Lília Cabral: “Griselda é a personagem mais difícil de toda a minha carreira!”
A estrela conta como se entrega de corpo e alma para interpretar a mulher mais falada do momento
“Interpretar uma pessoa humilde, transmitindo verdade no olhar, é o maior desafio”, acredita Lília
Foto: Divulgação
TITITI – É bem dura a vidinha da sua personagem, não?
Lília Cabral – Griselda tem uma história difícil, sim. E se masculinizou por força das circunstâncias. Mas vai em frente. O que acho bonito é o jeitão dela de levar a gente a se questionar, a pensar se não damos valor demais a coisas que não merecem.
Qual sua grande preocupação ao interpretá-la?
É fazer com que as pessoas esqueçam quem eu sou, o que faço, o que já vivi na televisão… Isso para poder olhar aquela mulher e sentir que ela existe de verdade!
E você acha que há muitas Griseldas por aí?
Claro! O mais engraçado é que quando comecei a pesquisar para criar a personagem, ia pra rua e começava a ver mulheres como a Griselda, com caixa de ferramentas e até vestidas com macacão como ela. Em um hotel de Vitória (ES), encontrei uma exatamente assim, até fotografei!
Lília, a filha, Giulia, e o marido, o economista Iwan Figueiredo
Foto: Dario Zalis
Conversou com alguma mulher que como ela é “marido de aluguel”?
Conversei com duas. Elas trabalham e levam vida normal, têm filhos, marido. Uma delas era mulher de um motorista de táxi. Perguntei: “E se quebrar o ar condicionado aqui, você conserta?” Ela disse: “Eu tento!”. São profissionais que foram aprendendo na prática, muitas vezes nem fizeram curso. É que nem mestre de obras: de tanta experiência, podem até ser comparados a engenheiros.
Ela é o seu tipo mais popular?
Sem dúvida… Griselda é a personagem mais popular e difícil de toda a minha carreira. Interpretar uma pessoa humilde, transmitindo verdade no olhar, é o maior desafio. O olhar dela não pode ser o mesmo da Tereza de Viver a Vida (2009), que era uma mulher toda arrumadona, por exemplo.
Melhores momentos: Lília na pele da cruel Marta de ‘Páginas da Vida’ (2006), da vilã Bárbara em ‘Chocolate com Pimenta (2003) e da chiquérrima Tereza de ‘Viver a Vida’ (2009)
Fotos: Divulgação
E você teve de aprender a fazer tudo em casa?
Tomo conta da casa muito bem, faço absolutamente tudo o que precisa, praticamente sou a síndica lá (risos). Mas não ponho a mão na massa, porque não sei consertar nada. Outro dia tentei e acabou ficando um monte de fio pendurado! (risos)
Já trocou pneu pra valer?
Quando eu usava mochila e ia acampar, devo ter trocado, mas depois… Peço pra alguém me ajudar. E agora, por causa da Griselda, já sei que não se pode colocar a porca com a porca, senão o pneu fica torto! (risos)
O que acha da novela?
Muito popular e bem escrita… Aguinaldo (Silva) já criou histórias maravilhosas, como A Indomada (1997), Tieta (1989), Porto dos Milagres (2001), Senhora do Destino (2004), mas acredito que ele agora está no auge. Ele coloca um trabalho popular no horário das 9, com histórias coladas na realidade e personagens criativos. Cada um deles tem um toque especial!
Ao lado de José Mayer em ‘História de Amor’ (1995), como Angelina em sua segunda novela, ‘Os Imigrantes’ (1982), e na pele da divertida Aldeíde em ‘Vale Tudo’ (1988)
Foto: Divulgação
Como vai ser a virada da Griselda quando ela ficar rica?
Isso que é o bonito: a gente vai contando como o dinheiro pode ajudar e atrapalhar, porque as pessoas mudam muito! Eu sei que sou a mesma, meus amigos que vêm de São Paulo ficar na minha casa, aqui no Rio, dizem isso. Mantenho o mesmo comportamento de quando tinha 20 e poucos anos. Eu não mudei. Já a Griselda, vamos ver adiante…
Joga na loteria?
Nunca! Ontem, peguei o papelzinho e pensei: “Vou guardar e jogar esses números a minha vida inteira”. Mas depois falei: “Quer saber? Não vou jogar nada!” (risos). Acho que ganho na loteria todos os dias… Ter saúde, fazer o que gosto, ter um bom trabalho, filha, marido… A gente tem que agradecer todos os dias! Mas se por acaso eu ganhasse, compraria um jato, pronto! (risos). De resto, eu ajudaria muita gente.