Thiago Mendonça conquista prêmio de ator revelação
O ator recebeu o Prêmio Contigo! de Televisão por sua grande atuação em Duas Caras
O personagem Bernardinho e sua família
nada convencional caíram nas graças
do público
Foto: RAFAEL FRANÇA
Aos 27 anos, Thiago Mendonça curte o sucesso de Bernardinho, de Duas Caras. O personagem tinha tudo para ser polêmico, mas virou o queridinho da trama de Aguinaldo Silva. O público deixou o conservadorismo de lado e torceu pela família pouco ortodoxa, formada por Bernardinho, Dália (Leona Cavalli) e Heraldo (Alexandre Slaviero). Aceitou até um “agregado”, Carlão (Lugui Palhares), que terá final feliz ao lado do trio.
Thiago, claro, achou ótimo a repercussão positiva do personagem, que marcou sua estréia na TV, depois de dez anos de teatro, e lhe rendeu o Prêmio Contigo! de Televisão como ator revelação. Em entrevista exclusiva à Minha Novela, realizada no Hotel Glória, no Rio, o ator falou desta sua nova fase, sem, no entanto, revelar nada da vida pessoal. Aliás, o tema o tira do sério. “Minha vida diz respeito a mim”, dispara o rapaz, que acaba de ser convidado para encarnar Renato Russo em Somos Tão Jovens, de Antônio Carlos de Fontoura. Ah, sobre o filme, ele também não quis dar detalhes. “Aprendi, com a minha mãe (a professora Carolina Mendonça), só falar depois que a coisa acontecer”, explica. A gente respeita.
Duas Caras está acabando… Como avalia a sua participação na trama?
Foi meu primeiro contato com uma novela. Então, foi meio que uma escola na prática, com professores bacanas, que eu sempre admirei muito.
Por exemplo?
Wolf Maya (diretor-geral da trama), Aguinaldo Silva, Ary Coslov (diretor)… Toda a equipe de direção é muita talentosa. Eles foram generosos. Só tenho a agradecer. E o fato de ter sido bem recebido pelo público é um bonus-track do CD (risos).
Deu para pegar o ritmo da TV?
Não sei… de dentro, é difícil avaliar. Mas tenho sensibilidade para ritmos, danço conforme a música. Os diretores que poderiam responder melhor, mas não me lembro de ter pisado no pé de ninguém, de ter tropeçado, caído no salão… (risos).
Sofreu em algum momento?
Sofri bastante e sofro. Meu normal é sofrer, não que a atuação não me dê prazer. Sofro no sentido de que poderia ter sido diferente; poderia ter feito desse jeito, daquele… Ainda mais nesse ritmo (da televisão)… Raras são as vezes que a gente refaz alguma coisa. Mas aprendi até a sofrer menos, porque depois que eu via o resultado na tela, pensava: “Até que ficou bom!”
Você chegou a ter problema com o público por causa de Bernardinho?
Não. Pelo fato de o personagem fazer o bem e ser um bom caráter, acima da sexualidade que ele pratica ou qualquer coisa. Sempre recebi carinho na rua. Não sei se por ter feito 2 Filhos de Francisco antes da novela…. Mas é engraçado, me chamam de Bernardinho.
Isso o incomoda?
Não, mas meu caráter não é o mesmo… Não que eu seja maucaráter, mas o meu é questionável como todos os humanos. Sou falho, fraco, sou diferente, não sou personagem da ficção. Tenho minhas complicações. Mas as pessoas querem que eu aja como o Bernardinho.
Bernardinho, Dália, Heraldo e, no final, Carlão acabaram cumprindo uma função social. Você vislumbrou isso quando aceitou o trabalho ou é daqueles que vêem novela como entretenimento?
De maneira nenhuma. Venho do teatro e o teatro que eu acredito é esse, que tem a capacidade de transformar o espectador. Faz com que ele reflita no momento e leve alguma reflexão para casa. Esse é o teatro que faço na Companhia de Teatro Íntimo. Quando veio o personagem, eu vi, sim, nisso uma função social. Isso me excitou. Preconceitos são para serem diluídos. E a novela, nesse nosso Brasil, mais do que qualquer outro meio, tem, sim, essa função social. É bom os autores explorarem isso, sem abrir mão do entretenimento. Não precisa transformar a novela das 9 em um Telecurso.
Você estava preparado para o assédio da imprensa e do público?
Não me preparei para nada, as coisas foram acontecendo. Não me preparei nem para o trabalho em si. Novela faz parte da minha vida desde sempre. Não que se aprenda só vendo, mas a gente está envolvido naquele universo de alguma forma.
E a repercussão? Com o sucesso, os holofotes se voltaram para você…
Não só os holofotes, como os dedos também, porque começa o julgamento de pessoas que não sabem quem você é. Acham que podem julgá-lo e condená-lo. Isso, sim, incomoda. Mas sou transparente. Com isso, delimito bem o espaço que cada um pode ter. O que ponho à disposição das pessoas é meu ofício. Meus outros prazeres, o que eu faço ou deixo de fazer, só diz respeito a mim e deixo bem claro esse limite. Cada um tem de cuidar da sua vida.