Sósia de it-bag: especialista comenta coleção de bolsas inspiradas em modelos-ícones
Desde que ganharam status de it-bags, viraram objeto de cópia, ops, inspiração. Birkin de moletom, Alexa de plástico, Speedy de veludo. Os conceitos "original", "cópia" e "inspirado" nunca foram tão comentados
A bolsa Birkin da Hermès e a versão despojadinha de moletom da 284. Cópia ou inspiração?
Foto: Divulgação
Supervalorização das bolsas dá nisso. Desde que ganharam status de it-bags, viraram objeto de cópia, ops, inspiração. Birkin de moletom, Alexa de plástico, Speedy de veludo. Os conceitos original, cópia e inspirado nunca foram tão comentados. Principalmente depois que a marca Hermès resolveu processar a grife 284 pela coleção Im not the orignal, no começo do ano. A grife brasileira foi proibida de vender suas bolsas de moletom, inspiradas no clássico modelo Birkin da Hermès. Enquanto a versão despojada custava em torno de R$400, a original ronda os 30 mil aqui no Brasil.
Uns defendem, outros criticam. Trazemos aqui a opinião de Mariana Rocha, consultora e professora de moda na Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo:
Lola: Lançar produtos inspirados em ícones sempre aconteceu na história da moda ou é um fenômeno atual?
A primeira coisa importante a ser lembrada é que a moda nasce da cópia. A cópia se estabelece no momento em que as classes ascendentes procuram copiar os trajes da nobreza que, para se diferenciar, vai remodelar os modos de vestir. Assim, cria-se um movimento constante de cópia e renovação, que vai dar no sistema que temos hoje, ao qual chamamos moda.
É prejudicial para a indústria da moda que marcas fast fashion lancem produtos baseados em modelos clássicos?
As marcas de fast fashion se apropriam de um desenvolvimento sem pagar por esse custo. Essas empresas teriam condições de investir em departamentos de criação, mas preferem investir na promoção, distribuição e produção em alta escala, por isso conseguem um bom resultado nas vendas. Por outro lado sabemos que muitas marcas cobram preços extorsivos por um produto que nunca vai atingir um grande número de consumidores. Então a minha tendência, em alguns casos, é de apoiar a popularização para que possam chegar a um grande número de pessoas. As ações que aliam design, desenvolvimento de produtos com alta distribuição são as mais inteligentes e deveriam ser premiadas.
A imagem da marca inventora do modelo (Hermès e sua Birkin, por exemplo) perde com as cópias?
Sim, perde a exclusividade e populariza um produto que precisa ser vendido por um preço alto. Mas o caso da marca brasileira que está sendo processada, acho que é outra história. É uma paródia, uma brincadeira, pois ninguém vai confundir aquela bolsa de tecido, molinha, com a verdadeira Hermès. Nesse caso acredito que não existe intenção de falsificação ou cópia, mas sim uma apropriação da ideia da marca. Acho que deveria ser olhado até como homenagem.