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Emicida e Fióti assumem direção criativa da LAB e voam mais alto

Já é tradição: Avuá é a terceira coleção da LAB no SPFW

Por Texto Elisa Duarte | Reportagem Elisa Duarte e Marina Pedroso
Atualizado em 17 jan 2020, 17h18 - Publicado em 30 ago 2017, 01h12
 (Marcelo Soubhia/Agência Fotosite)
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Dez anos atrás, Emicida varava as noites colando capinha por capinha e carimbando seus cds para vender a 2 reais na porta dos seus shows. Recentemente, o menino que sonhou em ser cartunista passou suas noites desenhando as estampas das roupas que a LAB apresentou na coleção, Avuá, desfilada no SPFW N44. “A gente ficou viajando nessa história de futuro e foi assim que a gente chegou no vôo. Mas precisávamos de um signo forte que tivesse atrelado à história do Laboratório Fantasma. Chegamos nos pássaros, que voam em bando. E a LAB é isso, um sonho em coletivo. A gente sonha em bando“, diz Emicida.

O que a gente está tentando criar uma atmosfera onde ninguém seja marcado como diferente

Emicida

Pensando na história do rap, Sabotage foi chamado de vendido por fazer cinema nacional, Xis foi chamado de vendido por fazer TV, por ocuparem espaços que muitos não acreditavam ser destinados pra eles. “Tenho uma filha de 7 anos e ela vai crescer sem questionar se o lugar bacana é dela, sabe? Esse questionamento é uma merda. Você fica com a síndrome do intruso, tá ligado? Eu não posso falar o que é ser uma mulher, mas eu posso falar sobre representação, sobre exclusão, sobre como é você chegar num lugar e ser o diferente daquele ambiente, da sala inteira virar para olhar pra você”, reflete Emicida.

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29 de agosto de 2017, Emicida e Fióti continuam derrubando barreiras, ovacionados por público e crítica com mais um desfile no SPFW. “O que a gente está tentando criar uma atmosfera onde ninguém seja marcado como diferente”, diz Emicida.

Tem essa coisa da gente ser a primeira grife de negros a ter um desfile no SPFW

Fióti

No terceiro dia de SPFW, nenhum outro desfile mostrou a diversidade da LAB. “Por isso, é importante que grifes como a nossa ocupem esse espaço. Existe uma estrutura racial no Brasil que não possibilita que as pessoas consigam ascender através do seu trabalho. Tem essa coisa da gente ser a primeira grife de negros a ter um desfile no SPFW e acima de tudo, trazer as referências e a valorização do nosso povo”, afirma Fioti.

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“Estamos partindo para um mundo consciente, as pessoas querem consumir aquilo que elas sabem da onde vem, quem faz, quem está pro trás. Acho que esse modelo das grifes que ainda se portam como nos tempos coloniais vão ficar no passado”, acrescenta. “A gente imaginou que teria um certo reconhecimento, mas foi 10 vezes além. Acho que era um desejo reprimido, entendeu? As pessoas deram esse empurrão porque estavam esperando por isso há muito tempo. Esse é o caminho, uma coisa mais democrática e inclusiva, não só no casting, mas no evento como um todo”, completa.

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Sobre a coleção Avuá, algumas peças foram pintadas à mão pelo rapper Emicida, e peças de brechó foram customizadas. “Essa coisa do fazer à mão – que agora até as mega corporações do mundo querem fazer parecer artesanal – conecta muito as pessoas.”, acredita Emicida.

“A gente comprava um boné que era baratinho, que a gente não gostava e pintava ele. Colocava o nosso nome, o do nosso bairro, o nome dos nossos grupos de rap favorito, escrevia hip-hop. A gente sempre fez isso. Essa parada da customização das peças sempre esteve presente. A gente só não usava esse nome”. O amor pelo artesanal, ele aprendeu com mãe Jacira, bordadeira de mão cheia, e com o pai Miguel, DJ . “O mais profundo é o efeito que isso vai gerar no futuro. Daqui a vinte anos, umas minazinhas e uns molequinhos vão crescer e vai ser muito foda. Porque eles não vão estar como nós, que tivemos que nos construir. Eles vão ser. Vão ser plenos. O que a gente faz aqui é um exercício de poder. A partir do momento que as pessoas vêem que é possível, elas vão sair voando. Ninguém vai por rédeas nessas pessoas. Nunca mais. O futuro vai dizer se a gente acertou“, afirma Emicida.

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LAB – SPFW N44 ()

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