponentes.
Trecho do famoso Caminho de Santiago de Compostela, que começa na França e vai até a Espanha
Foto: Corbis
3. Santiago de Compostela, Espanha: um novo sentido para a vida
Clássico da categoria “viagens com poder de transformar”, o Caminho de Santiago de Compostela pode começar na francesa Saint Jean Pied de Port. Até a cidade espanhola que dá nome à peregrinação, são cerca de 800 quilômetros, percorridos em cerca de 31 dias. Foi esse o tempo que demorou o ator João Innocencio Filho, 53, neste ano. “Deixei de ser empresário para voltar a ser ator, mas precisava me libertar internamente do profissional que não queria mais ser”, conta. Como ele, muitos peregrinos fazem o trajeto como recurso para buscar um novo sentido para a vida. A troca de experiências com pessoas de fé e do mundo inteiro e as belezas do caminho completam a experiência que encanta tanta gente.
Dica preciosa: A Associação de Confrades e Amigos do Caminho de Santiago de Compostela (santiago.org.br) organiza caminhadas preparatórias.
Fome de quê? Os restaurantes do trajeto oferecem o chamado cardápio do peregrino, caseiro e simples. Em Santiago de Compostela, experimente o polvo à galega e as empanadas com recheios diversos.
Na mala: Valem os mesmos itens da peregrinação por templos japoneses: produtos de higiene pessoal, primeiros socorros e remédios.
GPS: Uma opção para chegar a Saint Jean Pied de Port é partir de Madri a Pamplona de trem e, depois, ir de van até o ponto inicial proposto para a caminhada. Para se hospedar, há albergues públicos e privados. Melhores épocas são o outono e a primavera.
E depois? Valem alguns dias em Madri e uma visita à cidade litorânea de Finisterre, a duas horas e meia de ônibus de Compostela. Na Praia do Mar de Fora, os peregrinos costumam queimar as roupas usadas no caminho.
Mosteiro Nossa Senhora do Novo Mundo: verde e paz
Foto: Divulgação
4. Mosteiro Trapista no Paraná, Brasil: silêncio
Às vezes, quando estamos em busca de paz interior ou respostas existenciais, precisamos nos afastar de qualquer barulho e até nos calar -para, assim, ouvir nossa voz interior. A combinação de silêncio e paz é o que você vai encontrar no Mosteiro Trapista Nossa Senhora do Novo Mundo, no Paraná. Os monges estão sempre prontos a receber os visitantes à procura de um retiro em uma fazenda de plantação de milho e de soja. Os passeios pelo local, a contemplação do jardim, a meditação coletiva e os momentos de oração com os monges são atrações locais e devem ajudar a encontrar o que se procura em uma viagem dessas. Cantadas em estilo gregoriano, as missas emocionam.
Dica preciosa: São apenas 14 quartos/celas, portanto, faça reserva com pelo menos dois meses de antecedência.
Fome de quê? O café da manhã é básico, com pão, leite, café e frutas, assim como o jantar. O almoço, preparado pelos monges, é a refeição principal. Os pratos são quase sempre vegetarianos, mas tem peixe de vez em quando. Na loja do mosteiro, há delícias da padaria da fazenda.
Na mala: Livros, cadernos para anotar suas experiências, objetos de higiene pessoal e roupas de frio para a noite.
GPS: Partindo de Curitiba, a capital paranaense, vai-se de ônibus (ou de carro) até a cidade de Campo do Tenente – são cerca de duas horas de viagem. Dali, chega-se ao retiro em alguns minutos de táxi. Pode-se ir em qualquer época do ano. A diária custa 30 reais.
E depois? Uma opção é passar alguns dias na arborizada Curitiba. Outra: prosseguir no clima de tranquilidade, visitando o Mosteiro do Encontro, de monjas beneditinas, na cidade de Mandirituba, a uma hora de Campo do Tenente. Não saia de lá sem as famosas geleias feitas pelas religiosas.
Cerimônia do fogo no maior ashram da Índia, à beira do Rio Ganges
Foto: Divulgação
5. Ashram, Índia: meca da espiritualidade
Não importa a crença. Quem vai à Índia acaba sendo absorvido pela espiritualidade que impera no país. Uma possibilidade de mergulhar ainda mais fundo nessa cultura milenar é ficar em um ashram. Trata-se de um local considerado sagrado, que é liderado por um guru e tem o objetivo de promover a evolução espiritual por meio de aulas de filosofia oriental, ioga, meditação e momentos de silêncio, entre outras práticas. Marcia De Luca, especialista em ioga e colunista de CLAUDIA, indica a estreantes o ashram Parmarth Niketan, um dos maiores do país, com mais de mil quartos. “É um lugar lindo, perto do Rio Ganges, e todo dia é feita uma cerimônia do fogo em suas margens que pede proteção para o mundo.”
Dica preciosa: Para pessoas que não são “iniciadas” na meditação ou na ioga, segundo Marcia, o ideal é começar a praticar ainda no Brasil, alguns meses antes da viagem.
Fome de quê? Tanto no ashram quanto nos restaurantes do entorno, a comida servida é vegetariana. Dahl (lentilha com especiarias) e samosas (que lembram pastéis) recheadas com verduras são as dicas de Marcia.
Na mala: Não precisa levar nada. Marcia sugere encher a mala na volta com belas peças locais, vendidas a preços módicos. “Os indianos gostam quando usamos seu vestuário.”
GPS: O ashram fica no norte da Índia, aos pés do Himalaia. Rota possível: avião até Nova Délhi, seguido de trem para Haridwar, a cinco horas de viagem, depois mais uma hora de carro. Vá de novembro a março. A diária sugerida é de 8 dólares, com refeições e aulas de ioga. Demais cursos são pagos à parte. Reserva: parareservations@parmarth.com.
E depois? Vá conhecer o monumento Taj Mahal, em Agra, que homenageia o amor, e visitar as mágicas cidades de Jaipur, Johdipur e Udaipur, a Veneza do Oriente.