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Exclusiva: Chloë Grace Moretz fala sobre seu papel no thriller ‘Suspíria’

"Eu fiquei por dois meses aprendendo o alemão, me tornando fluente nas cenas", diz Chloë sobre seu processo criativo para atuar em 'Suspíria'.

Por Fernando Gomes
Atualizado em 7 dez 2021, 15h00 - Publicado em 12 abr 2019, 19h58

Chloë Grace Moretz é uma das estrelas que participou de ‘Suspíria – A Dança do Medo‘, novo thriller já em cartaz nos cinemas. A direção é assinada por Luca Guadagnino, também responsável por ‘Me Chame Pelo Seu Nome‘, filme ganhador do Oscar de Melhor Roteiro Adaptado em 2018.

Suspíria‘ é um dos filmes mais esnobados do ano. Mesmo com uma trama envolvente e uma estética impecável, o filme não ganhou uma indicação sequer nas principais premiações de cinema deste ano e também foi tratado em segundo plano na distribuição. No Brasil, a estreia do longa foi adiada duas vezes.

A trama conta os acontecimentos sombrios de uma academia de dança comandada por uma coreógrafa muito conhecida no meio. Certo dia, uma nova integrante chega no local e ela presenciará o terror que envolve o prédio, as garotas e uma entidade secreta.

Ao lado de grandes nomes, como Tilda Swinton e Dakota Johnson, Chloë tem uma participação crucial na história do filme. Sua personagem é Patricia Hingle, uma das dançarinas da companhia alemã que pressente o caos naquele lugar. A partir de sua ótima performance, a trama começa a ser traçada e o verdadeiro show de horrores é destrinchado minuto a minuto durante o filme.

A PlayArte concedeu ao MdeMulher, com exclusividade, uma entrevista de Chloë em que ela descreve como foi atuar em um filme de Luca, o processo e os bastidores do elenco durante as gravações.

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Chloë Grace Moretz
(IMDb/Divulgação)

Vamos começar com a sua personagem…

Eu faço a Patrícia. Eu sou praticamente o personagem que define a história e te joga na tensão, o medo e o tormento do que você está prestes a ser submetido.

Nós não sabemos bem o seu estado de espírito quando a vemos pela primeira vez, não é?

Certo! Você acha que Patricia está delirando no começo porque ela está falando sobre alguém tentando habitar e possuí-la e ela está convencida de que ela está sendo ouvida, vigiada. Ela diz que elas tiraram tudo dela, então o jeito que ela fala não é apenas errático e histérico, mas também delirante, com certeza.

Luca disse que queria trabalhar com você há um tempo. Desde quando vem isso?

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Um tempo. Eu era muito jovem para seus outros filmes. Nós queríamos fazer alguns personagens que eu provavelmente poderia ter atuado, mas com a minha idade não teria sido ótimo (risos). Já faz um tempo que estamos tentando trabalhar juntos, desde quando eu tinha uns 15 anos. Então finalmente encontramos o caminho certo. Eu acho que Patricia era a personagem perfeita para começar. Nós filmamos minhas cenas incrivelmente isoladas do resto do filme – era só eu e Luca – e nós conseguimos fazer isso como se fosse uma peça. Foi essa maravilhosa oportunidade de fazer essa cena de 15 páginas, inicialmente em alemão, que depois integramos em inglês e alemão. Foi tão pouco convencional e eu realmente acho que nos alimentamos um ao outro. Eu sinto uma conexão muito profunda com Luca.

Ele gosta de trabalhar com pessoas de novo e de novo. Você trabalharia em outro de seus filmes?

Eu disse a ele que eu seria até gaffer (pessoa responsável pela iluminação de cena) em seus sets (risos). Eu faria qualquer coisa pelo Luca. Além de um maestro, um homem verdadeiramente brilhante, ele tem uma alma gentil.

Você filmou suas cenas no hotel abandonado na Itália?

Sim, e foi estranho. Foi um local muito estranho para filmar. O hotel está completamente abandonado. São quarenta minutos da civilização até esta única estrada de vento até o topo de uma montanha. Eu acho que foram 10 mil pés, então a altitude estava realmente bagunçando nossas cabeças. Havia umas antenas no topo do prédio, onde a eletricidade passava e os pelos dos braços ficavam em pé enquanto você andava – por conta da eletricidade. Então, todos se sentiram muito esgotados e nós estávamos em um estado muito interessante, que eu definitivamente acho que alimentou a história que estávamos contando. E então nós íamos para casa e estávamos hospedados em um outro hotel construído pelo mesmo arquiteto que havia construído o que estávamos filmando. O hotel em que estávamos parecia o filme, portanto foi uma experiência muito imersiva para todos.

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Chloë Grace Moretz
(IMDb/Divulgação)

Qual foi a sua impressão quando viu o filme finalizado?

Eu acho que está impecável. Eu acho que é uma verdadeira obra de arte e é diferente de qualquer outro filme que eu vi. Tem elementos que não vejo no cinema desde (Stanley) Kubrick. É o filme mais imersivo.

Como você o descreveria em relação ao filme original?

Não é um remake de forma alguma. É uma releitura da inspiração que Luca sentiu quando viu o filme pela primeira vez. Eu acho que ele tomou a forma do filme, a ideia do coven (clã) das bruxas sendo escondido na companhia de balé e ele realmente pegou isso, trabalhou e fez o seu próprio – e esse é o poder do cinema e da inspiração.

Você disse que filmou suas cenas em isolação. Mas o resto do elenco estava em locação naquela época?

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Sim, todo mundo estava lá. Toda a experiência foi tão boa! Estávamos todos hospedados no mesmo hotel e jantávamos juntos todas as noites, nos divertíamos muito juntos.

É um elenco todo feminino. Como foi isso?

Foi uma experiência de muito suporte. Nós estávamos lá umas para as outras, de todas as maneiras que precisássemos, se era apenas tomar um copo de vinho juntas e conversar, tentar descontrair. Era como uma irmandade de várias maneiras. Nós filmamos minhas cenas no final, então eu estava lá no último mês – eu estava lá para a festa de encerramento.

Foi interessante porque elas estavam no clima quando eu cheguei lá e é sempre interessante entrar em um filme que já está em produção. Mas eu acho que estava tudo bem por mim, porque meu personagem estava bastante isolado dentro do filme, então foi ok eu estar entrando e não conhecer Mia, Dakota e o resto do elenco. Eu não tive que pular e fingir que nos conhecíamos muito bem, já que minhas cenas eram basicamente isoladas.

Luca gosta de criar uma atmosfera familiar – ele trabalha com a Tilda com frequência, ele usa muito da mesma equipe de produção – então você pode sentir isso quando entra no set dele?

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Definitivamente. Estávamos todos hospedados no mesmo hotel e todos nós terminaríamos um longo dia no set, e não importava quão longo seria, todos nós jantávamos no restaurante do hotel, todas as noites – um jantar enorme com todo mundo lá. Então, foi muito parecido com fazer parte de uma família. Foi muito inclusivo e não houve exclusão ou egos em jogo. Estávamos todos lá para fazer um filme e acho que ele e Tilda estão muito conscientes de que a arte vive sua melhor vida quando você se sente vulnerável e seguro.

Vulnerável e seguro. Isso é interessante. Como assim?

Eu acho que é quando você consegue respirar melhor. Você é capaz de ser vulnerável e se permite experimentar coisas sem subir muros. E seguro no sentido de que você está protegido e isolado, e é capaz de trabalhar livremente sem medo.

Suspíria

Você falou sobre como queria trabalhar com Luca há anos. Então, quando você finalmente trabalhou, ele te surpreendeu?

Eu tento não chegar com percepções pré-concebidas dos diretores. Eu fui conhecendo Luca ao longo dos anos, mas nós nunca tínhamos feito um filme juntos e eu sabia como era conversar com ele e ser amiga dele, mas é obviamente diferente quando alguém está dirigindo você. Mas Luca era tão gentil quando eu o encontrava para discutir o projeto!

Em que sentido?

Ele adora conversar sobre as situações. Ele não vai apenas empurrar uma ideia para você, ele quer colaborar e quer que você traga para a mesa o que ele pediu você para fazer, que é atuar. Ele quer que você traga suas ideias para o personagem e não apenas lhe diga para onde ir com isso. Eu acho que poderia ser difícil para alguns atores se eles não tivessem muitas ideias, mas para mim, ter ideias que tive, era muito divertido. Ele dizia “sim e mais”. Tudo era “sim e …” e isso é raro.

Às vezes você vai filmar com um diretor e ele dirá “OK, eu captei a ideia legal, mas não vamos fazer nada disso”, o que pode realmente colocar um ator em uma posição onde eles se sintam constrangidos. E é isso que eu quis dizer sobre vulnerabilidade – você pode simplesmente ser, você pode experimentar coisas e há muita liberdade nisso.

Como foi ter diálogos em alemão?

Não é a primeira vez que falo em um idioma estrangeiro em cena, porque eu tinha algumas falas em russo no The Equalizer. Mas foi a primeira vez que fiz 15 páginas de diálogo. Eu tive que aprender toda a cena em alemão porque no roteiro toda a sessão é em alemão. Então eu fiquei lá por dois meses aprendendo o alemão, me tornando fluente nas cenas para que eu soubesse exatamente o que estava dizendo. E dois ou três dias antes de filmarmos ele disse ‘nós também deveríamos filmar em inglês’ e eu estava tipo, ‘oh, ok’. E então falou ‘vamos pegar o inglês e o alemão e juntar tudo para que ela entre e saia do inglês e do alemão. ”, e eu achei aquilo muito divertido e interessante.

Em Los Angeles, eu tinha cadernos cheios de anotações em alemão, que depois eu escrevia toda a cena novamente em inglês, tentando descobrir quais linhas e quais palavras podem ser integradas em inglês e depois voltar para o alemão. Foi muito legal. Era como um quebra-cabeça e muito divertido, mas meu cérebro estava girando. Então foi uma atmosfera muito diferente, mas foi muito emocionante.

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