Caio Castro: “Fiz questão de conhecer o tráfico de perto. Fui bem recebido, mas não foi fácil!”
O ator se arriscou para entender melhor seu personagem em 'I Love Paraisópolis', o traficante Grego
Quando estreou na telinha em Malhação, em 2007, Caio Castro ostentava cachinhos quase angelicais, que ajudavam o malandro Bruno a aprontar poucas e boas, sem que ninguém desconfiasse. O tempo passou e o ator, agora com o cabelo baixinho e cheio de tatuagens, promete abalar geral na pele de Grego, chefe do tráfico em I Love Paraisópolis, trama que estreará dia 11, no lugar de Alto Astral. O artista jura que o cara não é do mal… Mas manda matar, tá kkk! Meda.
Seja como for, na novela, o personagem vai fazer de tudo para reconquistar o coração de Marizete (Bruna Marquezine), uma paixão da adolescência. “Eles se afastaram porque ela não concorda com o caminho que ele seguiu”, conta Caio, que defende com unhas e dentes o seu encantador Robin Hood de Paraisópolis. “Ele não é um mau-caráter, mas sim um cara humano, com seus defeitos e qualidades”, explica.
Em nosso bate-papo, Caio mostrou que é corajoso e contou como entrou no ambiente do tráfico para fazer laboratório. E revelou mais sobre o folhetim. Confira!
O Grego é ou não um vilão clássico?
As pessoas sempre perguntam se vou fazer o mau… Não estou defendendo nem nada, mas o Grego não é vilão. Ele faz oposição ao menino rico, o Benjamin (Maurício Destri), que teve oportunidades e pode oferecer uma vida boa a Marizete. Ele representa um poder paralelo e acredita que ostentando poder e dinheiro vai chamar a atenção da amada.
Mas ele é barra pesada?
Ele não suja as mãos. Eu falo que ele não mata, mas manda matar. Afinal, o que é ser bom e o que é ser mau? Ele tem os motivos dele, acredita mesmo que aquele é o caminho. Muitas vezes usa o poder para esconder suas fraquezas, como uma forma de defesa. Os autores não criaram o personagem como um mau-caráter. E, de fato, ele não é do mal.
E qual é a relação dele com a Marizete?
Ele tem uma história mal resolvida com ela. Os dois cresceram juntos, mas o rumo que ele tomou fez com que se afastassem. Ela não concorda com o que Grego se tornou. Mas apesar de ele ser um contraventor também protege os moradores da comunidade. Fica de olho em quem entra e sai em Paraisópolis, nos problemas das pessoas.
Então, ele é um bandido meio romantizado?
A gente está fazendo uma novela! Então, mesmo o cara sendo assassino ou bandido vai ter uma parte mais romântica, sim. No caso, é essa disputa dele com Benjamin pelo coração da Mari. Mas, claro, sempre há brechas para que a gente vá também colocando pinceladas de realidade no personagem.
Você e a Maria Casadevall, que são bem próximos, aproveitam que estão na mesma trama para trocar figurinhas?
Ela também é uma das personagens principais da trama, a arquiteta Margot. Mas não sei se o Grego vai ter alguma relação com ela. Não recebi nada ainda sobre isso. Então, a princípio, a gente nem vai contracenar.
Conheça os personagens de I Love Paraisópolis
Mas vocês pretendem assumir, finalmente, que estão namorando?
Prefiro mudar de assunto.
Chegou a conversar com traficantes durante os laboratórios para desenvolver seu papel?
Fiz questão de conhecer o tráfico de perto. Fui bem recebido, mas não foi fácil! Rolou só depois que expliquei muito bem que estava ali para fazer a novela.
Você é de São Paulo… Conhecia Paraisópolis?
Quando eu morava na cidade (hoje ele vive no Rio), minha casa era bem longe da comunidade e eu não conhecia ninguém de lá. Só fui me aproximar durante as gravações. Tenho amigos que moram em comunidades, mas nunca tinha ido muito fundo, com esse olhar. A preparação foi uma coisa muito minuciosa, de ver pequenos detalhes e tentar entender aquela realidade, sem julgar. Era importante para agregar tudo isso ao Grego.
Quais comunidades visitou?
Na Vila Prudente, no Capão Redondo e depois Paraisópolis (todas em Sampa). Deu para perceber que o tráfico paulista é bastante diferente do carioca.
Quais diferenças observou?
Em São Paulo, não se ostenta arma. É tudo mais discreto. Não ficam com o fuzil pra cima, como a gente vê no Rio. Mas não dá para falar muito porque também não tive contato com o ambiente do tráfico carioca mais profundamente. O pouco que sei foi de observação em algumas festas, bailes… E de alguém comentar quem é quem por ali naquela comunidade. Mas nunca conheci pessoalmente. Não me interessava!
* com colaboração de Guilherme Guimarães