Campanha mostra os absurdos ouvidos por quem sofreu violência sexual
"Se nós falássemos de roubo como falamos de estupro, soaria ridículo assim": com esse ideia, um site americano tentou explicitar como o estupro é banalizado e naturalizado
As vítimas de estupro são constantemente culpabilizadas pelo crime. Achou absurdo? Pois é. É comum que uma mulher violentada ouça que “Estava se oferecendo”, “Estava pedindo com essa saia curta” ou que “Bebeu demais e deu nisso” – inclusive quando tentam tomar medidas legais a respeito.
Mas já imaginou como soaria ridículo associar os mesmos comentários a outros crimes, como o de roubo? Essa foi a proposta do Caitlin Kelly, da revista New Yorker, que reuniu tweets brilhantes sobre os palpites cruéis, aplicados a um caso de furto de carteira, para explicitar o quanto é absurdo culpar a vítima.
“As pessoas mentem sobre perda de carteiras o tempo todo. Você deve ter deixado cair e agora está se sentindo mal.”
“Você tem certeza de que não DEU a sua carteira e agora está sem graça? Talvez tenha sido apenas um mal entendido.”
“Você sabe, tem outras formas de dar dinheiro às pessoas sem deixar que roubem a sua carteira. Você já pensou nisso?”
O resultado demonstra o que já sabemos: nossas mulheres são muito desrespeitadas após sofrer violência sexual. Milhares de desculpas esfarrapadas, que têm suas raízes na nossa sociedade machista e patriarcal, tentam banalizar ou ignorar o quão grave e traumático é passar por isso.
A jornalista Juliana Faria, candidata ao Prêmio CLAUDIA na categoria “Trabalho Social”, traduziu e ilustrou o projeto: