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“Meu tio me ridicularizava em público e abusava de mim escondido”

A leitora Andrea* foi abusada aos 6 anos, mas só compreendeu o que havia acontecido aos 15. Nunca conseguiu falar cm ninguém sobre o assunto

Por Da Redação
Atualizado em 7 out 2020, 11h28 - Publicado em 7 out 2020, 09h00
 (Palmiro Domingues/Getty Images)
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“Tenho 35 anos e fui abusada quando tinha 6 ou 7 anos. Meu tio, irmão da minha mãe sempre me ridicularizava em público. Ele me maltratava porque eu ainda tomava mamadeira e chupava chupeta. Falava: ‘Isso é ridículo! Você não é mais criança’.

Às vezes, na ausência do meu pai, quando eu estava tomando leite ou assistindo desenho chupando a chupeta, ele me batia. Certa vez, minha mãe demitiu a moça que cuidava de mim e do meu irmão e foi quando os abusos começaram.

Minha mãe trabalhava à noite e meu pai saía às 5 da manhã para trabalhar. Nessa hora, quando nenhum dos dois estava em casa, ele entrava no meu quarto, abaixava minha calça e ficava esfregando o pênis no meu bumbum. Quando minha mãe chegava, ele fingia que nada tinha acontecido.

Era um tormento, eu já ficava pensando no que ia acontecer. Era desesperador. Sem saber como agir, eu chorava. Um dia, ele queria que eu sentasse em cima dele. Eu criei coragem e falei que contaria para meu pai.

Ele nunca mais fez nada, mas continuou me ridicularizando por um bom tempo. Só fui entender que era abuso quando eu tinha 15 anos e teve um caso na escola onde eu estudava que gerou bastante discussão. Fui pra casa muito decepcionada, enojada, sem saber o que fazer.

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Nunca contei isso a ninguém, é a primeira vez que falo sobre essas lembranças. Depois de ler vários relatos aqui, acabei achando que era hora de me livrar dessa memória fantasmagórica. Eu nunca tive problemas em me relacionar, mas tive um relacionamento abusivo. Assim que entendi os sinais, fui embora. Porém, sigo com raiva e não consigo perdoar. Tenho bastante dificuldade de perdoar qualquer pessoa que me faça mal.

Acho que esse é o meu assombro. Olho esse tio hoje, mesmo sendo idoso, e me dá uma série de sensações. Fico remoendo o que houve. No fundo, quero que ele sofra mais. Sei que isso é errado e espero conseguir me libertar.”

A partir de agora, CLAUDIA mantém esse canal aberto e oferece acolhimento para quem quiser libertar as palavras e as dores que elas carregam. Fale com CLAUDIA em falecomclaudia@abril.com.br.

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*Nome trocado a pedido da personagem

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