João Pimenta mistura drama, morte e poesia na SPFW53
João Pimenta escolhe modelos e tecidos pretos para potencializar a beleza fúnebre dos tempos atuais
João Pimenta é conhecido por seus manifestos sociais e políticos na passarela: em edições anteriores, o estilista reproduziu os impactos do isolamento e o anseio pela normalidade através de suas peças. E agora, o artista aposta em uma passarela banhada em tons pretos para transmitir tanto uma mensagem de desespero, quanto de esperança. É a beleza surgindo em meio ao caos — algo extremamente importante nos tempos atuais.
Em entrevista à Claudia, Pimenta afirmou que a coleção vem para concluir as suas inspirações na pandemia: “Essas peças vêm para concluir todos os assuntos que venho abordando em relação à quarentena. Fecharei o ‘ciclo da pandemia’ para abordar novas temáticas daqui para frente.”
Segundo o estilista, o desfile, apresentado nesta sexta-feira (3) na SPFW N53, será um grande cortejo fúnebre: “Todas as roupas e modelos são pretos. Os corpos negros não vieram por uma questão política, mas sim estética. Eu estava em busca da beleza”, declara.
João esclarece que a coleção tem um mix de modelagens elaboradas: “Atualmente, as pessoas estão muito focadas na imagem. Por isso, eu quis concentrar os meus esforços na construção, modelagem e acabamento do produto.”
Nos convites do desfile, o artista escolheu apresentar o poema “A Flor e a Náusea” de Carlos Drummond de Andrade. A opção, de acordo com Pimenta, é motivada pelo momento ordinário e horrível que vivemos na política: “O governo é tão absurdo. Mas não podemos esquecer a nossa esperança e a expectativa por dias melhores. A moda traz essa felicidade, e eu me certifiquei de também trazer esse aspecto positivo através dos detalhes: coloquei uma renda aqui, brilhos ali, e misturei poesia, com drama e morte. É um grande coquetel”, conclui. Veja os looks abaixo: