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A morte de Shepard em Grey’s foi a melhor coisa para Ellen Pompeo

Em entrevista, a atriz falou sobre problemas nos bastidores da série e as diferenças salariais entre ela e Patrick Dempsey.

Por Lucas Castilho
Atualizado em 17 jan 2020, 10h06 - Publicado em 17 jan 2018, 17h54
 (Getty/Getty Images)
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“Grey’s Anatomy” é um dos dramas mais longos da TV: em meio a muito chororô, mortes (nossa, quantas!), alegrias e, óbvio, muuuito sucesso, a série está há incríveis 14 anos no ar. E, ó, ainda não tem previsão para acabar, não. Ellen Pompeo, interprete da amada Meredith Grey, que dá nome ao programa, acabou de assinar um contrato de mais dois anos com a ABC Studios, empresa responsável pelo seriado. Com isso, mesmo sem um anúncio oficial, pelo menos mais duas temporadas da atração estão quase garantidas.

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E, bem, não é só isso! Com o acordo, ela se torna a atriz com o maior salário da TV mundial – com ganhos em torno de 20 milhões de dólares por ano. A estrela passa a receber cerca de 575 mil dólares por episódio, participação nos lucros, além de alguns outros bônus. Ela também se torna oficialmente produtora de “Grey’s Anatomy” e produtora co-executiva do futuro spin-off sobre bombeiros da série.

Sem precedentes, o contrato é uma grande notícia para todas as mulheres no entretenimento – sempre recebendo menos do que os homens.

Em entrevista bastante esclarecedora ao “The Hollywood Reporter”, Ellen contou sobre a decisão de falar sobre dinheiro, algo raro no meio da fama, dos vários problemas nos bastidores de Grey’s, e de como a morte do parceiro dela de cena foi a melhor coisa que aconteceu para a carreira dela.

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A gente separou os melhores momentos.

Sobre a saída de Patrick Dempsey da série: 

“Para mim, Patrick [Dempsey] ter deixado a série [em 2015] foi um momento decisivo, em termos de contrato. Eles sempre poderiam usá-lo como vantagem contra mim – ‘Nós não precisamos de você; nós temos Patrick’ – algo que eles fizeram por anos. Eu não sei se eles faziam isso com ele também porque nós nunca falávamos sobre nossos acordos. Muitas vezes eu procurei ele para negociarmos valores juntos, mas ele nunca quis. Em certo momento, pedi cerca de 5 mil dólares a mais do que ele porque a série se chama Grey’s Anatomy e eu sou Meredith Grey. Eles não me pagaram. E eu poderia não ter renovado meu contrato, então por que eu não fiz isso? É a minha série; eu sou a número um. Tenho certeza que o que eu senti várias outras atrizes já sentiram: por que eu deveria desistir de um grande papel por causa de um cara? Você fica em conflito, mas aí para e pensa, ‘Eu não vou deixar um homem me tirar da minha própria casa.'”

Sobre a relação dela com Shonda Rhimes, criadora de Grey’s.

“Quando a Shonda começou a ganhar mais poder e ficar mais confortável com ele, por tabela, ela me empoderou. E isso demorou para acontecer. Fez parte da evolução dela. E é por causa disso que o nosso relacionamento é tão especial. Eu sempre fui leal a ela, e ela gosta disso, de lealdade. Então, chegou um momento no qual ela é tão poderosa que começa a ficar generosa e dividir esse poder. O que isso significa? Significa que ela me deixou ser a mulher mais bem-paga da televisão, me deixou ser produtora dessa série, me deixou ser uma co-produtora-executiva do spinoff, isso não tem precedentes”.

Sobre não ter vergonha de pedir mais dinheiro

“Bom, talvez seja minha criação católica, mas você nunca quer parecer muito gananciosa. Ou, talvez, seja por que eu sou mulher; esse é nosso problema; um cara jamais teria qualquer dúvida em pedir 600 mil dólares por episódio. E nós, como mulheres, ficamos, ‘Ai, será que eu posso pedir isso? Tudo bem será?’ Então, eu liguei para Shonda e perguntei, ‘Estou sendo gananciosa?” Mas a CAA [minha agência] me mostrou uma lista de estatísticas para mim, e Grey’s gerou cerca de 3 bilhões de dólares para a Disney. Quando o seu rosto e a sua voz são parte de algo que fez uma das maiores empresas do planeta lucrar 3 bilhões de dólares, você simplesmente pensa, ‘Ok, talvez eu mereça uma parte disso.'”

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Sobre assédios em Hollywood

“Nas últimas semanas, encontrei com várias atrizes [nessas reuniões da iniciativa Time’s Up]. Nós compartilhamos diversas histórias para tentar descobrir como conseguimos, de fato, mudar e usar nossas vozes para ajudar outras pessoas. E, olha, vou dizer, sentar numa sala cheia de vencedoras do Oscar e escutar como elas elas foram atacadas e assediadas é assustador. E isso só confirmou como meu caminho foi o mais certo para mim, porque eu decidi me empoderar financeiramente para nunca ter que me esquivar de predadores ou perseguir troféus. Não é para todo mundo, óbvio. Você precisa estar mais interessada em negócios do que em atuar”.

Sobre problemas nos bastidores de Grey’s

Eu não acho que seja um segredo que nós tivemos problemas reais nos bastidores de Grey’s por um bom tempo. Por fora, a gente era aquele sucesso absurdo, mas tinha todo esse tumulto rolando por dentro: toda essa rivalidade, um monte de competição. Começou com atores se comportando mal, e então os produtores permitindo esses comportamentos. E, a propósito, eu sou culpada também. Eu vi essas rodas enferrujadas conquistando toda a porra da graxa, então, fiquei tipo, ‘Ok, é isso que vocês fazem’, por isso me comportei mal. Eu imitei o que eu estava vendo. Não sou perfeita, sabe. Mas agora, eu escuto outras histórias sobre outras séries, talvez não da mesma extensão, mas o que acontece numa emissora de TV é que é um ambiente muito mundano, cheio de horas de trabalho, não é o local mais criativo do mundo, então os atores ficam frustrados e bravos. E existem esses problemas de comportamento porque eles se sentem miseráveis porque não são o Leonardo DeCaprio ou a Margot Robbie. Estes são os atores: Eles querem fazer tudo o que eles não estão fazendo. Você pode dar para eles a porra de um lindo sorvete de chocolate cheio de granulados e etc, mas eles vão dizer que querem o de morango”.

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