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Primeiro assédio: caso Valentina abre discussão sobre pedofilia e assédio sexual

Mensagens com teor sexual direcionadas à participante de 12 anos do MasterChef Júnior geram debate sobre assédio sexual contra meninas

Por Ligia Helena
Atualizado em 11 abr 2024, 18h17 - Publicado em 22 out 2015, 07h44
Carol Gherardi/TV Band (/)
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A estreia do programa MasterChef Júnior, que reúne crianças de 9 a 13 anos cozinhando “que nem gente grande”, foi marcada não pelos pratos feitos pelos participantes. O reality, que sempre tem muita repercussão na internet, dessa vez ganhou imensa repercussão devido aos comentários com teor sexual direcionados a uma das participantes, Valentina, de 12 anos.

Reprodução / Facebook Comentários Irracionais
Reprodução / Facebook Comentários Irracionais ()

Reprodução / Facebook Comentários Irracionais
Reprodução / Facebook Comentários Irracionais ()

Depois de expostos na rede pela jornalista Carol Patrocínio, no artigo “Quando uma menina de 12 anos no MasterChef Júnior desperta o desejo de homens adultos precisamos falar sobre a cultura do estupro”, os tweets foram apagados. Mas não podem nem devem ser ignorados.

É proibido por lei ter relações sexuais com crianças. Ponto. Está no código penal, é crime ter relações sexuais ou cometer ato libidinoso com criança ou adolescente menor de 14 anos. Ato libidinoso é todo ato de satisfação do desejo ou apetite sexual de alguém. E, sim, algumas das mensagens publicadas no Twitter podem ser consideradas criminosas.

Motivadas pela discussão a respeito dos comentários sobre Valentina, mulheres começaram a contar no Twitter sobre as primeiras vezes que foram assediadas. E é comum encontrar histórias de mulheres que sofreram seus primeiros assédios aos 7, 8, 9 anos. Mas o fato de ser comum não faz, nem pode fazer isso ser normal. 

 

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A discussão chegou ao Facebook, onde mais mulheres compartilharam suas histórias, convidadas pela fundadora do Think Olga, Juliana de Faria, criadora da campanha Chega de Fiu Fiu e uma das finalistas do mais recente Prêmio CLAUDIA.

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(TW)Quando contei, na minha palestra no TEDxSãoPaulo, que fui assediada pela primeira vez aos 11 anos de idade, os “…

Posted by Think Olga on Quarta, 21 de outubro de 2015

O fato é que esse tipo de assédio a crianças e adolescentes é muito mais comum do que se imagina, especialmente com meninas. Quase todas as mulheres têm uma história dessas para contar – e é tão comum que esse tipo de relato não surpreende nenhuma mulher.

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Diante disso tudo, é normal se perguntar se há algo a ser feito, e uma reação comum é dizer que precisamos ensinar nossas meninas a se proteger e se defender. Mas que injustiça é afirmar que a responsabilidade por não ser assediada é da vítima, e não do assediador. Crianças são crianças, e é cruel que elas tenham de ter esse tipo de preocupação desde tão novas. Os assédios não devem ser vistos como algo corriqueiro: quem assedia tem de ser punido, e para que isso não aconteça nas próximas gerações, é preciso ensinar aos meninos que isso é errado. 

O Think Olga elaborou, em conjunto com a Defensoria Pública do Estado de São Paulo, uma cartilha sobre assédio sexual – o que é, as consequências, por que devemos denunciar e, especialmente, como e onde podemos denunciar. Se você sofrer assédio, procure a Delegacia da Defesa da Mulher de sua cidade. 

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