Sua alteza, a figurinista Joan Bergin, das séries The Tudors e Camelot
Em entrevista a LOLA, a figurinista irlandesa conta de suas experiências na TV e no cinema
Cena da série The Tudors
Foto: Divulgação
Ainda que não exatamente uma novata, a figurinista irlandesa Joan Bergin se deparou, há quatro anos, com o maior desafio de sua carreira. Responsável pelo guarda-roupa de filmes como Meu Pé Esquerdo (1989) e Em Nome do Pai (1993), ela recebeu a missão de amarrar o figurino da série The Tudors, que teve sua última temporada exibida no Brasil pelo canal de TV paga Liv. O resultado foi um desbunde, de tão bom. Joan transformou as vestimentas do elenco em um dos protagonistas de cada episódio, ao recriar o deslumbre de roupas, joias e acessórios da corte de Henrique VIII (1491-1547). O trabalho lhe rendeu dois Emmys. Filmada inteiramente na Irlanda, a série acompanha a rocambolesca história do rei que rompeu com a Igreja Católica, casou seis vezes e lá pelas tantas mandou decapitar uma de suas mulheres, Ana Bolena.
Foi um trabalho mais do que complexo. Além da reprodução fiel do estilo que imperava durante o absolutismo, havia o modus operandi da coisa. Durante as gravações, Joan contou com uma equipe de 22 pessoas no set apenas para dar conta de vestir e despir cerca de 110 personagens por temporada. Embora a verba de 1 milhão de dólares não fosse nada desprezível, uma única peça podia chegar a custar 5 mil dólares, somando tecido e mão de obra. Numa época em que os aparelhos e as transmissões de TV têm definição cada vez maior, a perfeição precisa chegar aos mínimos detalhes.
Mas a trabalheira teve lá suas compensações. Joan vestiu, por exemplo, o bonitão Jonathan Rhys Meyers, intérprete do rei egocêntrico. Acostumada com celebridades, até que ela tirou de letra. A única vez em que fiquei com as pernas bambas durante um trabalho foi quando conheci David Bowie, quando fiz o guarda-roupa vitoriano do filme O Grande Truque, disse ela a LOLA.
O trabalho com figurinos de época é relativamente recente, mas já virou vício. Nunca foi um objetivo na minha carreira. De pouquinho em pouquinho, fui me interessando muito por essas montagens. Isso acabou virando um problema, porque acho que nunca mais vou conseguir trabalhar de novo com coisas contemporâneas e modernas, diz. Joan já está às voltas com um repeteco. Seu novo trabalho é em Camelot, mais uma megaprodução para TV. Com o inglês Joseph Fiennes e a bond girl Eva Green no elenco, a série é mais um desafio: É sobre Rei Artur, Guinevere e Morgana. Como se passa no século 6, exige uma pesquisa árdua. Mal se sabe o que as pessoas vestiam naquela época.