Conheça a casa da designer de joias Mariah Rovery
Com móveis de antiquários e objetos de diversos cantos do mundo, sua casa é cheia de personalidade
Localizado no nono andar do famoso edifício paulistano Cinderela, construído pelo arquiteto João Artacho Jurado em 1956, o apartamento de 125 m² da designer paranaense de joias e acessórios Mariah Rovery, 30 anos, traduz não só o seu gosto por cores e misturas – algo que aparece também nos brincos, colares e anéis que cria – como ainda promoveu uma importante mudança em seu estido de vida: foi responsável por ela ter deixado de andar de carro pela cidade. Há cerca de um ano e meio morando no prédio, que fica no bairro de Higienópolis, na região central de São Paulo, ela diz que sentiu um amor à primeira vista ao entrar no imóvel. “Foi uma coisa muito forte. Cheguei aqui e pensei: ‘É neste lugar que quero morar’. Na hora, liguei para minha irmã, Mayara, que divide o endereço comigo, e contei que tinha achado o nosso novo lar”, relembra. Dito e feito: as duas conseguiram fechar o contrato para alugar o espaço rapidamente e se mudaram sem nem refletir direito sobre alguns poréns, como o fato de não existir vaga para carro na garagem do prédio. “O resultado foi que vendi o meu e agora ando apenas de bicicleta. Meu próximo plano é comprar uma patinete elétrica. Acho muito prático”, afirma.
Para decorar o apartamento, as duas trouxeram muitas coisas do imóvel dos pais, com quem viviam até então, e só depois começaram a procurar objetos que fossem a cara delas para completar a decoração. “Tudo aqui tem um significado. Ou foi algo que ganhei de alguém querido ou que encontramos numa lojinha ou antiquário. Ainda estamos em fase de garimpo, mas já dá para ver nele o nosso estilo”, diz. Uma planta aérea, que se alimenta de ar, Mariah trouxe na mão de uma viagem a Nova York.
A vitrola de discos – que, sim, funciona –, elas acharam numa loja de antiguidades, assim como um baú que tem a função de mesa de centro. O espelho veneziano veio do antigo apartamento, a exemplo do sofá e da mesa da sala de jantar. “Acho legal uma casa ter cara de casa, e não de uma invenção de um arquiteto ou decorador”, declara. O clima bom dessa mistura de brechó vintage permeia todo o local. Nos dois quartos do imóvel, vemos uma penteadeira de design dos anos 1950, pôsteres de grafiteiros, como do paulista Titi Freak, e desenhos que Mariah ganha de amigos, emoldura e coloca na parede. “Gosto desse ar casual e colorido, que é resultado das combinações que surgem de coisas que vieram de pessoas queridas.”
Destaques entre os objetos, os livros de botânica, biologia e paisagens naturais ficam espalhados por todo o endereço e são uma das paixões de Mariah – e inspiração frequente para suas coleções, que ela chama de “famílias”, tamanho o apego que tem ao
criá-las. “Cada item que faço é único e vem de uma emoção, de algo que vi ou de alguma coisa que me impulsionou de uma maneira forte. Pode ser uma viagem, uma exposição ou o sentimento do momento.” Umas das famílias mais recentes desenhadas por ela, a Flora, tem, por exemplo, orquídeas verdadeiras implementadas nas peças com a ajuda de técnicas de alta tecnologia. Além de suas joias, que em boa parte vêm com um rubi, que é sua marca registrada, ela desenvolve parcerias com outras marcas e criadores (Lolitta, Lilly Sarti, Farm e Julia Petit estão entre eles) e criou recentemente a linha Flex Jewel, com itens leves, maleáveis e resistentes à água, feitos com uma resina flexível e reciclável. “A Flex veio da vontade de fazer acessórios que pudessem ser usados na praia sem que a dona precisasse se preocupar se o material deles iria esquentar e incomodar por causa da temperatura alta”, conta.
Para dar o apartamento como pronto, Mariah e a irmã ainda querem mexer em algumas coisas. Vão trocar a mesa de jantar por uma menor, o sofá por um modelo que tenha mais a cara delas e também se desfazer de outros objetos que vieram do antigo apartamento. “Apenas alguns espaços estão totalmente resolvidos, como o que conta com uma penteadeira, que virou um bar, e o que abriga o banco vermelho, mais um achado de antiquário que acabamos trazendo para a sala”, diz. O método de garimpo da dupla é bem simples: comprar o que elas acham bonito, durante uma viagem ou em qualquer outro lugar, e só depois pensar onde colocar o objeto. “A minha casa tem a ver com o que faço no meu trabalho com joias. É algo sempre intuitivo. Uso
o coração antes de qualquer outra coisa”, sublinha Mariah.
Com uma planta bem resolvida, que tem a cozinha, a varanda e o banheiro com chão de ladrilhos e pastilhas preservados, o imóvel conta ainda com uma área independente no prédio: uma cobertura, com salão de festas e jardim com grama e plantas. “Todo mundo pode usar. Basta pedir a chave na portaria. Adoro subir para tomar sol e ler nos finais de semana”, conta ela, que dedica o tempo livre também aos cuidados com os seus cães, Rubi e Opala, ambos da raça chihuahua. A vista para a cidade que se tem desse anexo é um espetáculo à parte e a combinação dos tons de rosa e o verde do espaço reforça seu mood retrô, que vem de elementos vazados nas escadas de serviço e das janelas redondas nas fachadas. “Não dá para ficar indiferente ao desenho do Edifício Cinderela. No hall principal do prédio, na cobertura, nos detalhes originais do apartamento, como a caixa de luz que fica dentro de um espelho antigo, tudo foi pensado pelo viés da beleza e da praticidade. Não existe arranjo melhor .”
Natureza ao redor