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Adeus, poupança, olá, título de renda fixa

Em um ambiente de incertezas, fazer a troca pode ser a melhor forma de evitar prejuízos

Por Paola Carvalho, com oferecimento de BTG Pactual
Atualizado em 24 ago 2022, 16h27 - Publicado em 12 ago 2022, 08h14

Se você é daquelas que deixa o dinheiro, ou parte dele, na poupança, seja por segurança ou praticidade, pode ser a hora certa para dedicar mais tempo a entender as mudanças no cenário econômico e se movimentar para não sofrer prejuízos. O rendimento, atualmente, perde para o avanço da inflação e isso é um alerta estrondoso. De acordo com a Calculadora do Cidadão, do Banco Central, quem aplicou R$ 1.000,00 no primeiro dia de 2022 fechou o primeiro semestre com R$ 1.029,15, um rendimento de 2,91%. No mesmo período, ainda conforme cálculo da ferramenta, o mesmo dinheiro corrigido apenas pela inflação seria de R$ 1.054,87 (5,48%). Imagina em outras proporções?

A caderneta de poupança, aplicação mais tradicional dos brasileiros, é o investimento preferido das mulheres, segundo pesquisa divulgada em julho pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Elas tendem a ser conservadoras e evitam o risco: 83% escolhem a poupança na hora de investir, contra 68% dos homens. Por isso, o superintendente da entidade, Marcelo Billi, defende a educação financeira. Para ele, com mais conhecimento é possível uma maior diversificação da carteira de investimentos.

Quem hoje pode investir algum recurso encontra, como alternativa à poupança, títulos de renda fixa que oferecem certa previsibilidade na rentabilidade das aplicações, com taxas e prazos definidos no ato da contratação. Sim, existe uma gama de títulos. Precisamos, porém, entender o básico para tomar uma boa decisão.

Encontramos no mercado os títulos emitidos por instituições financeiras e os títulos emitidos por empresas. Quando falamos sobre os emitidos por instituições financeiras, podemos citar os mais representativos: o CDB (Certificado de Depósito Bancário), a LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e a LCA (Letra de Crédito do Agronegócio). Já em relação aos emitidos por empresas, temos as debêntures e os Certificados de Recebíveis (CRI e CRA).

Os títulos costumam ter três tipos de rentabilidade: pós-fixada, pré-fixada com taxa definida no momento do investimento, ou pré-fixada atrelada à inflação. Mas temos um ponto de atenção: ao contrário da poupança e de alguns títulos específicos, há cobrança de Imposto de Renda sobre a rentabilidade do investimento, o que reduz o ganho da operação. O IR pode variar entre 22,5% e 15%, dependendo do período entre 0 e 720 dias. Além disso, vale prever a Alíquota IOF, quando o resgate for inferior a 30 dias. Na hora de se planejar, além desses cuidados, é importante fazer um exercício de análise de variáveis, que passa por você refletir para estabelecer o seu perfil de investidora (conservadora, moderada ou arrojada), as garantias em relação ao investimento pretendido, o prazo e a liquidez dele. Dessa forma, alinhada as expectativas pessoais com a sua tolerância ao risco, você chegará ao título mais adequado para compor a sua carteira.

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Não há dúvidas de que é a vez da renda fixa, mesmo que se mantenha a máxima de “não colocar todos os ovos em uma mesma cesta”. É bem possível que seus títulos ainda tenham pela frente um longo período de bonança, garantindo um investimento seguro e com mais rentabilidade do que a poupança. Estamos vivendo um ambiente de incertezas, com volatilidade atrelada ao cenário eleitoral e às crises internacionais. Mesmo com um quadro positivo, a expectativa do mercado em relação à taxa básica de juros, a Selic, por exemplo, é de início de queda apenas na segunda metade de 2023. É preciso acompanhar de perto.

Já há uma legião de investidores transferindo seus recursos da poupança para outros fins. O Banco Central informou, em julho, que os saques na caderneta superaram os depósitos em R$ 50 bilhões no primeiro semestre de 2022 — o maior montante da série histórica, iniciada em 1995. Os saques somaram R$ 1,808 trilhão e os depósitos, R$ 1,758 trilhão.

Por um lado, a significativa saída de recursos da poupança neste ano coincide com a alta da inflação, ou seja, com o aumento dos preços corroendo nosso poder de compra. Para conseguir consumir e pagar contas, ou mesmo dívidas, é preciso recorrer ao dinheiro depositado na poupança. A situação econômica da maioria dos brasileiros é sofrível, tendo em vista estimativa de que mais de 70% da população está endividada.

Outro fator que ajuda a explicar a retirada de recursos da poupança é a alta da Selic, que está em 13,25% ao ano. Após 11 aumentos consecutivos pelo Comitê de Política Monetária (Copom), é o maior percentual desde dezembro de 2016. O Comitê, segundo o Relatório Focus, antevê um novo ajuste, “de igual ou menor magnitude”, ou seja, mais 0,5 ponto percentual. Enquanto isso, a poupança segue com o rendimento travado em 6,17% ao ano + a Taxa Referencial. A TR é uma média ponderada dos juros diários cobrados pelos certificados de depósitos bancários (CDBs) das 30 principais instituições financeiras do país.

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Isso porque o rendimento da poupança é calculado assim: quando a Selic é maior que 8,5% ao ano, o rendimento será de 0,5% ao mês, somada à TR; e quando for menor que 8,5%, o rendimento será de 70% da Selic, somada à TR, que fechou junho em 0,16%. Ter dinheiro na poupança é hoje um privilégio e também uma oportunidade àquelas que têm condições de entender as mudanças na economia para fortalecer o seu próprio capital.

Paola colunista de CLAUDIA
(|Ilustração: Luíza Paternez/CLAUDIA)

*Eu sou Paola Carvalho, jornalista que cobre economia desde 2004, especializada em consultoria de investimentos financeiros e vencedora de prêmios de jornalismo por instituições do mercado financeiro.

Mais do que isso, que enquanto criança preferia brincar de banco em vez de Barbie, que fez um plano de previdência privada aos 18 anos e pagou o casamento com rendimentos de suas ações na bolsa de valores.

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