Vaneza Oliveira, de ‘3%’, estreia como diretora em ‘Mãe não Chora’
Em um conversa com o MdeMulher, Vaneza Oliveira revelou como a personagem Raquel tem semelhanças com a sua história como mãe solo.
Depois do sucesso como Joana na série “3%”, a produção original Netflix brasileira que já está na terceira temporada, Vaneza Oliveira estreia como diretora e roteirista no curta-metragem “Mãe não Chora” junto com Carol Rodrigues. O projeto foi selecionado para ser exibido no 30° Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo.
Além de estar por trás das câmeras, a atriz também interpreta Raquel, a personagem central da trama. A história de 20 minutos é sobre uma mãe negra que trabalha na vara da família da defensoria pública e precisa levar o filho para o emprego, pois não consegue deixá-lo com o pai.
Em uma conversa com o MdeMulher, Vaneza revelou como a trama se assemelha com a sua história pessoal, já que ela também é mãe solo de Emily, de 13 anos.
“(A trama se assemelha) basicamente em tudo. Eu passei um pouco mais de sete anos em um relação violenta psicologicamente, em que eu estava muito presa. O pai da minha filha ia impondo as coisas de acordo com o que era bom para ele e nunca bom para ela, ou não tinha qualquer tipo de sensibilidade aos meus planos de vida. E aí, no mesmo período que lançou o edital, eu estava no processo de pensão alimentícia com a minha filha e o insight de fazer o filme veio exatamente na defensoria pública. Eu olhei e pensei: será que alguma mulher que trabalha nesse lugar passa pela mesma coisa que eu? Para ela foi tão difícil tomar a decisão?”.
A preocupação da atriz foi retratar o questionamento constante e a dificuldade das mulheres que são mães de entrar na justiça ou não para cobrar a participação das figuras paternas, pelo menos financeiramente. Pessoalmente, Vaneza decidiu abrir o processo de pensão contra o pai de Emily quando ele começou uma pós-graduação e a atriz não conseguia pagar sequer um curso para ela e para própria filha.
“A personagem de ‘Mãe não Chora’ representa uma Vaneza em um período em que não conseguia reagir a essas violência. Eu sempre ficava com medo de que se eu o colocasse na justiça, ele ia se afastar da criança. Achava que o mais importante era ele ser presente. Mas eu não via que eu nem conseguia fazer com que ele se importasse com a minha filha e nem que ele ajudasse financeiramente. Ou seja: eu estava segurando tudo sozinha”, desabafa a atriz.
Já sobre as dificuldades como roteirista e diretora, ela é sincera sobre as dúvidas que surgiram sobre o projeto dar certo ou não, já que ele coincidiu com o início da carreira de Vaneza como atriz.
“Quando eu ia para o set de “3%“, eu falava para as pessoas: gente, para que eu fui inventar essa loucura? Mas não era uma reclamação de arrependimento, era de ‘meu Deus, você é muito doida, Vaneza’. E também as inseguranças de: o que você está fazendo é certo? E reconhecer os erros. Às vezes, você toma uma decisão e não dá certo. E aí entender que esses erros fazem parte é muito difícil, porque a gente sempre tem exigências de não errar. Ou a gente vive em uma sociedade que não tem tempo para erro – cinema é um meio de produção muito caro”.
A verba para a produção do curta também foi um desafio para a atriz, já que era um valor limitado desde o início pelo edital. Mas a atriz agradece por ter tido uma equipe que se uniu para fazer o projeto dar certo, com o detalhe de ter se empenhado para montar um equipe majoritariamente feminina.