Calendário para mudar sem estresse
O cachorro pode até ficar perdido no dia da mudança (como diz a famosa expressão), mas você não pode se dar ao luxo de não saber o que fazer nessa hora. É possível trocar de endereço sem corre-corre nem enxaqueca - o prazo ideal para começar a se organizar é 30 dias antes. Essa é também a chance perfeita para se desfazer de roupas e objetos que estão ociosos em casa. "Convoque a família e a envolva nesse processo de seleção e descarte", recomenda Ana Afonso, consultora de organização pessoal, de São Paulo.
A seguir, sugerimos uma programação de tarefas indispensáveis, que se inicia um mês antes da data da mudança. Alguns dos afazeres são resolvidos em um único dia. Outros exigem uma ou duas semanas, por exemplo. Portanto, organize-se para dar conta de tudo.
30 dias antes de mudar
Solicite a troca de endereço das assinaturas de revistas mensais. Esse período é o tempo sugerido para não ter problemas com a entrega depois. Para as publicações da Editora Abril, faça login no site www.abrilsac.com.br e clique em “Alterar meus endereços”.
29 dias
Meça os móveis e eletrodomésticos que levará para a futura residência. Geladeiras de duas portas e fogões podem ser parcialmente desmontados (removendo portas ou alguma outra parte), assim como alguns sofás, mesas e armários – veja se é o caso dos seus.
28 dias
Tire as medidas do novo endereço para checar se suas coisas caberão. Meça, também, portas externas e internas, elevadores, corredores e o caminho que os itens farão até chegar onde precisam. Preste atenção no peso máximo que o elevador comporta. Algumas empresas de transporte fazem esse tipo de vistoria em ambos os imóveis antes de orçarem a mudança.
27 dias
Comece a “operação descarte”: livre-se de tudo o que deixou de ser necessário. Antes de abrir a tampa do lixo, porém, considere algumas opções:
º Faça um bazar com as coisas velhas.
º Leve os móveis para lojas de usados. Livros e revistas podem ser vendidos ou doados a sebos.
º Anuncie em classificados ou sites de venda de produtos (como o Mercado Livre) – é bom lembrar que a transação pode demorar.
º Doe o que puder. Há entidades que até retiram os itens em sua casa, como o Exército de Salvação (atua na Grande São Paulo e no Rio de Janeiro), a Unibes e o Projeto Felicidade (ambas de São Paulo), o Lar Santo Antônio dos Excepcionais (Porto Alegre) e a Rede Solidária (Curitiba). Peças com defeito costumam ser aceitas, mas como isso não é regra, informe qual é a condição do produto para ver se há interesse.
º Se, depois de tudo isso, ainda sobrarem itens recicláveis (de plástico, vidro, metal ou papel), procure um posto de coleta seletiva.
º Computadores, eletroportáteis, caixas de som e outros aparelhos precisam ser descartados em locais específicos para lixo eletrônico. Se você mora em São Paulo, procure os postos mais próximos no site E-lixo Maps (www.e-lixo.org), do Instituto Sergio Motta. O site é uma iniciativa pioneira e colaborativa, que depende dos usuários para cadastrar os endereços. Por enquanto, apenas os paulistas se animaram – alô, alô, Brasil, vamos dar uma força?
25 dias
Inicia-se a “operação melhoria no novo imóvel”: já que ele está vazio, é hora de dedetizar, pintar e fazer faxina pesada. As instalações hidráulicas e elétricas merecem revisão. Em edifícios, converse com os vizinhos e o zelador para saber sobre possíveis vazamentos envolvendo seu apartamento. Se a medição de água for individual, feche todas as torneiras e observe se o relógio registra escapes. Um eletricista pode avaliar a fiação e o quadro de força, além de providenciar mais tomadas, em caso de necessidade. Se você for inquilino, deve receber o imóvel já pintado – a não ser que o contrato mencione algo em contrário – e com as instalações em condições de uso, por isso vale pedir uma vistoria antes da assinatura. Caso seja preciso algum reparo, cabe ao proprietário executá-lo. Depois disso, você só poderá fazer intervenções, ainda que para melhor, com a autorização dele.
18 dias
Fim da “operação descarte” e começo do empacotamento e do encaixotamento, que podem levar dias. A consultora de organização pessoal Ana Afonso sugere iniciar pelas roupas da próxima temporada – se for verão, guarde as peças de inverno – e por itens de uso esporádico. Depois, empacote cômodo por cômodo, sem afobação.
Para as roupas de prateleiras e gavetas, Ana recomenda colocá-las em malas. As que estiverem penduradas têm outro fim: “Elas permanecem nos cabides. É só retirá-los todos de uma vez do varão e envolvê-los em plástico ou manta para que as roupas não sujem”. O transporte pode ser feito em caixas grandes e mais altas, conhecidas como porta-roupas (compre-as ou veja se a transportadora dispõe de algumas), ou até no porta-malas do carro, desde que ele esteja forrado. Empresas que oferecem serviço completo de empacotamento usam araras com rodízios para fazer a mudança.
Evite o “efeito Kinder Ovo” (ter surpresas na hora de abrir as caixas) anotando em pelo menos duas laterais da caixa o que colocou dentro dela. Quem preferir um controle mais rigoroso deve lançar mão de etiquetas numeradas e registrar em um caderno os detalhes do que foi encaixotado. E, quando o conteúdo for frágil, lembre-se de mencionar isso na embalagem e indicar o lado certo de abertura.
17 dias
Se precisar comprar eletrodomésticos ou outros itens, este é o momento! Agende a entrega no novo endereço, evitando aumentar o custo da mudança. Certifique-se de que haverá alguém para receber a encomenda (o porteiro, você ou alguém próximo).
15 dias
Verifique se existem restrições para o caminhão de mudança sair do endereço atual e chegar ao novo – feira livre em qualquer uma das duas ruas, horários específicos para a mudança, restrição ao trânsito na cidade etc. No caso de prédios, agende a mudança com o zelador ou com o síndico.
14 dias
Hora de orçar entre três e seis transportadoras. Algumas empacotam e desempacotam suas coisas, porém cobram até 150% mais que um carreto simples, segundo Jaqueline de Andrade, da Translar, de São Paulo. Há empresas que pedem uma visita para ver o porte da mudança e as condições de elevador e escada.
13 dias
Altere seu endereço na assinatura de jornais.
11 dias
Atualize seu cadastro junto às companhias de energia, gás e telefonia, e agende a instalação desses serviços no futuro endereço.
10 dias
Defina onde seus filhos ficarão no dia da mudança: algum parente ou amigo pode cuidar dos pequenos enquanto o caminhão vai se enchendo. Se houver a oportunidade de as crianças passarem a noite fora, melhor ainda. Caso você tenha animais de estimação, lembre-se de encontrar um refúgio também para eles.
8 dias
Esse é o prazo limite para comparar orçamentos e fechar com uma empresa de mudanças.
7 dias
Suspenda as compras de alimentos e mantenha apenas o que será consumido na semana.
4 dias
Último prazo para instalar gás, TV por assinatura e internet, entre outros serviços, no futuro endereço. Coloque as lâmpadas.
3 dias
Faxina geral no novo imóvel.
2 dias
Prepare uma mochila com algumas trocas de roupa, pijama e toalhas para cada integrante da família, como se fosse para uma viagem curta. Acrescente xampu, pasta de dente e outros produtos de higiene pessoal, além de itens básicos de cozinha, a exemplo do pano de prato. Como existe o risco de faltar tempo para desempacotar tudo nos primeiros dias, é importante ter o essencial à mão.
1 dia
Desligamento e limpeza da geladeira.
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Troca de escola
Você tem filhos pequenos? Então pense que o momento da mudança talvez precise ser condicionado à troca de escola. Nem todas as instituições de ensino aceitam transferências de alunos em qualquer momento – o mais comum é que isso ocorra no início ou no meio do ano. “O ideal é que, ao menos 45 dias antes da data em que se pretende mudar, você pesquise escolas perto do futuro endereço e identifique aquela que atende às expectativas da família”, aconselha a consultora Ana Afonso.
Contas em ordem
Um morador que deixe de pagar a água, a energia e o gás do endereço de onde estiver saindo pode se dar mal, pois a dívida fica atrelada a seu CPF, segundo a advogada Vivianne Pielak, do Procon-PR. Isso significa que os serviços no imóvel de destino registrados no mesmo nome só serão ligados quando houver a quitação. Débitos do ocupante anterior não podem ser transferidos para o atual. “Em um caso assim, se a prestadora se negar a atender o novo cliente, cabe uma ação judicial”, avisa a advogada.
Kit prático de empacotamento
º Recolha caixas em supermercados ou compre-as em lojas de embalagens – pense no porte de seus pertences para escolher unidades de tamanhos variados. Se adquirir tudo junto, pode conseguir preço de atacado.
º Feche as caixas com fita-crepe ou fita adesiva. A primeira, com pelo menos 15 mm de largura, serve para embalagens leves, mas nem sempre adere firmemente, podendo soltar no transporte. A fita adesiva transparente ou marrom, de 48 mm, é uma alternativa melhor. Também reforce o fundo com ela e preste atenção para não colocar itens pesados (como livros) em excesso dentro das caixas. Ao finalizar cada uma, levante-a devagar e veja se está firme.
º Jornal velho é a saída mais popular para embalar objetos frágeis. Porém, o plástico-bolha protege melhor e não solta tinta, como lembra Ana Afonso – o ponto negativo é seu preço. Se for muito caro, considere o rolo de papel, também à venda em lojas de embalagens.
Seguro residencial
Você pode transferir a apólice de um imóvel para outro, mas o novo endereço tem de ser avaliado e as principais cláusulas do contrato são alteradas. “Não deixe o seguro no nome do ocupante anterior pois, se ocorrer um incidente, os dados na apólice não baterão com os do morador atual”, diz João Bosco B. da Luz, assessor jurídico da Associação dos Mutuários de São Paulo e Adjacências (AMSPA).
Só pela janela!
Encha o vendedor de perguntas antes de comprar um móvel. É assim que age a designer paulistana Samira Cardoso após ter adquirido um rack de 2,40 m de extensão, que não desmontava nem cabia no elevador de seu prédio. Fatos que ela descobriu quando a peça chegou a seu endereço novo. “As letras miúdas do contrato diziam que os entregadores não levariam o móvel pelas escadas”, conta Samira, que discutiu com o vendedor por telefone e ainda perdeu um dia de trabalho por causa do problema. Com pena de chamar alguém para transportar o pesado rack pela escada, ela mandou içá-lo por fora do edifício até que alcançasse a janela da sala, no 12º andar. O preço desse serviço varia conforme o peso do item e o andar.
Casa nova com as mesmas prestadoras?
As atuais fornecedoras de TV e internet podem não atender sua futura região e, nesse caso, são proibidas de cobrar multa por quebra de contrato, segundo a advogada Vivianne Pielak, do Procon-PR. Na telefonia fixa, é possível trocar de endereço e preservar o número, desde que o DDD seja o mesmo. Peça à operadora para agendar habilitação e realizar a portabilidade, que tem prazo de três dias úteis, conforme as regras da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Admite-se uma transição de até duas horas sem o funcionamento da linha. A questão da fidelidade muda em relação a celulares subsidiados por contratos de um ano com as operadoras. Quando o DDD se mantém, tudo fica igual. Caso se altere, complica, pois as empresas têm condições diferentes para cada região. O cliente cancelando o plano, a operadora cobra pelo aparelho um valor proporcional ao tempo restante de contrato: se o subsídio foi de R$ 1 mil e faltarem seis meses, você pagará R$ 500. Não há portabilidade numérica para trocas de DDD.
Agora, só por indicação
Em 2009, o professor de educação física Alexandre Lapuch mudou de Osasco para Taboão da Serra, cidades da Grande São Paulo. Sem nenhuma indicação, escolheu um carreto desconhecido e combinou que o motorista carregaria e descarregaria o caminhão, tarefa que exigia o pagamento de mais um ajudante. No dia da mudança, porém, o funcionário extra não apareceu e o trabalho pesado sobrou para Alexandre, sua mulher e o cunhado. No fim do trabalho, o carreteiro tentou cobrar o preço cheio: “Deu a maior confusão, mas aprendi o ensinamento e agora só contrato quem me recomendam”, diz o professor, que acabou pagando um valor entre o que achava justo e aquilo que o prestador de serviço desejava.
Jardim a tiracolo
Leve as plantas dentro do carro. Se tiver espécies maiores, em vasos grandes, transporte-as fora do recipiente e da terra, conforme orienta Roberto Moraes, gerente comercial da Granero. Não é recomendado o carreto por caminhão, principalmente quando se vai de uma cidade para outra. “As plantas não resistem a viagens de média e longa distância e não têm cobertura de seguro.”
Mudei. E agora?
De vez em quando, confira se não há correspondências chegando a seu antigo endereço. Mas saiba que é sua obrigação notificar a mudança a determinados órgãos e empresas.
º Caixa Econômica Federal – caso trabalhe pelo regime de CLT e receba extratos de FGTS
º Detran – é preciso atualizar o endereço da habilitação, de modo que multas e impostos sigam para o lugar certo
º Lojas em que se tem crediário ou débitos
º Bancos dos quais é cliente
º Administradoras de cartão de crédito
Segundo Vivianne Pielak, caso você tenha feito tudo certo e, ainda assim, contas e multas continuem indo para sua antiga casa, ligue e peça um novo boleto, com prazo alongado e sem multa. Para se resguardar de problemas, anote os protocolos dos informes de alteração de endereço.
Fontes: Ana Afonso Organizer / Abril Assinaturas / AMSPA / Granero / Nova Mundial Mudanças / Procon-PR / Translar