Caio Blat mergulha fundo na cultura indiana
Aos 28 anos, o ator vive Ravi, de Caminho das Índias

Foram seis meses de workshop para interpretar o indiano Ravi
Foto: César França e Caio Vilela
Ravi, o caçula dos filhos homens de Opash (Tony Ramos), em Caminho das Índias, exigiu muito esforço do ator. Foram seis meses de workshop (laboratório no qual os atores aprendem as habilidades necessárias para a composição de um papel), com aulas de meditação, ioga, alimentação e mantras (espécie de oração). Tudo para que o espectador tenha a sensação de que a novela está sendo feita por indianos legítimos. E um papel tão rico assim vem coroar um momento muito especial na vida do ator, que está completando 15 anos de carreira na TV. A primeira novela que fez foi o remake de Éramos Seis, em 1994, quando tinha apenas 14 anos. Na trama do SBT, ele viveu Carlos, um dos muitos mocinhos que seriam somados ao seu currículo, que hoje também é recheado de participações fortes no teatro e no cinema. A telona, aliás, é uma das grandes paixões do ator, que vai estrelar dois filmes ainda neste ano, um deles com sua mulher, Maria Ribeiro. “Amo cinema e luto para conseguir fazer bons filmes”, confirma.
A família Ananda proibiu Raj (Rodrigo Lombardi) de se casar com uma estrangeira. Como eles vão se comportar quando Ravi desejar subir ao altar com Camila (Isis Valverde)? A questão do Raj vai trazer muito sofrimento para a família porque as tradições, dentro do hinduísmo, são muito fortes. No caso do Raj, a família o obriga a terminar o namoro e se casar com a Maya (Juliana Paes). Isso vai trazer muita desgraça, porque ela já estará grávida do Bahuan (Márcio Garcia). Não sei como a Gloria (Perez, autora da novela) vai tratar isso, mas imagino que a família perceberá que o peso da tradição está trazendo infelicidade para todos. E aí vai ser mais fácil para meu personagem se casar com uma estrangeira.
E o Ravi vai ser o verdadeiro príncipe indiano da Camila?
Ravi não entende como uma menina pode estar chorando porque sofreu uma decepção amorosa, como pode existir esse tipo de relacionamento, já que, na Índia, um marido fica com sua mulher até as últimas consequências. Camila se fascina com esse jeito dele, com a tradição e a cultura indianas e essa é a função dos personagens: de mostrar o encantamento e a descoberta de uma cultura pela outra.
Você conhece alguém que já passou por isso?
Conheço pessoas que conversam e namoram pela internet. Já no meu caso, uso a internet o mínimo necessário no dia a dia. Não tenho tempo de dar conta nem das minhas relações reais, de ver a família, os amigos, muito menos de ficar conversando pela internet (risos).
Seu papel também vai mostrar uma parte da Índia que as pessoas desconhecem: um país moderno, em contraste com a tradição e a cultura milenares…
E por isso nós fizemos questão de inserir a tecnologia no perfil de Ravi, para mostrar que a Índia não é só uma cultura antiquíssima, mas é o país que mais fabrica softwares no mundo e tem uma tecnologia bastante avançada. Ravi, sendo de uma família de vendedores de seda, que é uma coisa supertradicional, está o tempo todo com computador, laptop, mostrando que a Índia tem um lado muito moderno.
Você emendou Ciranda de Pedra com Caminho das Índias. Sobra tempo para fazer cinema, de que você tanto gosta?
Claro, sempre sobra (risos). Tenho dois filmes já prontos que vão estrear ainda neste ano. Um deles é o Brother, que tem um roteiro muito forte, vai arrebentar. O outro, fiz com minha mulher e fala sobre um casal em crise. Chama-se Histórias de Amor Duram Apenas 90 Minutos. Junto com as gravações da novela, eu também vou filmar O Bem-Amado, do Guel Arraes (diretor). Gosto muito de fazer cinema, luto para conseguir fazer bons filmes sem atrapalhar o dia a dia das gravações.
E férias, você consegue planejar?
Não, depois da novela não tenho a menor ideia do que vai me acontecer (risos).