Por que o Príncipe William não foi e nem irá à Copa do Mundo da Rússia?
Uma trama de espionagem, traição e envenenamento impede que o Príncipe William veja a seleção da Inglaterra em seu melhor momento desde 1990.
A Inglaterra é apaixonada por futebol, inclusive a Família Real. O Príncipe William é o presidente honorário da Football Association, o equivalente inglês à CBF. A Família Real sempre comparece à Copa do Mundo, na vitória ou na derrota, e temos fotos para comprovar esse amor.
Em 2014, o Príncipe Harry marcou presença na Copa do Mundo no Brasil. Ele assistiu ao empate em 0 a 0 da Inglaterra contra a Costa Rica, no Mineirão. Neste ano, a seleção deles foi eliminada ainda na fase de grupos.
Em 2010, os dois irmãos prestigiaram a seleção inglesa na África do Sul, onde assistiram à partida entre Inglaterra x Argélia. Foi um chato 0 a 0 e a Inglaterra foi eliminada pela Alemanha nas oitavas de final.
Em 2006, William não faltou à competição na Alemanha, pertinho de casa, e viu a Inglaterra vencer o Paraguai por 1 a 0.
Na Copa atual, a Inglaterra está fazendo a melhor campanha desde 1990, e chegou às semifinais. Mesmo assim, nenhum membro da realeza foi ou irá assistir a esse triunfo pessoalmente na Rússia.
O motivo não é nenhum compromisso oficial, agenda cheia ou o recente casamento de Harry. A Família Real e os políticos ingleses estão fazendo um boicote oficial à Copa do Mundo.
O boicote foi anunciado em março pela primeira-ministra Theresa May, e o motivo é um incidente diplomático bem grave entre a Inglaterra e a Rússia, que mais parece história de filme dos anos 1980. Vem com a gente para entender.
Traição, espionagem e envenenamento
Em março, um ex-militar russo chamado Sergei Skripal, de 66 anos e a filha dele, Yulia, 33 anos, foram envenenados na cidade de Salisbury, na Inglaterra. Nos anos 1990 e 2000, Sergei foi um espião para os ingleses. Era, portanto, um agente duplo, que trabalhava para os russos e para os ingleses ao mesmo tempo.
Ele foi descoberto e preso na Rússia em 2004, acusado de alta traição e condenado a 13 anos de prisão. Em 2010 ele conseguiu sair da Rússia e foi mandado para o Reino Unido, dentro de um programa em que os dois países trocaram espiões que haviam sido presos de um lado e de outro. Com isso, Sergei ganhou cidadania britânica e passou a viver lá, na teoria aposentado, mas na prática ainda fazendo uns trabalhinhos de espionagem aqui e ali, de acordo com o New York Times.
Pois pelo jeito os russos estavam de olho, e em março ele e a filha foram envenenados. O envenenamento aconteceu com um agente nervoso, um produto químico que altera a forma como os nervos se comunicam com os órgãos. A morte por parada cardíaca pode acontecer muito rapidamente, já que as vítimas não conseguem respirar. O agente nervoso que envenenou Sergei e Yulia era de uso militar e de um tipo desenvolvido adivinha por qual país?
Acertou quem disse “Rússia”.
A partir daí, iniciou-se uma troca de acusações entre o governo russo e o governo britânico. Os ingleses afirmam que quem envenenou Sergei e a filha foram os russos. E os russos têm certeza que isso tudo foi uma armação inglesa. Os ingleses expulsaram 23 diplomatas russos do Reino Unido. Os russos, então expulsaram 23 diplomatas ingleses da Rússia. Dezenas de países apoiaram o Reino Unido nessa, e mais gente foi expulsa de um lado e do outro. Enquanto os diplomatas faziam as malinhas, Sergei e Yulia se recuperavam no hospital. Sim, minha gente: eles conseguiram não morrer.
Enquanto as investigações corriam, a primeira-ministra Theresa May tratou de providenciar mais retaliações contra a Rússia, que se recusou a prestar esclarecimentos sobre o incidente. Entre as retaliações estão: aumentar o nível de checagem de segurança em voos originários da Rússia; a suspensão de contratos comerciais entre Rússia e Reino Unido; e o que é mais sofrido para nós, fãs da Família Real, e imaginamos que para William e Harry também: o boicote à Copa do Mundo 2018.
Príncipe William ❤ Copa do Mundo
O Príncipe William está tão envolvidão com a Copa que, em visita recente à Jordânia, não pôde ver o jogo ao vivo, mas desviou de spoilers para poder assistir ao VT da partida entre Inglaterra e Panamá sem saber do placar (foi 6 a 1 para a Inglaterra!)
E por duas vezes ele quebrou o rígido protocolo da realeza, que proíbe que ele use redes sociais, para mandar recadinhos públicos para a seleção inglesa, assinando com um discreto “W”.
“Eu não poderia estar mais orgulhoso da Inglaterra – uma vitória nos pênaltis! Vocês merecem de verdade um lugar nas oitavas de final da Copa do Mundo, e devem saber que o país inteiro está torcendo por vocês no sábado! Vamos lá, Inglaterra! W”
“Vocês queriam fazer história, Inglaterra, e vocês estão justamente fazendo isso. Esta Copa do Mundo está sendo uma incrível jornada e estamos curtindo cada minuto. Vocês merecem esse momento – o futebol está indo para casa! W”
A Família Real está convidadíssima, mas…
Com o avanço da Inglaterra rumo à final da Copa do Mundo, a Rússia reforçou que tanto a Família Real quanto políticos que queiram fazer uma visita oficial à competição são muito bem vindos. Alexey Sorokin, chefe do comitê organizador da Copa, declarou que fica “intrigado com a decisão de certos políticos – sem nomear ninguém – de não visitar a Copa do Mundo”.
Ainda mais agora, que a saia-justa de uma partida entre Inglaterra x Rússia foi eliminada – a Croácia venceu os donos da casa e é ela quem vai enfrentar a Inglaterra na próxima terça-feira (10) – seria bem divertido ver a realeza nas arquibancadas.
Mas dessa vez, o jogo do poder vai prevalecer diante do jogo de futebol: voltar atrás no boicote seria muito sério e desmoralizaria o governo britânico. Assim como para a Seleção Brasileira, os príncipes William e Harry vão ter de esperar até a Copa de 2022, no Catar, para ter essa alegria novamente.