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Nasce um ídolo infantil?

Fabrício Boliveira, o Didu de A Favorita, mede na rua o sucesso de seu personagem

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 21 jan 2020, 10h48 - Publicado em 24 nov 2008, 21h00
Heloiza Gomes (/)
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“Didu perdeu a mãe muito cedo e a 
substituiu pela droga e pela Rita 
(Christine Fernandes) logo depois”,
afirma o ator
Foto: César França

O encontro com o baiano Fabricio Boliveira, 26, aconteceu no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Na manhã de uma quarta-feira, num dia que começou meio nublado. Ou seja, tinha tudo para a entrevista transcorrer de forma tranqüila, mas… Toda hora, grupos de crianças, em excursão de colégio, interrompiam a conversa.“Didu, Didu!”, gritavam, chamando o ator pelo nome de seu personagem em A Favorita. Fabricio acenava e sorria. Era a deixa para a criançada se aproximar para pedir autógrafos e tirar fotos com o ídolo. Uma loucura! Mas Fabricio tirou de letra e, entre uma interrupção e outra, tentou explicar o sucesso de Didu, um rapaz sem auto-estima, com problemas de alcoolismo e sem ocupação definida.

Esse assédio todo dá uma pirada?
É engraçado e muito doido isso às vezes. Tenho passado uns apertos loucos nos lugares, uma maluquice mesmo… Não gosto dessa coisa de herói, de o colocarem numa posição acima.

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Existe ator que, realmente, acredita estar acima de todos…
É, mas não pode cair no conto de fadas. Isso é efêmero. E os contos de fadas sempre terminam em tragédia. Chapeuzinho Vermelho, por exemplo, foi comida… (risos) Então, não vale acreditar. Não é vida real. Pare em casa, ligue a televisão, fique sozinho e veja se é acima de alguém, especial ou é diferente. Sou muito pé no chão. Tenho a minha vida, gosto dela. Por que tenho de criar uma carapuça para mim, outra máscara?

O sucesso do Didu com o público infantil o surpreendeu?
Surpreendeu, porque é uma trama densa, né? A história de um menino oprimido pelo pai. De descobertas, transformações… É o que tento guardar em mim como ator: esta criança que tem dentro da gente, sempre olhando para uma coisa e perguntando por quê. A criança tem isso e o ator precisa disso para se manter com a cabeça renovada.

De qualquer maneira, você não acha estranha essa identificação das crianças com um personagem que tem problema de alcoolismo?
De auto-estima, desequilíbrio emocional… Mas para criança é bacana isso, porque Didu também não perdeu esse lado dele, que foi bloqueado pelo tempo em que bebeu… A gente cria mil explicações para a história, né? Mas quando você se droga, de forma excessiva, numa certa idade, bloqueia o desenvolvimento. Fica preso naquela idade.

Esse toque de meninão dado ao Didu foi indicação do autor ou é coisa sua?
Acho que Didu era mais leve. Pesei na mão, mas era difícil falar do problema dele de forma surperficial. Não que o autor tenha pensado no tratamento artificial.

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Ele é muito frágil.
É, muito. Perdeu a mãe bem cedo e a substituiu pela droga e pela Rita (Christine Fernandes) logo depois. Acho que ele ficou preso naquele castelinho por um grande tempo; o castelinho do pai, onde ele tem uísque do melhor, carro, piscina…

Voltando ao sucesso de Didu… Estava preparado para essa exposição?
Estou me divertindo. Tem gente que fala: “É um personagem pequeno”. Mas se for um mendigo que passa por trás de cada capítulo… Tem uma densidade ali, deve ser divertido fazer. Fico feliz pelos personagens que me deram, todos especiais.

Você viu logo que Didu era um desses personagens especiais?
Quando eu o recebi, falei: “Esse papel é meu (risos)”. Doido isso. Pensei: “Sei dar vida a esse personagem”.

Além do alcoolismo, Didu vive um amor inter-racial. Sofreu alguma rejeição?
Nenhuma. O casal foi queridíssimo pelo público. Mas o melhor, e acho que foi o que fez dar certo, é não ter entrado a discussão racial na história. Em hora nenhuma.

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Didu vira político no final?
Não sei. Ele tem todo o jeito, tem o desejo, a proximidade com o povo, que é horizontal. Para mim, é a oportunidade de mostrar quem seria o tipo de prefeito que eu gostaria de ter. E quem é? É um cara que tivesse uma relação olho no olho, próxima, sacou? E que não quisesse só realizar seu desejo egoísta de ser o comandante, mas que conseguisse ouvir as aspirações das pessoas. Esse é o tipo de prefeito que o Didu seria.

Você está namorando?
Que nada, estou solteiro. Curtindo a vida…

O que é curtir a vida?
É curtir os amigos, bater um papo legal, recebê-los em casa. Adoro! É poder vir ao Jardim Botânico de dia…

Li que você diz ser um romântico, do tipo que leva café na cama…
É para atrair (risos)… Temos de vender o material. Pelo menos, um café-da-manhã, eu prometo. Se for muito bom, um almoço (risos).

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Saiba dez coisas sobre Fabrício Boliveira

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