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“Ser ator não é para qualquer um”, diz Osmar Prado

O ator fala sobre o privilégio de trabalhar, há 51 anos, na profissão que tanto ama e respeita

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 21 jan 2020, 08h24 - Publicado em 11 Maio 2009, 21h00
Gabriella Coutinho  (/)
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“É um privilégio poder viver dessa profissão”, afirma o ator Osmar Prado
Foto: Divulgação/ Rede Glogo

A trajetória de Osmar Prado se confunde com a história da televisão brasileira. Afinal, são 51 anos de carreira e um currículo de fazer inveja. O ator, de 61 anos, sabia desde o 11 que sua vida estava mesmo nos palcos e nas telinhas. Osmar integrou, inclusive, o elenco de Ilusões Perdidas (1965), a primeira telenovela exibida pela Globo.

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Durante todo esse tempo, o ator praticamente emendou um trabalho no outro e é exatamente o que acontece agora. Osmar ainda gravava na pele do empresário italiano Cícero Cassini, de Ciranda de Pedra (2008), quando foi convidado para interpretar o Manu de Caminho das Índias. Mas, segundo ele, valeu a pena.

Graças às pesquisas que fez para compor o comerciante de perfumes, Osmar aprendeu, e muito, sobre a cultura indiana. E revela que o computador e os livros foram os responsáveis por todo esse conhecimento sobre o país do Oriente, já que ele não viajou para a Índia, como grande parte do elenco. 

Como você analisa a polêmica levantada pela novela sobre as humilhações sofridas pelos dalits?
Essa questão é discutida na novela de maneira muito interessante. O mundo é excludente. São 180 milhões de dalits na Índia e, no meu entender, os “intocáveis” são os nossos excluídos, aqueles que vivem no subsolo. Todas as sociedades têm isso e o mundo só vai ser melhor quando a gente puder diminuir essa distância.

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Mas como está sendo interpretar um personagem que pertence a uma cultura tão diferente da sua? 
Fui à Índia em vídeos, literatura, em conversas. Eu estava gravando Ciranda de Pedra e não deu para viajar com o restante do elenco. Até gostaria de ter ido para mergulhar nesse universo, mas os DVDs e o computador são tão fantásticos, que você chega a qualquer lugar do mundo com um clique. É assustador! (risos)

O que o seduz num papel depois de tanto tempo atuando?
Sou ator desde que nasci, trabalho nisso há 51 anos. O que sempre me moveu foi a paixão pelo que eu faço, pelo trabalho, o gosto pela descoberta É como se eu estivesse num quarto cheio de brinquedos, onde desenvolvo a minha imaginação. É um privilégio poder viver dessa profissão. Sou um afortunado porque vivo bem dela. Acho que deveria existir teatro em todos os currículos escolares, além de música e arte, para que você saia desse cotidiano massacrante, que impede as pessoas de fazerem valer seu sonho. Trabalho com meu sonho, com minhas doenças e, por meio deles, consigo espelhar para que outras pessoas se vejam. É uma carreira difícil, com muitas dificuldades, mas estar com 61 anos de idade, 51 de carreira e ainda atuar é um privilégio, não é para qualquer um.

Nas novelas, você contracena com muitos jovens atores. Costuma dar algum conselho a eles?
Não dou conselho a ninguém porque conselho não se dá. A gente troca experiência. Eles têm coisas pra me dar e eu a eles. Eu tenho três filhas e nunca dei conselhos a elas, sempre discuti possibilidades. Elas são minhas amigas e acho que isso é fundamental: é não ser dono da verdade, ter consciência das suas próprias limitações, ser um eterno aprendiz. O somatório de conhecimentos é uma coisa palpável, mas nunca é definitivo, você tem que trocar.

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