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Letícia Spiller: “Sou inquieta, não me contento só com o feijão com arroz”

Ao encarnar a poderosa Soraya, na sua 15ª novela, a atriz mostra que, aos 41 anos, está com pique renovado para levar a carreira na TV, apostar no cinema, investir no teatro e ainda dar conta do papel de mulher e de mãe. (Olha aí que linda a sua Stella!)

Por Martha Mendonça (colaboradora)
Atualizado em 28 out 2016, 09h23 - Publicado em 15 jun 2015, 14h40

Os olhos azul-esverdeados correm pelo recinto como se a palavra certa pudesse ser encontrada em algum canto. Quando fala, Letícia Spiller gosta de buscar a expressão precisa. Faz pausas, suspira, sorri, dá tempo ao tempo. A atriz, de 41 anos, que brilha na televisão há 20, comemora seu 15º trabalho em novelas. Ela é a vilã Soraya, de I Love Paraisópolis, trama das 19 horas da Rede Globo. Vilãs, como se sabe, estão em alta. Letícia aposta em uma tese: a personagem vai “causar”. É uma mulher elegante e poderosa, capaz de tudo para proteger seu patrimônio. “Mas é rejeitada pelo filho, com quem vive uma história meio Medeia, meio Jocasta”, diz.

Enquanto Letícia fala de sua nova personagem, a voz da pequena Stella, 4 anos, acompanhante da mãe naquela tarde, ecoa pelo estúdio, que ela desbrava, curiosa. A menina é fruto do segundo casamento da atriz, com o diretor Lucas Loureiro. O primogênito, Pedro, da união com o ator Marcello Novaes, já tem 18 anos – e recentemente ficou conhecido do grande público ao estrelar um comercial com a mãe. “O espaço de tempo entre os dois é grande, mas o momento especial em que eles nasceram foi igual. O instinto de proteção e de amor também”, garante.

Confortável no papel de mãe, Letícia diz que a gestação foi o período em que se sentiu mais linda. “Se pudesse, estaria sempre grávida”, brinca. Dedicada, ela se intitula “mãezona”, do tipo que dispensa a babá no fim de semana, por mais que esteja cansada do trabalho, para criar cumplicidade, cuidar e brincar. Os anos com Pedro, que ela teve aos 23, foram de muita correria, esportes, molecagem. “O que foi perfeito, porque eu era mais nova, tinha essa energia.” Agora, com Stella, delicada, sensível, ela vive brincadeiras mais calmas. “A chegada dela me tornou mais feminina também. Eu, que sempre fui muito básica, agucei a minha feminilidade depois de gerar minha filha”, afirma.

A atriz não descarta mais um rebento. Caçula e temporã de cinco filhos, Letícia gosta da ideia de uma casa cheia de crianças. A dúvida é sobre a possibilidade de dar atenção e se dedicar. “Não basta querer, não basta ter dinheiro. É preciso disponibilidade, poder olhar, educar, estar perto. Dar limites para transformar aquele ser num adulto responsável, emocionalmente maduro, que saiba lidar com as frustrações”, afirma. Pela harmonia no casamento, bem poderia ter outro já. Ela define sua relação com Loureiro como a união de duas pessoas maduras, que somam, que colocam o outro pra cima. Mais um orgulho na vida é a amizade do ex-marido, Marcello, com quem ficou casada por seis anos desde que contracenaram na novela Quatro por Quatro (1994). O sucesso dos personagens Babalu e Raí e o namoro que saiu da telinha os transformaram em queridinhos do Brasil. “Nossa boa convivência foi fundamental para o Pedro ser um garoto feliz, bem resolvido”, conta. Ela acredita que deu sorte com os pais das crianças. “São presentes e companheiros.” Completa o universo doméstico o gato Banguela, sua paixão.

Letícia está emendando a quarta novela seguida, com menos de um mês de descanso entre elas. Sem falar nas incursões pelo teatro e cinema, das quais não abre mão. Disciplinada, se esforça para equilibrar todos os aspectos da vida nesse dia a dia. O que não deixa de ser a história da mulher moderna, que trabalha, tem família e não quer deixar de lado os cuidados consigo mesma.

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Eu até poderia ter uma vida mais calma. Mas sou inquieta, não me contento só com o feijão com arroz e não desconsidero as boas oportunidades.

Não à toa, apesar de sua maior paixão ser atuar, a atriz enveredou pela produção de cinema.

Foi com seu esforço que levantou o longa-metragem O Casamento de Gorete, do diretor Paulo Vespúcio, que estreou ano passado. Na comédia, Letícia faz uma drag queen. Há três anos, ela já havia produzido o curta Joãozinho de Carne e Osso, do mesmo diretor. “No meio desses trabalhos, eu fazia novela. Daí, no meu tempo livre, ia correndo para o set, acompanhava tudo de perto, feliz demais. Empreender, ver um projeto tomar forma, movimentar uma equipe, é uma experiência maravilhosa”, diz Letícia, que também pensa em dirigir e escrever. No futuro, roteiros, mas, por enquanto, o mais provável é lançar um livro de poesias. “Coisas que já escrevo há bastante tempo. A maioria de amor ou existenciais”, conta a atriz, fã de Manoel de Barros e Paulo Leminski.

Quarentona desde o ano passado, Letícia garante que não teve crise. Pudera. Na meia-idade, quando muita gente está desacelerando, ela passou a trabalhar ainda mais. “Não houve tempo pra pensar em idade”, diz. Do corpo escultural, ela cuida com rigor. Durante a semana, só grelhados, verduras e pouquíssimos carboidratos. Nos dias de gravação, leva sua marmita para a novela. Mas, assumidamente chocólatra, mantém o ritual do chocolate todas as noites. “Pego minha barrinha de 85% cacau e como dois quadradinhos assistindo série de TV. Não passo sem”, conta.

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A firmeza do corpo ela mantém com o binômio dança e ioga, desde sempre, e musculação de alguns anos para cá. Mais do que só ter o corpo bonito, Letícia quer disposição. “O que espero da vida é conservar essa energia, essa vontade, essa curiosidade de fazer as coisas.” Esses cuidados são mais recentes. A atriz foi uma jovem que não se preocupava muito, especialmente com a alimentação. Nos tempos de paquita da Xuxa, viajava bastante e abusava dos doces. “Aos 18, estava bem rechonchuda. Aos poucos, aprendi a comer”, afirma. “Era um tempo de farra, de diversão. Tudo valeu a pena.”

Letícia tem um rosto, além de lindo, muito natural. Não parece, mas ela revela ter feito tratamentos estéticos com Botox e preenchimento. “O objetivo é só suavizar, tirar o ar cansado, jamais congelar a expressão, que é minha ferramenta de trabalho. Minhas rugas estão lá e tenho apreço por elas. São a minha história”. Da mesma forma, há dois anos optou por próteses de silicone nos seios. “Enfatizei minha vontade de que continuassem naturais e acho que consegui.”

Ela gosta do que vê no espelho, mas diz que nem sempre a beleza é vantagem. Na busca por personagens variados, já se deparou com preconceito – por ter sido paquita, por trabalhar na Globo ou por ser bonita. Não foi fácil conquistar o papel de uma mulher com deficiência visual no filme Tudo Que Deus Criou (que estreou no início do ano), por exemplo. O diretor, inicialmente, achava que a atriz não convenceria como alguém sem beleza ou glamour. “Corri atrás, fiz leituras, me esforcei e consegui”, conta. Neste momento, Stella chega como um raio, sorridente, para mostrar à mãe um anel cor-de-rosa. E elas seguem nessa cumplicidade até o fim da sessão.

Fernando Louza
Fernando Louza ()

Lelê POR WOLF MAYA*

Força, determinação, comprometimento, amor, respeito. Essas são algumas das características que posso usar para definir Letícia Spiller, uma mulher que encanta por onde passa, seja nos palcos, seja nas ruas.

“Uma profissional competente, apaixonada pelo que faz e que sempre buscou evoluir e aprender. Hoje, ela integra o grupo de atores adultos do cenário artístico brasileiro. Uma pessoa que não tem medo de enfrentar e agarrar suas chances com unhas e dentes. Multifacetada, ela é mãe, esposa, filha, amiga e trabalhadora.

É uma mulher contemporânea e desempenha todos os seus papéis com o mesmo amor que se entrega ao teatro, ao cinema e à televisão.

Mãe profissional

A Lelê, como gosto de chamá-la, é uma jovem e exuberante atriz que busca a essência do personagem onde for necessário e absorve todo tipo de complemento que possa agregar na sua interpretação. Essa dedicação e brilhantismo se estendem pela vida pessoal.

A maternidade a fez brilhar ainda mais. Na verdade, ela é daquelas que, conforme passa o tempo, mais brilhantes ficam. Como mãe, é deliciosa. Tem filho grande e também pequeno. Pedro, hoje com 18 anos, para mim é como um sobrinho que vi crescer. Stella, com 4, é uma princesinha. Está naquela fase em que qualquer atitude é motivo para se derreter de amores. Acho incrível essa diferença de idade dos dois. A maioria das mulheres quer ter vários filhos de uma vez só, talvez para não passar por todos os desafios da criação em momentos diferentes da vida. No caso da Lelê, reviver a maternidade veio atrelado ao amor e à coragem de ser uma mulher ampla em todos os sentidos.

À primeira vista

Quando a conheci, ela era uma jovem, exuberante e linda atriz. Acompanhei seu desenvolvimento profissional e não poupo elogios para descrevê-la. Lelê atingiu a maturidade na profissão e traz essa bagagem cheia de experiência de forma espetacular para todos os seus trabalhos. Eu já desejava trabalhar com ela desde o início de sua carreira na televisão, na época da personagem Babalu. Quando nos encontramos em Esplendor, me apaixonei. Era uma novela de época, mas tinha uma dramaticidade importantíssima. A Lelê era a protagonista, fazendo uma personagem que se desdobrava em duas – uma grande responsabilidade, um desafio que realizou com maestria. A partir daquele momento, percebi quanto tinha de potencial. Então ficamos mais próximos e comecei a pensar nela para várias produções. Nosso sucesso seguinte foi Senhora do Destino. O teatro também é uma de suas grandes paixões, e ali ela é de uma coragem, de um despudor tamanho que não é típico de uma atriz formada em estúdio, mas de alguém formado no palco. E não digo isso de qualquer um. Sou professor e sempre procuro fazer com que meus alunos entendam que o tamanho do ator tem a ver com a vida dele,com a criatividade da pessoa, sua cultura, formação e coragem.

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Nosso novo desafio

Neste ano, conseguimos enfim retomar um encontro profissional, com a novela I Love Paraisópolis. Desde o início da produção, a Lelê estava cotada para interpretar a Soraya, e esse não era apenas um desejo meu mas também dos autores, Alcides Nogueira e Mario Teixeira. Só que ela ainda estava em outra novela quando começamos a pré-produção. Sabíamos que seria difícil conciliar as duas, ainda mais porque tem filhos, marido e se dedica à família. Mas, com toda essa determinação e força que fazem parte dela, a Lelê aceitou o desafio e em poucos dias já estava conectada ao novo universo que a esperava. Emendar uma novela na outra não é fácil. A televisão é um trabalho delicado, árduo e requer muito tempo e dedicação. Quando liga essa trinca de um grande ator, um grande personagem e um diretor que conduz o trabalho bem perto do elenco, esse encontro é significativo! E a Lelê é uma das minhas atrizes que sempre dão certo. Seu papel em I Love Paraisópolis é uma personagem densa, interessante. Nossa intenção é fazer com que sua interpretação leve o telespectador a percebê-la como uma mulher absurdamente impregnante. E isso não é para qualquer um. Acertamos na escolha e tenho certeza de que ficaremos extremamente felizes com sua atuação. A Lelê gosta de desafios. Sem dúvida, isso foi  fundamental para a sua decisão em aceitar o papel. Em qualquer produção, seja de cinema, televisão ou teatro, o ator precisa receber informação de todos os lados. É essa habilidade que o torna um grande profissional. Além de uma espetacular atriz, ela tem o privilégio de ser uma linda mulher. Tem também a química de uma estrela. Desejo que carregue essa luz e esse brilho por toda a vida.”

* Diretor de Núcleo de I Love Paraisópolis

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