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Thiago Lacerda: “As mulheres são complexas. E é bom que seja essa a natureza feminina”

O ator Thiago Lacerda só coleciona mulheres na ficção. Na vida real, está em um casamento de 14 anos com a atriz Vanessa Lóes. Sua receita para o relacionamento durar? Humor, teimosia e, claro, muito amor.

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 28 out 2016, 05h48 - Publicado em 29 out 2014, 22h00
Carla Ghermandi
Carla Ghermandi  (/)
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Qual a chance de um homem lindo, de olhos claros, sorriso perfeito e 1,95 metro sair mal na foto? Praticamente zero. Ainda assim, é visível o sofrimento de Thiago Lacerda enquanto posa para o retrato desta entrevista. Apesar da beleza incontestável, que impede até o próprio de recorrer à modéstia para negar, ele conta que nunca cogitou seguir carreira de modelo justamente porque sempre teve uma total incapacidade de se portar com naturalidade diante de uma câmera. Quando termina a série de cliques, um Thiago Lacerda aliviado agradece à equipe e começa a discorrer sobre sua timidez. Quem o ouve falar com tamanha tranquilidade até duvida de que, de fato, ele possua tal traço de personalidade. Mas o ator, de 36 anos, explica que conversar não é problema para ele – e, diferentemente das ameaçadoras lentes, os gravadores lhe parecem amigáveis. A verdade, aliás, é que ele adora dar entrevistas e, entre um cafezinho e outro, vai contando histórias, emitindo opiniões, emendando um assunto no outro.

A timidez volta à berlinda quando narra o início da carreira artística – que, em 2014, completa 17 anos. Ele estava na faculdade de economia e sonhava em ser gerente de banco. Como precisava perder a vergonha para lidar com o público na futura profissão, lá foi fazer curso de teatro. Não demorou a encarar um teste na Globo e ganhar, em 1997, papel em Malhação. Entre novelas, séries, minisséries e especiais, já foram mais de 20 trabalhos na emissora. Sem falar em seis filmes e dez peças. E ele não para. Neste mês, no dia 16, estreia a animação Festa no Céu, sua terceira incursão como dublador: ele dá a voz brasileira a Joaquim, um dos heróis da história. Em novembro, voltará às novelas, em Alto Astral, a próxima das 7, na pele do antagonista, o cirurgião Marcos, que ele não gosta de chamar de vilão.

O papel nada tem a ver com o mocinho Matteo, de Terra Nostra, que, em 1999, foi seu primeiro protagonista e um retumbante sucesso. Vivia o auge, portanto, quando começou a namorar a atriz Vanessa Lóes, 42, com quem está até hoje. O casal tem três filhos: Gael, 7 anos, Cora, 4 anos, e Pilar, 5 meses. Nesta entrevista, o ator diz que perseverar é preciso quando se quer ter um relacionamento duradouro. Homem de família, pai presente, ele conta que valoriza a simplicidade e a vida no campo, embora, como bom carioca que é, também adore praia e um chopinho. Ainda revela, de um jeito bem convincente, que não se fixa em padrões estéticos. “Já conheci gordinhas lindas”, afirma. “O conceito de beleza é relativo.” Mulher de sorte essa Vanessa.

Joaquim, seu personagem na animação A Festa no Céu, tem força e humor, e vai ficando mais sensível conforme se desenrola a trama. Assim, ele acaba virando o ideal feminino de homem. Você tem essas características?

Acho que sim, um pouquinho de tudo. Mas as mulheres são complexas, e é bom que seja essa a natureza feminina. O que eu gostaria é que a gente tivesse mais entendimento para lidar melhor com as adversidades dos relacionamentos. E tem uma ferramenta imprescindível para isso que é o humor. Eu acho que o humor é a saída para 95% das questões conjugais. Estou casado faz 14 anos e há momentos em que olho para a Vanessa e digo: “Por que a gente não ri disso?” 

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Um casamento longo como o seu é resultado de uma opção, uma insistência, um investimento… Concorda?

É tão difícil e é tão maravilhoso ao mesmo tempo. Acho que, sim, precisa ser uma opção, uma insistência, um investimento, uma teimosia… E deve haver amor. É muito fácil desistir. Hoje em dia as pessoas transam rápido, se casam rápido, engravidam rápido, se separam rápido e está tudo bem. Precisa de perseverança, aprender a relevar suas expectativas e a se transformar em vez de querer transformar tudo em volta.

Quando conheceu a Vanessa, você tinha só 23 anos e vivia uma explosão de sucesso. Ela lhe colocou freio?

Acho que eu que fiz todo o movimento, pois me apaixonei. Ela é uma mulher incrível e aprecio sua personalidade. A Vanessa é interessante, bonita, ativa, é uma mãe maravilhosa, enfim, todas as possibilidades ali são atraentes. E desde sempre. Então, acho que essa coisa de colocar freio não foi de lá para cá, foi daqui para lá. Eu quis viver esse relacionamento.

Você é do tipo paizão?

O que sei é que trabalho pra caramba. A gente tem ajuda, mas não terceirizo. Faço bastante coisa com eles. Não delego minha função de pai, mas nem sempre tenho paciência suficiente para fazer tudo que os filhos demandam. Também tenho meus conflitos. Mas deixo claro, digo: “Isso papai não quer”. Eles me solicitam muito, meus filhos são grudados em mim, sou um pai muito presente.

O que prioriza na educação deles?

Diálogo, e tento oferecer oportunidades de conhecimento. A gente tem uma casa na Serra Fluminense. Então, mostro a natureza, a Mata Atlântica, os animais. Lá há duas vaquinhas: mostro, por exemplo, que o leite é tirado delas, não brota na caixinha. Acho essas experiências fundamentais na formação de um indivíduo consciente. Agora, o que eles vão ser é um mistério. Há outros fatores que interferem no resultado, mas oferecer oportunidades assim é o maior prazer para mim e o maior compromisso que tenho com a educação deles.

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Você sempre elogia a vida no campo e já disse que nada tem a ver com o show business. Por quê? Viveria no mato?

Tenho a impressão de que não sou desse lugar que ocupo. Eu sou do mato, da natureza, do campo. Gosto do silêncio, de um ritmo mais humano para todas as coisas. Amo o que faço, mas, quando a luz apaga, a minha opção não é voltar para a luz, é ir para o silêncio. Tem gente que se dedica avidamente à ideia de estar sob os holofotes. Eu não sou essa figura.

Então, é de se supor que o assédio dos paparazzi é algo muito incômodo para você. Correto?

Não, eu sempre me diverti muito com isso. Quando fica ruim, simplesmente vou embora.

Aliás, você parece não estar nem aí quando é fotografado mais gordinho na praia…

E não estou mesmo. Tenho certeza de que há pessoas que acham os gordinhos lindos, e eu já conheci gordinhas lindas. A beleza é um valor, mas o conceito de beleza é relativo, subjetivo e individual. Dizer que o Thiago é bonito não é uma verdade, pois tem gente que não me acha bonito e é supersaudável que seja assim.

O que acha de você?

Acho que sou um cara bonito, mas isso não significa que eu me ache sempre bonito. Tem dia que eu não estou a fim de mim.

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Envelhecer assusta?

Adoro a ideia de envelhecer. Só tenho medo de não envelhecer saudável. Sempre achei bonitos os homens grisalhos. O José Mayer é um charme, o Antonio Fagundes também… Tenho certeza de que sou melhor e mais interessante hoje do que era há dez anos. Acho que o tempo precisa ser encarado com mais naturalidade. Dificilmente vou ser desses caras que usam Botox e fazem cirurgias.

Como vê o atual culto à juventude?

Acho tão triste. Vejo meninas lindas, jovens, com 30, 33 anos, cheias de química na cara. E fazem plásticas, mexem na boca… Será que alguém fala para elas que isso é bonito? É igual a essas mulheres de academia, mulher com braço de homem, com perna de jogador de futebol, com bunda que você não sabe se é bunda ou um acessório. Pode ser gosto pessoal e eu tenho que respeitar, mas acho tão feio… Mulher tem que ser feminina e estar saudável. Não é que não deva malhar, ser vaidosa. Sou contra exagero. Até sou a favor das intervenções, desde que vá deixar a pessoa feliz. Mudar o nariz, colocar silicone… O.k.. O que não dá é para começar a mexer em tudo.
 

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