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O drama da esquizofrenia

Saiba o que é e como se pode tratar a doença que tanto faz sofrer Tarso e Ademir

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 21 jan 2020, 08h45 - Publicado em 14 abr 2009, 21h00
Raquel Borges (/)
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Os personagens de Bruno Gagliasso e Sidney Santiago sofrem com a esquizofrenia
Foto: Divulgação/ Rede Globo

Colocar em pauta temas sociais e polêmicos é marca registrada de Gloria Perez em suas novelas. Ela já abordou dramas como o das crianças desaparecidas em Explode Coração (1995), clonagem e dependência química em O Clone (2001), deficiência visual e cleptomania em América (2005). Agora, com Tarso, personagem de Bruno Gagliasso em Caminho das Índias, a autora trata da esquizofrenia para jogar um pouco de luz sobre o sofrimento de milhares de brasileiros e seus familiares envolvidos com a situação. “As cenas são impactantes, um soco no estômago. O objetivo é acordar as pessoas para essa realidade”, enfatiza Bruno, que se esmera em sua interpretação de um atordoado portador da doença.
 
A esquizofrenia afeta a capacidade mental da pessoa de distinguir se as experiências vividas são ou não reais, explica o psiquiatra Rodrigo Bressan, coordenador do Programa de Esquizofrenia (Proesq) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O médico revela ainda que o indivíduo passa a ter delírios e alucinações. “Esses sintomas fazem com que ele se retraia e o deixa cada vez mais isolado da sociedade. Não há cura, mas o tratamento controla os sintomas e ajuda as pessoas afetadas a terem uma vida parecida com a de quem não sofre da enfermidade. Ou seja: elas podem trabalhar, namorar, ter amigos e se divertir”, explica o doutor Bressan.
 
Junto com Cecília Villares, presidente da Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Esquizofrenia (ABRE), e Jorge Cândido Assis, vice-presidente da Associação e portador da doença há 24 anos, o psiquiatra escreveu o livro Entre a Razão e a Ilusão – Desmistificando a Loucura, da Editora Segmento Farma.
 
Há 11 anos, Jorge ministra aulas e palestras e faz campanhas para tentar reduzir o preconceito que existe contra a enfermidade. Ele também ajudou Gloria Perez, a assistente dela, Giovana Manfred, e a atriz Marjorie Estiano a entender melhor a situação. Acompanhe aqui a entrevista exclusiva que Assis concedeu à tititi.

tititi – Afinal, o que é a esquizofrenia?
Jorge Cândido Assis – É uma doença decorrente de mudanças na maneira como o cérebro processa as informações. Normalmente, aparece entre o final da adolescência e o começo da vida adulta (entre 17 e 30 anos). Ela se caracteriza por:
a) dificuldade da pessoa doente de distinguir entre a realidade e as crenças incomuns que passa a ter; b) percepções dos sentidos sem que haja o estímulo externo, por exemplo, ouvir vozes quando ninguém está falando;
c) perda da energia física e problema para realizar tarefas que antes conseguia fazer sem grande esforço.

A quais sinais os familiares devem ficar atentos?
Há um período, que antecede o aparecimento da doença, que é marcado por perda de rendimento escolar ou no trabalho, ideias de perseguição, pensamentos ou interesses incomuns e sem base na realidade. Vale a pena ficar atento.

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De que forma se cuida da esquizofrenia?
O tratamento é feito por uma equipe formada por psiquiatra, psicólogo, terapeuta ocupacional, enfermeiro e assistente social. O médico psiquiatra (depois do diagnóstico) indica os remédios e acompanha o paciente, pois só ele conhece bem os efeitos da medicação, que, em geral, é controlada. 

Pintura, escultura, música… Na novela, o dr. Castanho (Stenio Garcia) usa tudo isso como terapia, não?
A arte em si não é um tratamento, e sim uma ferramenta para cuidar do doente durante a terapia ocupacional (pela arte ele se expressa, ou seja, dá voz às emoções que não consegue manifestar de outra forma). E o objetivo é estabelecer projetos com começo, meio e fim, e resgatar para a pessoa afetada o significado das atividades cotidianas.

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