O dia em que a casa encontrou sua família
Ela foi construída nos anos 1950, em uma rua tranquila da capital paulista. Mantida em boas condições ao longo do tempo, sentia falta apenas de um je ne sais quoi. As coisas começaram a mudar com a chegada de uma moça francesa, um rapaz brasileiro, duas garotinhas e um pet com nome de estilista. O casal tratou de remodelar, arejar, pintar e decorar – tudo para trazer à tona o potencial que enxergou no imóvel. O resultado? Magnifique!
Mero acaso ou manobra do destino? Parisiense radicada em São Paulo, a professora de francês Eve Simonnet tem sua explicação para as pequenas coincidências que cercam o sobrado em que mora com o marido, o designer brasiliense Tiago Taborda, as filhas do casal, Cassie e Clara, e a cachorrinha, Coco Chanel. Quando ela e a família tiveram de sair do apartamento que alugavam, encontraram logo de cara o imóvel de generosos 130 m², na medida do orçamento de que dispunham e, ainda por cima, localizado em uma acolhedora vizinhança, pertinho da escola das crianças. Na hora de assinar o contrato e oficializar a compra, mais uma surpresa agradável: o ex-proprietário era um conterrâneo francês. “Parece até que ela foi feita para ser nossa”, sorri Eve.
Ajustes nos dois pisos
❚ O lavabo (1) que ficava no térreo foi demolido para que a cozinha fosse ampliada. “Pensamos que seria ruim não tê-lo, mas nunca sentimos falta”, afirma Tiago.
❚ Sem esse cômodo, a passagem para a sala (2), que antes dava para o cantinho sob a escada, pôde ser centralizada, favorecendo a entrada de luz natural.
❚ No andar superior, o único banheiro existente foi convertido em dois (3).
Raios de sol e ótimas ideias banham a sala e a cozinha
❚ Um aspecto negativo que Eve percebeu assim que entrou na casa foi a falta de luz natural no térreo. Para sanar o problema, aberturas foram feitas ou aumentadas, sob a supervisão do engenheiro Shinji Miyaki, da Emecil. A janela da sala, por exemplo, deu lugar a uma ampla porta envidraçada, enquanto a lateral da escada foi rasgada e guarnecida com uma teia de fios de aço, originalmente destinados à instalação de cortinas.
❚ Embora tenha ajudado a preservar o piso de madeira do estar e do jantar, o carpete foi removido. Descobertos, os tacos de ipê passaram pelos cuidados de um restaurador (Luis dos Santos).
❚ Com o local mais claro, o casal apostou em tinta acrílica roxa para uma das paredes (Flor Amor- Perfeito, ref. P090, da Suvinil. Tintas MC).
❚ Na cozinha, o pequeno vitrô foi trocado por um janelão (2 x 1 m), pintado de vermelho com esmalte sintético. A iluminação conquistou reforço com três pendentes, fixados em um perfilado metálico (Real Perfil), que ainda traz lâmpadas tubulares embutidas.
❚ A sobra da tinta vermelha foi aproveitada na reforma de um armário antigo. Ao ganhar vidro na porta e mais prateleiras, ele se tornou uma cristaleira.
Na área externa, a natureza toma conta
❚ Não é apenas para garantir mais luz que a nova porta foi aberta na sala – ela também oferece uma reconfortante vista do recém-criado jardim. Do lado de fora, diante da passagem, foi montado um pequeno pergolado com sobras das vigas de peroba que sustentavam o telhado da garagem. A estrutura passou a apoiar sapatinho-de-judia, espécie que gosta de sol intenso e proporciona uma bela cortina verde.
❚ O corredor externo recebeu vasos com cactos e um canteiro, também erguido com materiais reaproveitados, no qual foram plantados exemplares de alpínia (com flores vermelhas). “É uma herbácea que cresce bastante e chega a 2 m”, diz a paisagista Janaína Nemes, da Vidaverde, responsável pelo projeto.
❚ Tirando proveito do espaço, a profissional escolheu, ainda, algumas trepadeiras a fim de conquistar o visual bagunçado que Eve havia pedido. “Não queria um jardim arrumadinho, gosto desse aspecto mais natural”, justifica.
❚ Para fazer a forração, a eleita foi a gramaamendoim – ao crescer, ela protege as paredes dos respingos de barro na hora da rega ou da chuva.
❚ Em frente à lavanderia, um segundo canteiro recebeu mais plantas, além da hortinha da francesa, que gosta de ter manjericão, alecrim e outras ervas frescas à mão.
Grande sacada: espaço pouco usado virou área extra no quarto
❚ “O terracinho era estreito, com pouco mais de 1 m, e não tinha muita serventia, só acumulava poeira. Então, Eve sugeriu que o fechássemos”, conta Tiago. Com isso, o dormitório do casal cresceu preciosos centímetros, aproveitados com a instalação de prateleiras e a criação de uma minibiblioteca.
❚ A fachada ganhou cara nova. A parte superior, agora ligeiramente avançada, foi pintada de um tom azul inventado pelos moradores, que misturaram pigmento preto à cor Maré Cheia, ref. E067, da Suvinil. A inferior foi descascada, deixando os tijolos à vista. “O engenheiro nos disse que a construção toda é assim e fez pequenas amostras para que víssemos como seria o resultado em cada ambiente”, diz o morador. O mesmo recurso acabou sendo usado também na sala de estar.
❚ O telhado da garagem foi retirado para deixar passagem livre para a luz do sol. Em contrapartida, instalou-se um portão de aço, basculante e manual (5 x 2,20 m – modelo similar: NP 34, New Port).
❚ Os caquinhos vermelhos do piso foram mantidos. Canteiros e vasos de planta conferem charme à entrada. Um estrado de cama sem uso virou jardineira suspensa.
Cores para as crianças
❚ Nos quartos das meninas, uma parede tingida fez a diferença: no de Cassie, azul intenso (ref. P079); no de Clara, rosa suave (ref. Z024), ambos tons da Suvinil (Tintas MC).
❚ Quase todos os móveis vieram com a mudança. As exceções ficam por conta da cama e do criado-mudo azul no dormitório de Clara – eles foram comprados a preço simbólico de um amigo de Tiago.