Estou me esforçando para falar mais
grosso porque o Dodi tem a voz mais
forte do que a minha, diz Murilo
Foto: REGINALDO TEIXEIRA
Para compor Dodi, o vilão de A Favorita, Murilo Benício se inspirou em dois gângsteres do cinema: “É uma mistura de Scarface, do Al Pacino, e do personagem de Brad Pitt em Onze Homens e um Segredo”, define o ator, que, apesar dos ternos caríssimos e bem cortados, aparecerá em cena pouco à vontade em seus figurinos impecáveis. “Ele tem dinheiro, mas não tem classe. Dodi é bronco, não cabe na roupa chique que usa. Está sempre se ajeitando dentro dos ternos. Para completar o visual ainda uso uma corrente grossa de ouro e um relógio imenso”, conta o ator, de 36 anos. Avesso a falar da vida pessoal, Murilo deixa escapar que não pensa em ser pai novamente. Ele diz estar satisfeito em ter Antônio, de 9 anos, fruto de seu casamento com Alessandra Negrini, e Pietro, de 3, de sua união com Giovanna Antonelli. “Não sei se pretendo ter mais filhos. Já tenho dois meninos tão maravilhosos, que se eu não tiver mais nenhum, tudo bem”, garante o galã.
Papel substituto
“Acho que todos os papéis da Rede Globo que eu fiz, a princípio, não eram para mim. Eu sempre fui a segunda ou a terceira opção. De repente, o Fábio (Assunção) não era a primeira escolha também. Acho que ele era do Ricardo Waddington, e não do João Emanuel Carneiro. Quando soube que Fábio não faria o papel, liguei para a emissora para pedir o personagem e dizer que eu estava disponível. Mas eles não estavam nem pensando em mim.”
Chega de comédia
“Depois de me acharem muito dramático nos meus três papéis em O Clone (2001), optei pela comédia. Fiz Arthur Fortuna, de Pé na Jaca (2006), uma participação no Casseta e Planeta, Urgente!… E começaram a achar que eu era o Zacharias. Iam acabar me colocando para trabalhar com o Didi (risos). Como o último vilão que eu fiz na TV foi Juca Cipó, em Irmãos Coragem (1995), achei que seria bom para a minha carreira ser um vilão agora.”
Salto alto
“Estão tão gostosas as cenas que eu faço com a Claudia Raia, que parece que a gente é realmente casado. Temos em cena a intimidade de um casal de verdade. E isso não é fácil, muitas vezes nem depende dos atores. Às vezes, não acontece a química. E com a Claudia rola. Como ela é enorme, coloquei até salto alto para ficar do tamanho dela (risos). Está sendo tudo ótimo. A cena flui perfeitamente.”
Errar para aprender
“Estou me esforçando para falar mais grosso porque o Dodi tem a voz mais forte do que a minha. Observo muito o Fagundes (Antonio) atuando. Até hoje tenta imprimir alguma coisa diferente ao personagem que faz. Acho isso o máximo. É dar a cara para bater. Com o acerto a gente não aprende nada, só recebe elogio. É errando que a gente anda para frente. E eu, com certeza, já errei muito.”
Sem vaidades
“A minha vaidade vai só até o ponto de eu estar limpinho o tempo inteiro. Pintar cabelo, tirar a barba, deixar a barba, ficar careca, com essas coisas eu não me importo. Acho tão charmoso cabelo grisalho. É lógico que se aparecerem só três fios brancos, eu vou pintar. Mas, se meu cabelo ficar todo grisalho, vou deixar. Gostei do grisalho do meu personagem, achei interessante. Talvez porque não seja o Murilo. Se alguém dissesse que agora eu seria assim para sempre, não sei se iria gostar. Ficou tão bom o resultado, que as pessoas acreditam que o grisalho seja meu.”
Tempo para os filhos
“Não quero fazer teatro tão cedo. Gravava Pé na Jaca e viajava o Brasil inteiro com a peça Fica Comigo Esta Noite. Só que o que eu mais amo na minha vida são meus filhos e eu não os via. No aniversário do Pietro, no ano passado, não fui porque estava viajando. Foi terrível.”