A revolução da moda íntima: dos corsets ao movimento #FreeTheNipple
Do slip dress ao strappy bra, deixar a lingerie aparecer é tendência.
No começo do ano o museu Victoria & Albert, em Londres, inaugurou a exposição Undressed: A Brief History of Underwear, com mais de 200 exemplos de roupas de baixo históricas e contemporâneas. Aberta até março de 2017, a exposição explora como a moda íntima evoluiu desde o século XVIII até os dias atuais, além de sua relação com saúde, inovação e com a própria moda.
O que vemos é que, há mais de dois séculos, a lingerie possui um papel enorme no dia a dia da mulher. Se antigamente a moda íntima era de fato, íntima, e nunca exposta, ao mesmo tempo ela era responsável por literalmente deformar o corpo feminino – a exposição contém, inclusive, um raio-X que mostra uma cintura de 48 cm, consequência dos corsets usados no final dos anos 1800. Desde então, a lingerie evoluiu e se transformou de forma radical, indo de tais corsets até o movimento #FreeTheNipple, que propõe que mulheres deixem de usar sutiãs, se assim quiserem, mas sua influência na moda não deixou de ser relevante.
Ao longo do século XX a lingerie foi perdendo o seu papel de roupa de baixo, ficando cada vez mais exposta, até seu ápice nos anos 1990 – quando estilistas como John Galliano e Jean Paul Gaultier focaram suas coleções em peças íntimas, feitas para serem usadas como roupas normais. Desde então, o tabu acerca das “roupas de baixo que aparecem” ficou cada vez mais fraco. De tendências como o slip dress, também atribuído aos 1990 (embora originário dos anos 1920), ao strappy bra, que explodiu no varejo comercial no ano passado, atualmente é não apenas natural que nossas roupas íntimas apareçam, mas até considerado uma tendência.
O último desfile da Dior, por exemplo, misturou referências de esgrima com delicados corselets e saias feitos de tules transparentes, enquanto Alexander Wang criou peças que misturavam elementos da moda praia e íntima, mas feitas para o dia a dia na cidade. A Victoria’s Secret lançou recentemente uma coleção também chamada (Un)dressed, onde lingeries, bodies e camisolas típicos da marca foram anunciadas como peças principais, para serem usadas expostas. Apesar de ter criado certa polêmica, já que consumidores consideraram as peças inusáveis, a coleção da Victoria’s Secrets, assim como as referências de Dior, Wang e várias outras marcas, mostram que a relação da moda com a moda íntima continuará forte, e sempre em evolução.