Tarcísio Meira diz que sempre estréia diante de um personagem novo
Em entrevista, o ator fala sobre o paizão Copola em A Favorita e o rumo das novelas atualmente
Como Copola, em A Favorita, Tarcísio
Meira tem muito a ensinar, mas se
diz um aprendiz
Foto: Rogério Pallata
Ano após ano, era só ligar o botão da TV e ele estava lá, sempre carismático, seja para viver o vilão ou o mocinho. Tarcísio Meira amadureceu na sua frente. Ele foi estrela da primeira telenovela diária, 2-5499 Ocupado (1963), da TV Excelsior e acompanhou tudo, cada turbulência, cada fracasso, cada sucesso da teledramaturgia brasileira. “O mundo hoje é diferente e a novela está cumprindo seu papel de acompanhá-lo e de estar sempre em contato com o público. Tanto é que o público continua em contato com as novelas, 45 anos depois”, acredita. E Tarcísio sabe bem do que fala, porque aprendeu na prática. Os anos na TV, no entanto, não tiraram a magia da arte de atuar num folhetim. “O autor escreve um personagem de papel e tinta. De repente, ele ganha forma, voz, expressão, convicção. Vai passando por experiências que mudam sua trajetória e, por fim, os seus sentimentos. É vivo e eu o descubro junto com o autor”, explica o eterno galã.
“Estou sempre estreando”
No ar como o paizão Copola, de A Favorita, Tarcísio confessou, no dia da estréia da novela, que ainda fica nervoso a cada primeiro capítulo. “O ator fica inseguro diante de um personagem novo. Estou sempre estreando”, conta, rindo. Parece difícil de acreditar, vindo de alguém com o seu currículo. Mas é só ele começar a falar de seu papel na trama de João Emanuel Carneiro, com o ânimo de um iniciante, que fica clara sua paixão. “Copola é um personagem muito caloroso. Ele tem uma pureza, uma sensibilidade. Até aqui não encontrei nada de ruim nele.”. Talvez por ter na TV sua segunda casa, Tarcísio enxergue o mundo com um toque de fantasia. “Acho as pessoas interessantes. Acredito que todas dariam personagens maravilhosos de novela”, conta ele, que revela ter recusado poucos trabalhos até hoje.
Fenômeno brasileiro
Dizem que Tarcísio, em cena, é garantia de alguns pontos a mais na audiência. Juntá-lo à sua eterna parceira, Glória Menezes, a Irene da mesma trama, é certeza de sucesso. Por que, então, A Favorita não tem uma audiência estrondosa, digna dos tempos de Guerra dos Sexos (1983)? O veterano responde: “O que acontece é que, antes, a novela reinava absoluta. Hoje, a vida oferece mais prazeres. Mas acho que o público nunca deixará de assistir às tramas. É um fenômeno brasileiro”, avalia. E o casamento de 44 anos com Glória também pode ser considerado um fenômeno, entre as relações perecíveis das celebridades. “Não fazemos força para ficar juntos. A razão pela qual nos casamos e pela qual continuamos é a mesma: amor”, pondera o astro, que, acredite, ainda manda flores para a esposa nos dias importantes. Homem de relações duradouras, Tarcísio mantém firme o contrato com a Globo. “Tenho uma ligação muito forte com a emissora. Mas sou artista, de repente, posso querer mudar…”, diz. Depois, pensa melhor e completa: “Se bem que eu acho que não faria essa tentativa, não!”.
Paizão em todos os sentidos
Na trama, Copola cuida das filhas e dos netos como um leão. O estilo paizão se estende aos bastidores. Contracenando com iniciantes, como Thiago Rodrigues, Tarcísio acha boa a troca de experiências. “Eles têm um frescor que, às vezes, eu posso não ter mais.” Na vida real, o ator tem o prazer de viver numa família grande, composta por Tarcísio Filho e os dois filhos de Glória, Maria Amélia e João Paulo, além dos quatro netos.