Daniel: cantor ou ator?
Apesar de ser conhecido como músico sertanejo, ele está nos cinemas com "Menino da Porteira" e na telinha em "Paraíso"
Daniel está no ar em “Paraíso”
Foto: Roberta Borges
Basta os peões se aconchegarem perto do fogo, que Zé Camilo saca sua viola e deixa até os mais durões de coração mole. Esse é o papel do cantor Daniel em Paraíso.
Violeiro da comitiva de Zeca (Eriberto Leão), Zé Camilo fala pouco, é verdade, mas só a presença de Daniel já faz com que a novela ganhe um ponto a mais. Afinal, o homem é um peão legítimo, meu povo! “Aceitei o papel porque esse mundo rural é a minha realidade”, diz ele, em sua primeira novela.
E para coroar com chave de ouro a participação, Daniel fez um pedido especial ao autor: “Pedi ao Benedito Ruy Barbosa que mudasse o nome do meu personagem (que se chamava Diogo) para Zé Camilo, como meu pai. É uma homenagem, porque, coincidentemente, ele nasceu numa fazenda que se chamava Paraíso”, conta o galã de Brotas (SP).
Aos 41 anos, Daniel foi chamado para atuar na novela por causa de sua atuação no remake de Menino da Porteira. Coincidência ou não, ele interpreta no filme e na novela papéis que já foram de Sérgio Reis.
Mas não pense que, por se tratar de dois boiadeiros, Daniel não teve trabalho para compô-los. “Eles só têm em comum a paixão pela viola. Para o filme, fiz um laboratório de 20 dias, porque ele é um peão com uma carga dramática maior. Já na novela, entrei aos 45 do segundo tempo e estou tentando dar naturalidade a ele”, conta o moço, que se considera mais parecido com Zé Camilo. “Ele é menos sisudo. E eu também já tive uma fase mulherengo como ele…”, diz o bonitão, terror das meninas de Paraíso.
Já na vida real… Daniel namora há sete anos Aline de Pádua. E esse casório sai ou não sai? “Minha mãe diz que já está mais do que na hora, mas não sabemos quando. Se Deus me der esse privilégio, quero ter um filho em breve”, avisa.
Cantor com certeza
Daniel nem de longe pensa em deixar a música. “Gosto de atuar, mas já tenho uma carreira na música”, diz ele, que se desdobra para dar conta de tudo. “Graças a Deus, a Globo me libera a partir de quinta-feira para eu cumprir minha agenda”, revela.
Críticas, desde que construtivas, também não abalam sua fé. “Tem que saber aceitar para crescer”, adianta o sertanejo, que, por outro lado, não gosta de ser visto como a salvação para a baixa audiência das novelas das 6. “Espero que esteja somando para a trama ser um sucesso, mas não tenho a pretensão de que, só por eu estar ali, tudo vai melhorar”, avisa o modesto violeiro.
Cheio de lembranças
“Brinco com Daniel que ele deveria mudar o nome para Daniel Reis e fazer uma dupla sertaneja comigo”, diverte-se Sérgio Reis. O veterano, que também está no ar na reprise de Bicho do Mato, relembra histórias engraçadas e aprova a escolha de Daniel para os papéis que um dia foram seus em Paraíso (1982) e Menino da Porteira (1976). Aos 69 anos, Serjão ainda sonha em, um dia, montar um musical sertanejo no teatro.
Ser ator estava nos seus planos?
Fiz Menino da Porteira e, logo depois, Mágoa do Boiadeiro, ambos do meu amigo Benedito Ruy Barbosa. Por causa destes personagens, veio a oportunidade de fazer Paraíso. Eu não queria, mas o Benedito disse que eu ia fazer um papel simples: eu mesmo. Foi um sucesso e aí ele me chamou para Pantanal, que foi um estrondo.
Você acha que sua trajetória na tv alavancou sua carreira na música?
Sim, porque o público viu na tv algo diferente do que via no palco. Show é sempre a mesma coisa, mas cantar na novela te traz um novo repertório, porque não são as suas músicas, é o que o diretor manda. O Daniel, por exemplo, está cantando músicas minhas, como Tocando em Frente, Saudades da minha terra…agora as pessoas vão pedir para ele cantar essas e o show dele vai ficar ainda melhor. Risos!