Vera Fischer e seu cabelo enroladinho, em Brilhante e Tônia Carrero e o corte que ganhou o nome da novela, pigmaleão
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No fim de 1970, os salões de beleza de todo o país ficaram lotados por mulheres com um único desejo: um cabelo igualzinho ao de Cristina, personagem de Tônia Carrero na no- vela da Globo Pigmalião 70. Os fios loiros, que caíam em camadas na altura dos ombros, emoldurando o rosto, se tornaram febre e o nome da novela batizou o corte, conhecido até hoje como pigmaleão. Foi a primeira vez que o cabelo de uma personagem da teledramaturgia influenciou as ruas e virou tendência, para usar uma palavra muito recorrente na atualidade.
A partir daí, vários ”surtos” inspirados em personagens das novelas tomaram as brasileiras. Em
Dancin’Days (1978), um dos grandes sucessos da televisão, Júlia, personagem de Sonia Braga, teve não apenas suas roupas, mas também seu penteado (que ela usava para dançar na boate que dava nome à trama) copiado pelas garotas. O cabelo puxado para trás e preso em um pequeno coque recebia uma aplicação de gel com efeito molhado. Para finalizar, um (impensável para os dias de hoje) ”pega-rapaz” no meio da testa completava o visual. Ao som das Frenéticas, era assim que ela se divertia. Milhares copiaram seu estilo.
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Sonia Braga e o ”pega-rapaz” de Dancin’Days e o assimétrico de Marília Pêra em Brega & Chique
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Todas queriam ser Lídia Brondi
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Nos anos 1980, Vera Fischer foi responsável pela chama- da febre do permanente ao surgir com os cabelos curtís- simos e enrolados em
Brilhante (Globo), em um visual que surpreendeu muitos de cara, acostumados aos fios longos e levemente ondulados da ex-Miss Brasil. Anos mais tarde, em 1987, foi Marília Pêra e o look da ricaça Rafaela, uma dondoca que perdia toda a fortuna em
Brega & Chique, mas mantinha a fleuma, que levou milhares de mulheres aos cabeleireiros. Elas queriam o corte curto e assimétrico usado pela personagem. O cabelo de Rafaela era uma clara inspiração às cabeças criadas por Vidal Sassoon (1928-2012), o inglês que revolucionou os penteados nos anos 1960, crian- do uma mulher livre, que ”lava o cabelo e sai de casa”, mas ao mesmo tempo refinada. Nada, porém fez tanto sucesso na década de 1980 quanto o look de Lídia Brondi em
Vale Tudo (1988), no papel da jornalista Solange Duprat: ruivo, liso e com franjinha curta, que ela, muitas vezes, combinava com uma tiara ou faixa. Foi copiado à exaustão.
Lídia Brondi, a mais copiada nos anos 1980 e o loiro ”Leona”, superclaro, de Carolina Dieckmann em Cobras & Lagartos
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Mulheres modernas e poderosas
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No ano seguinte, em Pantanal, na extinta Rede Manchete, não foi a protagonista Juma (Cristiana Oliveira) e seus cabelos selvagens que se tornaram desejo das mulheres, mas o visual da moderninha Guta (Luciene Adami), com os fios curtinhos. Outra personagem com perfil libertário, Milena (vivida por Carolina Ferraz em Por Amor, Globo, 1997), também era adep- ta do look ”joãozinho”. Apesar de simples, o corte foi muito copiado. Os supercurtos fazem sucesso desde a personagem Nina, que Regina Duarte viveu na novela de mesmo nome em 1977. Apesar de ser uma trama de época – a história se passava nos anos 1920 -, o arrojo da personagem, uma professora ide- alista, levou muitas mulheres à optarem pelo corte, conhecido como à la garçonne (com jeito masculino).
Nem só de mocinhas se faz o panteão dos cabelos mais desejados na TV brasileira. Há muitas vilãs nele. No topo, provavelmente está Leona, a personagem perfídia de Carolina Dieckmann em Cobras & Lagartos. Seu loiro quase branco tornou-se febre nos salões em 2006. Para completar, ele era superliso, longo e com franjão quase nos olhos, um visual intimidador e poderoso. Mais recentemente, outra loira também movimentou os salões: Carminha, papel de Adriana Esteves em Avenida Brasil. Nos salões, as mulheres procuravam o ”loiro Carminha”, sem se importar com as maldades que ela fazia na tela.
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