A imperfeição é o novo perfeito, ainda bem!
A perfeição (e a opressão que ela causa) perde espaço para padrões da beleza real.
O que Kurt Cobain, Lady Gaga e Pitty têm em comum? São cantores, resposta óbvia. A outra é que os três retrataram em suas músicas o movimento pela busca do real, do verdadeiro. Come as You Are, Born This Way e Máscara tocam no mesmo assunto. Nos anos 90, ou no começo dos 2000, o sentimento é o mesmo. Grunge ou pop, os recados são semelhantes.
O desejo de se libertar dos padrões pela autoaceitação encontrou um caminho na arte e nas redes sociais, grandes responsáveis em espalhar novos conteúdos e pensamentos. A importância das meninas que fizeram o big chop e relataram suas dúvidas em vídeos, das garotas gordas que posaram de biquíni, das modelos que denunciaram os abusos das agências… Suas vozes ecoaram. As pessoas se apoiaram para se assumirem como são.
E as marcas tiveram que correr atrás do lucro e dessa nova consumidora. Aquela pessoa que deseja encontrar sua melhor versão em si mesma e não em outro modelo, em alguém que nada tem a ver com ela. A Dove, uma das pioneiras na campanha pela real beleza, é agora seguida por outras marcas como Avon e Natura, por exemplo. Os desfiles e campanhas de moda também buscaram mudar suas modelos. Agências como a Squad são exemplos dessa mudança.
Diastemas, sardas, sobrancelhas grossas. O padrão perdeu lugar para a característica única, que torna todo mundo diferente, imperfeito. Tanto que em junho deste ano, o desfile do estilista malaio Moto Guo levou modelos masculinos e femininos com manchas e vermelhidão, tipo espinhas, à passarela milanesa.
Getty Images
Reis do lacre, expoentes da autoaceitação, fazem sucesso. MC Carol, o cantor Liniker, as modelos Ashley Smith, Lindsay Wixson são alguns exemplos. Até a superproduzida Kendal Jenner já postou selfies sem make e recebeu elogios. Não somos todos iguais. E comunicar nossas diferenças cria uma corrente de aceitação e senso de liberdade para ser quem somos. Afinal, a pessoa é para o que nasce.