Tom Cavalcante: “Ninguém entendeu. Achavam que eu queria ir para a Globo, mas não era isso”
O comediante mostra sua casa nos Estados Unidos, para onde se mudou em junho com a mulher, Patrícia, e a filha Maria
A sala já estava toda mobiliada, mas Tom e a família tiveram de ir às compras para completar o novo lar. A casa foi projetada por Roger Davis, ator de seriados como Bonanza, nos anos 1960
Foto: Rafael Lamus
Todas as manhãs, desde junho, Tom Cavalcante, 51 anos, percorre as descidas e as subidas de West Hollywood, em Los Angeles. Se fizer uma caminhada de 6 quilômetros, alcança o simbólico letreiro de Hollywood. Esse é seu novo lar. Da janela da moderna casa de quatro quartos, projetada por Roger Davis, ator de seriados como Bonanza, nos anos 1960, ele enxerga, ao norte, Hollywood Hills e, ao oeste, Beverly Hills. Sim, é um lugar nobre da cidade. E, um pouco mais, facilmente cruza a rua mais famosa de LA, a Sunset Boulevard. “É uma tranquilidade, parece Campos do Jordão”, compara a calma e a exclusividade do bairro à estância paulista.
“Tenho uma carreira de 20 anos, muito intensa, nunca parei para nada. Sempre fui disciplinado. Mas é preciso viver também…”, explica Tom, que divide esse sonho californiano com a mulher, Patrícia, 37, e a filha, Maria, 13. “Aqui, muitas casas são antigas, de 1910, 1920. Esta era novinha e tinha uma vista incrível!”, explica Patrícia. Tom passa boa parte de seus dias em um curso de inglês e de cinema na Kings College, pertinho de casa, ou no computador, escrevendo esquetes para curtas, longas e shows. Sim, ele conta piadas em inglês, mas aprendeu que precisa aliviar as expressões, já que os brasileiros são mais soltos que os americanos.
“É uma guinada bem grande, de 180 graus, para dar uma parada na carreira no Brasil e abrir a cabeça para novas perspectivas e afazeres aqui”, diz o comediante. A ideia começou a germinar dois anos atrás, um pouco antes de ele pedir demissão na Record, onde apresentava o Show do Tom. “Ninguém entendeu. Achavam que eu queria ir para a Globo, mas não era isso”, garante. Em Los Angeles, ele acabou de rodar o curta-metragem Pizza Me, Mafia!, dirigido pelo brasileiro radicado na cidade Gui Pereira (Veja o trailer em www.facebook.com/PizzaMeMafia.). Maria também mostra interesse pelo cinema e foi protagonista de seis filmes feitos num curso na filial da New York Film Academy em Los Angeles. “Ela tem uma veia artística. Talvez não aconteça nada para mim aqui, mas para ela estou muito seguro que sim”, diz o pai.
Não por acaso, o canto preferido da família na casa de três níveis é a sala de filmes que fica no piso inferior, perto da piscina. Ali, cercados de fotos clássicas de grandes atores americanos, a família assiste longas e séries de TV. “Agora posso curtir a Maria”, revela Tom. A menina também adora ficar grudada no pai. Outro lugar especial é a cozinha, onde os três se juntam para preparar pratos especiais. Maria, que é fã dos programas de culinária, até aprendeu a fazer risoto.
Tom Cavalcante brinca com um cone de rua em frente ao famoso clube de humor Laugh Factory
Foto: Rafael Lamus
Escolher o bairro numa cidade que você conhece pouco foi um desafio. Chegaram até a procurar em Beverly Hills. A paisagem no alto da montanha os conquistou e a casa achada poucos dias antes de voltar ao Brasil estava mobiliada mas claro que ainda assim foi preciso comprar muita coisa. A família não trouxe nada do Brasil, tudo ainda está montado em São Paulo. Os dois filhos mais velhos de Tom, Ivens e Ivete, de um casamento anterior, ficaram na cidade. “É uma mão de obra procurar lugar para morar, abrir conta em banco, ver escola para a Maria. Vou escrever um manual sobre isso”, conta Tom.
Nos Estados Unidos, os Cavalcante podem relaxar: “Às vezes, andando na rua à noite, fico preocupado, olhando para os lados. Aí me lembro que não estou no Brasil”. Como as aulas de Maria começaram apenas em setembro, a família pôde aproveitar a cidade, visitando lugares como o Observatório Griffith, que também fica no alto da montanha. Também deram algumas escapadinhas para o México e Las Vegas.
Quando voltar ao Brasil, provavelmente no começo do próximo ano, Tom pretende retomar os shows, sua principal motivação. Algumas aventuras americanas certamente devem fazer parte dos espetáculos de humor – como o agente da imigração que ficou de bate-papo com ele um tempão depois que soube que era humorista. “Ele até perguntou se eu imitava o Obama. Mas não imitei ali na frente dele, não!”, conta rindo.
MATÉRIA PRESENTE NA EDIÇÃO 1988 DA REVISTA CONTIGO!, NAS BANCAS EM 23/10/2013.
“Maria tem veia artística. Talvez não aconteça nada para mim aqui, mas para ela estou muito seguro que sim”
Foto: Rafael Lamus