Sensata, Gabriela diz que “Cota não é esmola” em conversa sobre racismo
Junto com Rodrigo, a sister deu uma verdadeira aula sobre racismo para os participantes da casa.
Se você pensa que o “Big Brother Brasil 19” é apenas um reality show raso, a última noite na casa mostrou que ali também é um espaço para discutir temas sociais importantíssimos. Na madrugada desta sexta-feira (25), os brothers e sisters debateram sobre racismo na mesa da cozinha e Rodrigo e Gabriela deram uma verdadeira aula para todos.
O racismo no Brasil é estrutural, é só lembrar do comercial da Perdigão para se ter uma ideia de como a nossa cultura é repleta de desigualdades e estereótipos raciais que estão presentes até mesmo em falas comumente ditas com um ar de inocência, mas que escondem um significado de preconceitos e violações.
Por ser cientista social especializado em direitos humanos e negro, Rodrigo explicou da melhor maneira possível para os participantes (e para todo o Brasil) como a ideia de embranquecimento da população ainda é sentida e impulsionada no país.
“Existia uma ideologia do embranquecimento para melhorar a condição econômica-politico-social do Brasil de que teríamos que embranquecer o Brasil. Então, trazem pessoas europeias pra cá e aí você tem uma política da sociedade e isso é história mesmo. Aí tem uma campanha pra isso. Nasce também a nomenclatura pardo. Ao invés de sinalizar que as pessoas são negras, as pessoas são pardas. Tanto que na minha certidão de nascimento está escrito pardo“, conta Rodrigo.
A fala sobre o documento do brother ainda conter a indicação “pardo” espantou os participantes, mas ele logo complementou que isso não acontece mais no Brasil, já que hoje existe a autodeclaração racial. Aprofundando mais, Rodrigo explicou a origem de alguns termos racistas que ainda são falados livremente no vocabulário popular.
“A gente passou décadas acreditando que as pessoas negras com pele clara são pardas ou brancas. A palavra moreno vem do brunette, pessoas brancas de cabelo preto. Uma pessoa negra com pele clara continua sendo negra. A grande questão é que até hoje se coloca a cultura negra e suas características como algo ruim, negativo, você encontra pessoas com a minha tonalidade dizendo que são morenos, chocolate, aquela palavra horrorosa ‘mulato”.
Em determinado momento da roda de conversa, Maycon perguntou sobre cotas na mesa, foi então que Gabriela tomou a fala e, pausadamente, deixou sua resposta sem um ar de dúvidas. “Só vou te dizer uma coisa. Cota não é esmola!”, disse a cristal sensata da casa. Não tem palmas suficientes no mundo para enaltecer essa mulher, minha gente.
E para finalizar esse debate fundamental que levou muito conhecimento e reflexão para as pessoas, a sister Hana (que já pode ser cotada para um futuro Oscar) nos lembrou de um áudio que circulou nas redes da conhecida Barbie Fascista, onde a filha de um empresário se irrita ao saber que é privilegiada. Veja o vídeo da imitação:
Viu só, Big Brother também é cultura e traz assuntos que precisam ser debatidos em qualquer mesa de cozinha. Obrigado, Gabriela e Rodrigo!