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Regina Casé retorna ao cinema em “Que Horas Ela Volta?”

O longa discute a questão da mãe que trabalha e deixa os filhos com a babá - só que, desta vez, pelo lado da doméstica. Confira a nossa entrevista exclusiva com a atriz

Por Isabella D'Ercole Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 27 out 2016, 19h14 - Publicado em 27 ago 2015, 09h38
Aline Arruda
Aline Arruda (/)
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Escrito e dirigido por Anna Muylaerte, Que Horas Ela Volta? foi aclamado pela crítica internacional e sua protagonista garantiu a Regina Casé o prêmio de melhor atriz no Festival Sundance de Cinema, nos Estados Unidos. Val deixa a filha em Pernambuco, vai para São Paulo e vira doméstica e babá de um menino da mesma idade da sua Jéssica. Anos depois, a garota chega à capital e faz a mãe questionar suas escolhas do passado. Com estreia brasileira marcada para o dia 28 deste mês, a apresentadora, 61 anos, conta sobre o impacto que a trama e a maternidade tiveram em sua vida. Regina é mãe de Benedita, 26 anos (do primeiro casamento, com o artista plástico Luiz Zerbini), e Roque, 2, adotado com Estevão Ciavatta, o atual marido, pouco antes de as gravações começarem.

O roteiro aborda o conflito da mãe que sai para trabalhar e deixa os filhos com a babá, só que pela visão da doméstica. Como foi interpretar essa personagem?

Durante a vida, estive em algumas posições do filme: fui a mãe, o filho, a amiga da Val. Além disso, minha filha, Benedita, teve a mesma babá desde pequena até os 18 anos: Ana Maria, que saiu do Maranhão para trabalhar no Rio. Um dia, descobri que ela havia deixado lá um filho da mesma idade da minha. Não poderia conviver com aquilo passivamente. Então, eu e meu marido trouxemos Carlos Henrique para cá. Hoje, aos 26 anos, ele é fotógrafo e viaja o mundo. Foi a nossa maneira de romper o ciclo, mas sei que isso é incomum mesmo agora. Mostrar essa situação no filme é um estímulo para que as pessoas possibilitem uma mudança.

O filme fez você repensar a maternidade também?

Mudei como mãe porque os tempos são outros, mas, com meus horários de gravação, não tenho como não contar com uma babá. Na verdade, até a arrumadeira que trabalha em casa contratou uma babá para o filho dela. Eu tenho duas que se revezam. Com a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) das Domésticas, as condições de trabalho são mais justas. Antes, via pessoas se sujeitando a muitas coisas para garantir um emprego. Ter um cubículo na casa da patroa era melhor do que passar fome. Hoje, os filhos delas estão se formando na universidade. Mas ainda temos muito a melhorar.

O Roque chegou quando a Benedita tinha 24 anos. Como foi viver a maternidade aos 35 e perto dos 60?

Com a Benedita, eu vivia apavorada, queria seguir todos os conselhos que me davam: “Tem que comer isso, ferva aquilo, coa o outro”. Virei superprotetora e Benedita sofreu. Hoje, estou mais tranquila, o que se reflete no Roque. Minha cabeça é meu guia.

Achou difícil começar tudo de novo?

Brinco que é melhor do que plástica para rejuvenescer. Ontem passei o dia no pula-pula. Se não fosse pelo meu filho, com certeza não faria isso.

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Como você espera que o longa seja recebido no Brasil?

O filme fala de muitas formas de poder e acho que o brasileiro vai saborear por ser uma realidade nossa. Mas uma coisa é certa: todos vão sair tocados.

 

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