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Jennifer Aniston: “Estou perfeitamente feliz onde estou”

Atriz, produtora e mulher de negócios, ela cansou de ver sua vida retratada pelos tabloides como um roteiro ruim de cinema. E decidiu dar um basta nisso

Por Patricia Hargreaves
Atualizado em 22 fev 2017, 09h00 - Publicado em 22 fev 2017, 09h00

Deu. Jennifer Aniston cansou. Precisou de muito para isso acontecer. A paciência da atriz foi testada insistentemente. Até o dia em que ela deu um basta a como vem sendo retratada ao longo dos seus 29 anos de carreira.

A gota d’água foi a capa de um tabloide, publicação que desconhece a palavra credibilidade, vendida nos caixas de supermercado americanos por menos de 3 dólares. Uma foto da atriz, de 48 anos (ela faz aniversário dia 11 de fevereiro, nasceu em 1969), durante uns dias de férias, foi marcada com uma seta cor de rosa, que apontava acusatoriamente para sua barriga: “Finalmente grávida”. Pronto: Jennifer explodiu. Com categoria, claro. E ainda prestou um serviço para todas as mulheres.

Alguns dias depois de a tal revista chegar às bancas, a atriz publicou no site Huffington Post um artigo em primeira pessoa no qual detalha sua revolta.

“(…) A objetificação e a atenção minuciosa à qual submetemos as mulheres é absurda e perturbadora. O modo como sou retratada pela mídia é um simples reflexo de como enxergamos e retratamos as mulheres em geral, avaliando-as em comparação com algum padrão deturpado de beleza. Às vezes os padrões culturais só precisam de uma perspectiva diferente para que possamos identificá-los como o que realmente são: uma aceitação coletiva; uma concordância subconsciente. Somos nós que mandamos em nossa concordância. As garotinhas em toda parte absorvem nossa concordância com esses padrões, quer seja passiva ou não. E esse processo começa muito cedo. A mensagem é de que as meninas não são bonitinhas a não ser que sejam magérrimas, que elas não são merecedoras de nossa atenção se não tiverem cara de supermodelo ou de uma atriz de capa de revista, e isso é algo que todos nós estamos reforçando conscientemente. Esse condicionamento é uma coisa que as meninas, então, levam com elas para a idade adulta(…).” 

A explosão de Jennifer foi cumulatória. Desde que se casou pela primeira vez, com Brad Pitt, em 2000, pelo menos 12 vezes uma suposta gravidez ocupou a capa dos tabloides: mãe solteira, gêmeos, depois dos 45 e por aí vai. Mas por que desta vez? O que fez o caldo entornar?

Foram basicamente dois fatores: o esforço que as mulheres vêm despendendo para mudar o jeito como são encaradas, de modo geral, e a maturidade da atriz, somada a um momento delicado de sua vida. “Para que fique bem claro: não estou grávida. Estou é de saco cheio. Estou de saco cheio da fiscalização de corpos e da humilhação de pessoas, que acontecem diariamente disfarçadas de ‘jornalismo’, ‘liberdade de expressão’ e notícias sobre celebridades”, escreveu.

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Mamãezinha “querida”

Filha de um casal de atores de televisão, nascida na Califórnia, a atriz viveu por um período da infância na Grécia, país do pai, e em Nova York, cidade da mãe. Quando a menina tinha 9 anos, John Aniston e Nancy Dow se separaram. Aos 11, seu talento para representar chamou a atenção dos professores na Rudolf Steiner School, colégio que frequentou em Manhattan, primeiro a seguir o método Waldorf nos Estados Unidos.

Encantada pelas artes cênicas, Jennifer cursou o New York School of Performing Arts. Formada em 1987, iniciou a carreira com peças off-Broadway e alguns pequenos papéis na televisão. Até que tudo mudou, em 1994, com a estreia da série Friends, na qual ela interpretava Rachel – personagem que a transformou em queridinha da América, o que quer dizer: reconhecimento, glória, tapetes vermelhos e dinheiro.

Em 1996, a fama mostrou, pela primeira vez, seu lado B. Convidada por um programa de televisão, Nancy Dow deu uma longa entrevista sobre seu relacionamento com a filha. Jennifer ficou furiosa. As duas brigaram feio e deixaram de se falar. Em 1999, com a desculpa de escrever suas memórias, Dow lançou o livro From Mother and Daughter to Friends (“De mãe e filha para amigas”, em tradução livre), trocadilho engraçadinho sobre o seriado de Jennifer. Nas 278 páginas, o que teve destaque mesmo foi a atribulada história das duas. Jennifer se calou e o público só teve noção do estrago em 2000, no casamento dela com Brad: Dow não estava na lista de convidados.

Por anos elas ficaram rompidas. Até Nancy ser acometida por um câncer violento, no final de 2015. Jennifer decidiu cuidar da mãe. “Eu estava literalmente a seu lado, na cama do hospital, dando morfina e embalando-a como um bebê. Foi bonito cuidar dela até o final”, falou. Nos dias que se seguiram à morte da mãe, se isolou em uma ilha, com seu atual marido, o ator Justin Theroux. Ao voltar para casa, no aeroporto, foi surpreendida pela quantidade de paparazzi. O susto foi tanto que achou que atrás dela vinha Kim Kardashian. “Aí, mais uma capa de tabloide, como acontece nos últimos dez, 15 anos, destacando com um círculo ou uma seta a minha barriga, nessa objetificação nojenta. Meu saco encheu. Todo nós precisamos ter responsabilidade pelo que nossos cérebros ingerem. Só porque somos mulheres, temos útero, vagina e ovários, nos cobram: ‘Coloquem tudo isso para trabalhar’. As mulheres fazem muito mais coisas incríveis no mundo além de procriar”, disse Jennifer durante uma entrevista ao programa de Ellen DeGeneres.

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No foco das notícias

Foi preciso muita classe para superar, sem se manifestar, o fim do casamento com Brad Pitt, que logo assumiu o relacionamento com Angelina Jolie. Preferiu ficar na dela, o que alimentou ainda mais os tabloides. “Ser a Jennifer é uma praga e uma bênção. Ela encara a fama com humor e leveza”, diz uma de suas melhores amigas, a produtora de cinema Kristin Hahn, que a ajudou a editar o texto do artigo, originalmente com 12 páginas, publicado em junho de 2016.

“Este último mês, em especial, deixou muito claro para mim até que ponto definimos o valor de uma mulher com base em seu status conjugal e maternal. O dinheiro e os recursos que vêm sendo gastos pela imprensa simplesmente para tentar descobrir se estou ou não grávida (pela enésima vez… mas que diferença faz?) mostram como está sendo perpetuada essa ideia de que as mulheres são, de alguma maneira, incompletas, malsucedidas ou infelizes se não forem casadas e não tiverem filhos. Durante este último ciclo de entediantes notícias sobre minha vida pessoal, ocorreram chacinas, incêndios florestais, decisões importantíssimas da Suprema Corte, uma campanha eleitoral presidencial e um sem-número de questões muito mais dignas de virar notícias, coisas com as quais os supostos ‘jornalistas’ poderiam se ocupar”, afirmou.

Agora, imagine se essa conta de padaria que ela fez sobre o dinheiro gasto para descobrir algo sobre sua vida levasse em consideração todos os anos de sua carreira: milhões de dólares. Foi especulação atrás de especulação – o suficiente para diversas coberturas. De guerra.

Feliz até o fim

Casada com Theroux desde 2015, Jennifer vive com ele numa mansão com vista para Los Angeles. Ambos têm escritórios na casa, decorada por Jennifer com obras de arte que incluem um quadro de Chagall. Dona de uma fortuna estimada em 150 milhões de dólares, ela faz terapia há anos e ioga diariamente. E também mantém contato constante com a conselheira espiritual Mitra Rahbar, que chama, volta e meia, para dar palestras temáticas para ela e poucos convidados.

Cercada há 20 anos pelo mesmo grupo de amigos (entre os quais as outras integrantes de Friends, Courteney Cox e Lisa Kudrow), Jennifer os recebe para sessões de cinema e pizza. E cria galinhas e os cachorros Dolly, Sophie e Clyde. “Não precisamos ser casadas para sermos completas. Somos nós que temos que determinar nosso ‘felizes para sempre’.”

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