Falta de negros, “cura gay” e incesto: as polêmicas de ‘Segundo Sol’
Como pode uma novela ambientada na Bahia ter uma minoria de atores negros? E essa representação LGBT aí?
Se ‘Segundo Sol‘ não soube entregar uma história coerente e sem falhas, pelo menos no campo das polêmicas ela foi bem produtiva. Mesmo antes da novela estrear já tínhamos alguns assuntos delicados relacionados à novela, e eles não cessaram nem com a trama no ar e alguns ajustes feitos no decorrer.
Tópicos como a falta de negros em Salvador e algumas polêmicas abordagens de homossexuais ajudaram ‘Segundo Sol’ a virar notícia não só por sua história, mas também pela repercussão negativa na mídia. Aproveitando essa reta final, vamos relembrar essas polêmicas?
A ausência de negros
Quando o autor João Emanuel Carneiro anunciou uma novela ambientada em Salvador, isso trouxe alegria para uma população sempre esquecida nas novelas. Além de belas paisagens e uma cidade linda, a capital baiana tem a maioria de sua população composta por pessoas negras, então isso significava que veríamos muitos atores afrodescendentes na trama, certo? Errado!
À medida que a Globo ia divulgando os atores da novela, percebíamos que o elenco era majoritariamente branco. Desde o cantor de axé à marisqueira de Boiporã, a etnia dos atores pouco representava a diversidade da Bahia.
E isso não aconteceu só no núcleo principal: dos cerca de 30 atores do começo da novela, apenas 4 eram negros. Esse estranhamento foi tema de várias matérias, e a Globo chegou a receber instruções sobre como representar melhor a diversidade da população. Com o passar dos capítulos, personagens secundários negros foram sendo introduzidos como forma de “compensar”, mas o estranhamento de ver uma trama baiana cheia de brancos continuou.
Mesmo o tema racial, representado pelo drama de Roberval (Fabrício Boliveira) foi esquecido num churrasco de tal forma que até as novelas ‘Orgulho e Paixão‘ e ‘O Tempo Não Para‘ trataram do assunto de forma melhor.
A controversa abordagem LGBT
Com os LGBTs sendo cada vez mais representados nas novelas, era de se esperar que uma personagem da trama mostraria esse lado. Maura (Nanda Costa) foi mostrada como uma policial que nunca teve relações, até se apaixonar pela vizinha bissexual. Ao revelar sua orientação para o pai preconceituoso, a pobre Maura precisou ouvir aquele clichezão ofensivo de “você não experimentou o homem certo ainda“. Infelizmente a mão do autor a levou bem para esse lado preconceituoso.
João Emanuel Carneiro tratou de juntar Maura com o Ionan (Armando Babaioff), seu parceiro policial e amigão. Do nada, a lésbica Maura foi “convertida” e descobriu um desejo por homem que não havia sido traçado na criação e apresentação da personagem. Muito se falou que a personagem poderia ser bissexual, mas isso vai contra a forma como o autor a apresentou. E fazendo com que ela se relacione com o Ionan só fez parecer que o preconceito dito por seu pai estava… certo.
Horrível, não é?
Para o final da história está prevista uma saída ainda mais preguiçosa: Maura deve terminar a novela num trisal, repetindo o desfecho de vários outros personagens homossexuais das novelas.
E o incesto?
Essa não foi necessariamente uma polêmica porque pouco repercutiu na mídia, mas ‘Segundo Sol’ acabou sendo palco para uma série de relações incestuosas. Na verdade elas só foram percebidas mais no final da trama, quando o parentesco de personagens foram revelados. Karola (Deborah Secco) passou parte da trama se pegando fortemente com Remy (Vladimir Brichta) achando que ele era seu cunhado, mas na verdade ele era seu tio, afinal era irmão de Laureta (Adriana Esteves). A própria cafetina também teve uma relação complexa ao se envolver com Roberval, filho de seu amante. Que bagunça!
Vamos ver se ‘O Sétimo Guardião‘ consegue arranjar menos confusão nos próximos meses.