Novela Viver a Vida: Marcello Airoldi arrasa na pele de um don juan trapalhão
Tão divertido quanto o seu Gustavo de Viver a Vida, este grande ator comemora a estreia com força total nas novelas
“Ele é um sedutor incorrigível”, afirma Marcello sobre Gustavo
Foto: Rafael Campos
Não resta dúvida! Enquanto Mateus Solano dá um show de interpretação fazendo os gêmeos Jorge e Miguel no núcleo dramático de Viver a Vida, Marcello Airoldi, de 39 anos, é “o cara” vivendo Gustavo, nas cenas cômicas da trama. O carinho e a admiração que vem despertando junto ao público, claro, são motivos de extrema felicidade para esse artista nascido no teatro e que é uma das mais gratas revelações dos últimos tempos. Como ele chegou à Globo? Dê só uma olhada: “Quando fiz o teste para a novela, com um texto que havia sido do José Mayer em Páginas da Vida, saí péssimo, achando que tinha ido muito mal”, confessa, modesto. Àquela altura do campeonato, Marcello nem imaginava que seria escolhido entre outros candidatos. Por sorte nossa, ele está aí, brilhando no papel do advogado atrapalhado e conquistador. O bonitão é casado com Betina (Letícia Spiller), mas arrasta suas asinhas para cima da secretária, da empregada, e vive uma ardente paixão até com a prima da própria mulher, Malu (Camila Morgado).
Sem dúvida, o fogoso – mas que na hora do vamos ver não pega ninguém! – promete muita confusão. “Ele não sabe o que fazer: é pressão da Malu para casar de um lado, chantagem da empregada de outro, isso ainda vai dar o que falar”, comentou Marcello, adiantando que a descoberta de traição por parte da esposa será o fim para o Gustavo, que se mostra um grande machista.
Casado há dez anos com a atriz Lílian de Lima, o artista diz que as pessoas que o observam hoje no vídeo não imaginam o quanto batalhou para chegar até aqui. Foram duas décadas de intenso trabalho no teatro. Nascido em Barueri (São Paulo), ele se formou pela Escola de Arte Dramática da USP, em São Paulo, e começou a carreira aos 19 anos. Depois, foi estudar teatro na Inglaterra. Ao retornar, fundou o núcleo de pesquisas Teatro de Perto, com o qual apresenta e dirige inúmeros espetáculos trabalhando como ator, autor e diretor. De 1997 a 2006, dirigiu o Departamento de Cultura da cidade de Barueri, onde coordenou projetos culturais de literatura nacional e estrangeira. E desde 1990 dá aulas de teatro e também coordena a Companhia de Teatro Vizinho Legal, dirigindo adolescentes que participam de um programa social. No cinema, o astro participou de Linha de Passe, de Walter Salles, e de Condomínio Jaqueline, de Roberto Moreira. Na televisão, fez uma breve participação em Belíssima (2005) e integrou o elenco de Som e Fúria. Também na Globo, gravou o especial Por Toda a Minha Vida, no qual personificou o saudoso Adoniran Barbosa, que será exibido ainda neste semestre. Confira, a seguir, muito mais numa entrevista saborosa e cheia de bom humor!
TITITI Como tem sido a resposta do público com relação ao Gustavo?
Marcello Airoldi Olha, percebo que ele não é odiado, não. Muito pelo contrário. O povo gosta de um cafajeste, e como gosta! Isso é um fato histórico (risos).
Explica isso melhor…
A maioria das mulheres gosta, apesar de sempre chegar alguma e me alertar de que uma hora dessas do Gustavo vai dançar (risos). Por parte dos homens, o apoio é incondicional. Teve um cara que gritou uma vez, de dentro do carro: “Gustavo, você é meu ídolo” (risos). Isso me ajuda a caracterizar o tipo porque acabo encontrando diversos “Gustavos” por aí, de diferentes classes sociais, palpitando com quem eu deveria ficar ou investir.
E os assédios mais quentes? Tem rolado?
(Gargalhadas) Um pouquinho… Teve uma senhora que veio no meu ouvido e sussurrou: “Se ela não te der, eu dou”! No Orkut, então, chega muita coisa. Algumas mensagens até tive que apagar para poupar minha esposa, pois sou casado (risos).
Seu personagem foi aparecendo cada vez mais ao longo da trama. Você esperava que ele crescesse tanto?
O fracasso extraconjugal do Gustavo que o Maneco (o autor Manoel Carlos) criou é o segredo para o sucesso do tipo. O Manoel é fantástico. Ele deixa os problemas dos personagens aumentarem, aumentarem, e não dá solução. E essa é a fórmula. Quanto mais vão crescendo os problemas, mais o público começa a se interessar e assistir.
Para você, o Gustavo tem jeito?
Não sei, ele é um sedutor incorrigível. O negócio dele é mulher! Mas, ao mesmo tempo, penso que ele vai ter de amadurecer muito quando tiver que relacionar a traição da Betina com a decisão de ficar ou não com a Malu.
Afinal, quem ele ama de verdade? Apesar de apaixonado pela Malu, creio que ama de coração a Betina. Mas é um machista nato, daqueles que amam suas mulheres, só que, por serem homens, acham que podem ter outras por fora. Como o Gustavo vive em constante estado hormonal de paixão (risos), sente esse desejo proibido, essa loucura, pela prima da mulher, que exerce um fetiche nele por ser uma jornalista poderosa…
O Gustavo morre de ciúme da filha, Clarisse (Cecília Dassi), porque o namorado dela é mais velho. Você acha que isso também é uma forma de machismo?
Sim!!! Pelo fato de o Gustavo ser um sedutor, sabe o que um cara da idade dele pode muito bem desejar uma menina da idade de sua filha, porque ele faria o mesmo, concorda?
E como é o Marcello longe das câmeras? Desperta ciúme na esposa?
Vivo uma união plena com a Lílian há dez anos. Por ela ser atriz, sabe que a novela mostra uma realidade que acontece em muitas famílias. No meu caso, isso fica limitado só à ficção. Fora dela, a minha história é outra (risos).