Paula Fernandes revela: “Fiz essa música para o homem que mais me decepcionou na vida”
A cantora, que fez as pazes com o cupido, se prepara para lançar, no fim de outubro, um DVD e CD duplo
A cantora observa o pôr do sol, em um condomínio na Grande Belo Horizonte
Foto: Tomás Arthuzzi
Quem diria, uma das músicas mais românticas tocadas atualmente no Brasil desperta lembranças amargas em sua compositora. “Fiz essa música para o homem que mais me decepcionou na vida”, revela Paula Fernandes, 29 anos, sobre a canção Um Ser Amor, tema de Paloma (Paolla Oliveira, 31) de Amor à Vida, novela das 9 da Rede Globo. Quem seria esse namorado? A cantora se cala, sorri e, mineiramente (ela nasceu em Sete Lagoas, a uma hora de Belo Horizonte), diz que prefere não citar nomes do passado. Mas conta que fez a letra há alguns anos. Primeiro, mostrou a ele a poesia, depois, a música. “Contei que havia me inspirado em nosso amor, mas ouvi um legal, interessante, meio chocho, frio. Tempos depois, descobri que ele era um idiota, um bobão, que esse amor era uma ilusão vivida só por mim. Eu me decepcionei profundamente. Mas o legal é que essa experiência ruim virou música”, diz a cantora, que desde junho do ano passado namora Henrique do Valle, 33 anos, dentista. “Pela primeira vez na vida, vivo um amor que vai além da paixão”, diz.
Paula e Henrique foram apresentados por um amigo em comum em Brasília. Os dois haviam marcado com uma turma para andar a cavalo em um haras na região, onde o dentista mora. A maioria acabou desmarcando inclusive o amigo em comum , e, quando eles perceberam, o passeio de galera havia sido resumido apenas aos dois. “Nosso amigo não havia planejado isso. Foi uma surpresa para a gente. E ficamos lá, marchando. E foi, sim, amor mútuo à primeira vista”, ela diz.
Os dois seguem firme no relacionamento à distância: ele vivendo em Brasília e ela, em Belo Horizonte. “Dia desses, ele me falou uma coisa muito bonitinha: Não existe espaço quando a gente está do lado de dentro”, conta enquanto fecha a mão direita e a leva ao coração.
A cantora diz que quando quer desestressar, busca o contato com a terra
Foto: Tomás Arthuzzi
Paula revela que já sofreu muito por amor. “E quem nunca? Acho que por isso muita gente se identifica com minhas músicas. Muitas delas são autobiográficas”, fala sorrindo. Em especial, ela cita Cartas no Porão, que diz: “Eu queimei os beijos que eu te dei/ Todas vezes em que eu já chorei/ Eu fui tão burra e insisti”. A cantora diz que a cena realmente aconteceu há alguns anos. Paula olhava textos que havia manuscrito para um amor antigo, lembrou dos sentimentos e rasgou. “Com Henrique, vivo uma situação inédita: descobri que a base do amor é admiração e respeito, não apenas paixão. Amor não é assim (estala o dedo). Você tem de construir, conhecer o outro, dia a dia. Não tem mágica.”
Como a maioria dos casais apaixonados, Paula e Henrique falam sobre trocar alianças e morar sob o mesmo teto. “Pensamos casar e ter filhos um dia. E usaria um vestido de princesa (risos). Mas não seria logo, no próximo ano. Cada um de nós está em fase de construção individual e damos força um ao outro.”
Conto de fadas moderno
Depois de falar sobre a ideia de um dia se casar, Paula fica em silêncio para logo soltar uma gargalhada, meio moleca. “Quando estava solteira, insinuavam que eu era homossexual. Nada contra, mas isso não fazia sentido… Engraçado que ouvi essa insinuação também na adolescência.” Paula lembra que foi uma menina sonhadora. “Para mim, beijar é como entregar um tesouro. Por isso, só beijei pela primeira vez aos 19 anos com meu primeiro namorado.” Na infância, ela pedia para sua mãe, Dulce Souza, 47, que na época trabalhava em uma mercearia, contar inúmeras vezes a história da Branca de Neve, que sempre foi sua princesa favorita. Paula também adorava a boneca Barbie. “Mas só tive duas. Hoje, gosto de ter um visual de boneca (ela mesma faz questão de preparar seus cabelos e a maquiagem). Sou romântica, gosto de histórias do passado em que as pessoas demoravam mais na conquista, não era essa coisa automática de hoje. Quem sabe já fui uma princesa em outra vida?”, diz ela rindo.
Ao mesmo tempo, há um lado bem prático. “Nunca sonhei com fama ou dinheiro. Mas queria ser alguém na vida”, diz a cantora, que sempre estudou em escola pública e, apesar de trabalhar como cantora em rádios e shows em rodeios desde os 10 anos, buscava ser uma das melhores alunas da sala. “Eu era popular, os garotos me olhavam, mas achava que antes de namorar precisava ter carro e apartamento próprio”, conta.
Paula tem uma relação forte com a família. “Meu pai foi minha maior paixão e me decepcionei com ele na época da separação da minha mãe. Descobri que ele não era do jeito que eu imaginava. Mas sou a favor do divórcio. Amor não precisa ser para sempre, mas infinito enquanto dure”
Foto: Tomás Arthuzzi
Na casa com a mãe
Paula (que gosta de assistir a novelas enquanto ela mesma faz as unhas) saiu aos berros de seu quarto para abraçar a mãe, que estava na sala, quando ouviu sua música tocar pela primeira vez em Amor à Vida. As duas comemoraram a vitória. “Moro com meu irmão (Nilmar, 26, que trabalha na equipe da cantora) e minha mãe em um apartamento em Belo Horizonte. Para mim, é tão normal morar com a família… Sempre fui muito obediente, vivo na estrada e sinto alento ao voltar para casa.” O pai, Oswaldo Fernandes, 60, comerciante, mora em Sete Lagoas. “Ele e minha mãe se separaram há 12 anos. A gente se encontra um pouco menos por isso, mas ele foi fundamental na minha vocação.”
A relação familiar é tão forte que ela entrega de olhos fechados aos parentes a administração de seu dinheiro. “Até há pouco tempo, não sabia quanto dinheiro tinha na minha conta. Quem sempre cuidou disso foi minha mãe e, quando preciso comprar um bem, um carro, por exemplo, falo o modelo e pergunto para ela.”
A cantora nem se importa com o controle das contas. Na verdade, prefere assim: “Desse jeito, eu foco na arte”, diz declarando ser pouco consumista. “Normalmente, faço minhas compras uma vez por ano, quando viajo ao exterior. Gosto de comprar sapatos e produtos para cabelo. No Brasil, não consigo mais ir ao shopping. Um dia, quem sabe, eu me vista de menininho e faça compras na 25 de Março (rua de comércio popular em São Paulo)”, fala rindo.
Sobre o futuro, Paula sabe que tem uma carreira em ascensão. “Por ora, não tenho planos de ser atriz nem de fazer carreira internacional. Quero investir mais nos shows no Brasil, aproveitar que agora abri um escritório para gerenciar meus negócios. Novidades podem assustar no início. Mas gosto delas.”
ESTA ENTREVISTA FAZ PARTE DA EDIÇÃO 1989 DA REVISTA CONTIGO!, NAS BANCAS EM 30/10/2013.
Em novembro do ano passado, ela abriu o próprio escritório, Jeito de Mato. Antes, sua carreira era administrada pela agência do cantor Leonardo
Foto: Tomás Arthuzzi