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Betty Faria: “É difícil, mas o exercício do perdão é uma maravilha. Ele a liberta.”

Betty Faria abriu o coração ao relembrar seus 55 anos de carreira para o projeto Depoimentos para a Posteridade, do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro.

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 15 jan 2020, 08h02 - Publicado em 6 mar 2014, 21h00
Betty Faria: "É difícil, mas o exercício do perdão é uma maravilha. Ele a liberta."

Betty Faria 
Foto: TV Globo/Divulgação

Betty Faria abriu o coração ao relembrar seus 55 anos de carreira para o projeto Depoimentos para a Posteridade, do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro.
 
A quarta 26 foi um dia dedicado às memórias de Betty Faria. A atriz, de 72 anos, participou do projeto Depoimentos para a Posteridade, promovido pelo Museu da Imagem e do Som (MIS) do Rio de Janeiro.
 
Durante quatro horas, a veterana lembrou histórias de sua vida pessoal e profissional. E não faltou emoção. “Toda a minha gratidão a todos que trabalharam para fazer este dia”, agradeceu Betty.
 
No evento, os amigos de longa data da artista serviram como entrevistadores: os atores e diretores Hugo Carvana e Guilherme Leme, as produtoras de cinema Lucy Barreto e Sarah Silveira, e a vice-presidente do museu, Rachel Valença.
Betty Faria: "É difícil, mas o exercício do perdão é uma maravilha. Ele a liberta."

Betty conta sua história no MIS, Rio de Janeiro
Foto: Caru Ribeiro

O depoimento de Betty começou pela sua infância em Copacabana, zona sul do Rio. 

Filha do militar Marçal de Faria e da dona de casa Elza da Silva de Faria, ela já sabia desde cedo que sua vida não seria nada convencional.
 
Aos 4 anos, decidiu fugir de casa para seguir o circo. Aos 6, pediu para fazer balé. O pai relutou em ver a única herdeira seguir a carreira artística. “Ele não podia imaginar a filha dançando, mas eu o eduquei. Meu pai se tornou meu maior fã”, diz Betty. Com 16, começou a dar aula de balé para crianças. Em 1959, ingressou como bailarina do programa Noite de Gala, da TV Rio.
 
Na década de 1960, Betty estreou na novela Os Acorrentados (1969), exibida pela TV Rio e TV Record. Assim que a obra terminou, foi contratada pela Globo, onde ficou 30 anos.
 
Mas, em 2001, não teve o seu contrato renovado. “Não foi fácil resolver na minha cabeça. Foi muita análise, muito budismo”, confessa. 
 
A MINHA NOVELA separou os principais trechos do encontro, nos quais Betty fala sobre momentos importantes pelos quais passou nos últimos anos. É o relato comovente de uma grande estrela.
 
O Gilberto Braga me convidou para fazer Dancin’ Days (1978), mas estava me separando do Daniel (Filho). E ele dirigiria (a novela). Não tinha a menor condição psicológica de fazer e de conviver. Foi uma separação muito difícil. Muito! Recusei. Tive que recusar. Aí, a Sonia Braga ganhou o papel. Foi por isso que eu saí da novela, por motivo pessoal. Não tinha condições psicológicas e emocionais para trabalhar com ex-marido. Você pode fazer isso 20 anos depois, mas, ainda assim, tem ranço.” (Sobre a separação do diretor Daniel Filho, na década de 1970)
 
Fui ao (Ivo) Pitanguy  Tenho um corte aqui (apontando para a lateral direita do rosto, na altura da orelha). Isso sem falar dos comentários das pessoas. Ninguém me ligava para saber o que aconteceu. As pessoas falavam pelas costas que eu deveria parar de fazer plásticas. Estava toda f… Toda embolotada. O Pitanguy quase me bateu e disse: ‘Como você faz uma coisa dessas? Atendo travesti na Santa Casa que morre por causa disso, porque vai para a corrente sanguínea. Você está com silicone vagabundo’. Marcou uma cirurgia que durou cinco horas.” (Sobre a operação com o cirurgião plástico Ivo Pitanguy)
 
“O budismo salvou  a minha vida. Sou budista do Sutra do Lótus desde 1996. Ele me deu força, me ajudou a não cair na depressão, a não cair na tentação do mau pensamento. O budismo é tudo para mim. Tenho uma filosofia de vida de causa e efeito. Tomo muito cuidado em fazer as causas diárias para ter efeitos bons. Enquanto estiver neste planeta, vou tentar fazer o meu melhor.” (Sobre o budismo, que pratica desde os anos 1990)
 
Tinha um dermatologista que me disse que havia uma mulher no Rio Grande do Sul que ia preencher (as rugas) definitivamente. E ia ficar perfeito. Não adiantava espichar (fazer cirurgia plástica). Aquilo me chateava na época, porque tinha namorado mais novo. Fui ao consultório dessa mulher, que preencheu as rugas. Na hora, ficou uma maravilha. Custou uma fortuna. Seis meses depois, começou a embolotar (o rosto). E as bolas mudavam de lugar. Recusava trabalhos pelo telefone, porque não queria que ninguém soubesse. Meu organismo rejeitou e fiquei com o rosto deformado.” (Sobre procedimento estético que deformou seu rosto)
 
No dia 15 de dezembro  de 2001, fui chamada por um executivo da TV Globo, o Ary Nogueira, que já conhecia há anos. E ele me disse: ‘Estou te chamando porque nós não vamos renovar o seu contrato por falta de produtividade’. Tinha contratos emendados há 30 anos. Não sabia o que era ficar desempregada. Lembro de ir para o estacionamento do Projac e não sabia se infartava, se estava vivendo um pesadelo. Não sabia… Aquilo foi tão duro, tão duro. Uma porrada tão grande em mim. Não sei como sobrevivi.” (Sobre o fim do contrato com a Rede Globo)
 
Fiz Avenida Brasil (2012) como pessoa física e você tem um superdesconto, mas, aí, tem 13° salário, férias, plano de saúde, garantias. Levei 30 anos sem isso. Na hora que ele (Ary Nogueira) disse que não ia renovar o meu contrato, eu estava com 60 anos. Nunca vazei isso (…). As pessoas amigas diziam que tinha que processar, mas não quis. Concordei em fazer os contratos com firma, então, tinha que aguentar calada. Sou uma pessoa de caráter.”
(Sobre o motivo pelo qual não processou a emissora carioca)
Betty Faria: "É difícil, mas o exercício do perdão é uma maravilha. Ele a liberta."

Polar, Avenida Brasil
Foto: TV Globo/Divulgação

Foi uma década  muito dura. Acho que foi para depurar o meu espírito, porque acho que sou uma pessoa melhor hoje. Também ou você melhora ou vira uma peste. Me tornei uma pessoa melhor. Quem me prejudicou está perdoado. Quero falar sobre o perdão. É difícil, mas o exercício do perdão é uma maravilha. Ele a liberta. Perdoo todos os que me fizeram mal e me prejudicaram. E peço perdão a todos a quem fiz algum mal ou prejudiquei. Perdoar é uma delícia!” (Sobre os acontecimentos dos últimos anos)

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